Review – Skull and Bones

Seja um pirata e fique possivelmente frustrado com isso

Em 2017, foi anunciado pela primeira vez um jogo que seria derivado da jogabilidade de barco e pirataria de Assassin’s Creed: Black Flag (2013), Skull and Bones. Após anos de problemas de desenvolvimento e constantes adiamentos, um game que deveria trazer uma divertida experiência singleplayer se tornou em uma bagunça online.

Agora, com seu lançamento finalmente em 2024, desenvolvido pela Ubisoft Singapore, Skull and Bones se revelou ser um grande RPG cooperativo de navio (necessário estar constantemente conectado), com ótimas ideias, mas mal aplicadas, junto de certos problemas que estragam a experiência como um todo.

Esculhambo(nes)

Skull and Bones até funciona bem como RPG. Você tem o seu pirata que sobreviveu a um grande ataque de uma frota inimiga e agora, como capitão do seu próprio navio, seu objetivo final será dominar o Oceano Índico durante a Era de Ouro da Pirataria. Devo dizer que a história não é seu ponto forte, com missões e diálogos genéricos, no qual suas escolhas não afetam em nada, somente para receber, realizar e concluir.

O início pode ser complicado e um pouco arrastado. Com barcos mais simples, sua velocidade deixa um pouco a desejar, e quanto mais se avançar nas missões principais melhores equipamentos são adquiridos, assim como novos navios. As secundárias valem para ganhar dinheiro, alguns itens – especialmente diagramas – e infâmia. É possível que você canse de navegar no início (olha a imersão). É possível usar a Viagem Rápida, mas saiba que é pago.

Diferente de RPGs mais tradicionais, o nível é calculado no poder do seu navio e não do personagem. A infâmia do capitão limita apenas a aquisição de novas missões e diagramas, estes que servem para desbloquear diferentes tipos de canhões, armamentos e blindagem para o seu navio. Quanto melhor esses equipamentos, maior o nível de força como um todo. Vale mencionar que há diferença entre cada navio, com arquétipos de Tank, DPS e Suporte. Sim, existe canhões que curam navios aliados.

Gaste o seu dinheiro suado com cosméticos e navios

Dentro desse universo há quatro diferentes facções, cada uma com capitais e povoados, ao longo de rotas comerciais de mercadorias específicas. Além desta, existem três megacorporações que dominam grande parte dos mares e possuem fortes enormes. Tudo isso para você não só saquear e pilhar, mas também comercializar pacificamente e obter lucros sobre produtos comprados ou roubados.

Há diversas maneiras de obter infâmia e dinheiro, recursos principais para o início do jogo. Seja nas missões tradicionais, eventos que aparecem de tempo em tempo, quadro de missões aleatórias ou com contrato para caçar grandes capitães, caçar os mapas de tesouro raramente compensam. Procure e compre diagramas, acredite, é a melhor coisa a se fazer nesse começo, para no final você ter o suficiente para gastar e ter o melhor navio do Oceano Índico. E também para deixar seu personagem estiloso com algumas novas roupas no Atelier.

Diferentes perspectivas auxiliam na navegação

Olhe para todos os lados

A maior parte do tempo acontece navegando nos mares, saqueando os locais, coletando minério e recursos ao longo das viagens, e principalmente batalhando contra frotas de navios. Tendo em mente que existem diferentes tipos de canhões que causam entre cinco efeitos diferentes nos inimigos e podem trazer grande benefícios no meio do combate, assim como existem blindagem que acompanham defesas dos mesmos elementos.

Algo que tive dificuldade de me acostumar foi com o seu “combate 4D”. Dependendo da embarcação, é possível equipar até cinco diferentes canhões – proa, popa, bombordo, estibordo e centro -, logo, não vale a pena esperar recarregar um lado para atirar novamente. É viável estar em constante movimento e variando sempre que possível, otimizando suas recargas para explodir os outros antes que você seja o explodido, e isso acontece muito. Caso o navio esteja com carga, tudo será deixado onde morreu e é necessário buscar, antes que outros jogadores roubem.

O combate com os chefes são muito legais

Após se acostumar e conseguir um nível maior de equipamento, a jogabilidade se torna gratificante e tive a sensação de que nada poderia me parar. Até cinco galeões me cercarem e eu virar farpas ao mar. Felizmente, consegui jogar com um amigo por um tempo, no qual se mostrou ser uma experiência muito mais divertida e deveras fácil.

Dito isso, notei que o jogo não está tão bem otimizado para atividades solos, Skull and bones reforça o cooperativismo através da dificuldade e isso torna toda a experiência frustrante. Seja com amigo ou com outras embarcações no meio de suas navegações, a grande maioria das atividades no mundo aberto estão disponíveis para os jogadores se unirem, com o foco no PvE, considerando que o PvP são de eventos específicos que focam no endgame do jogo, ou seja, quando você concluir todas as missões principais e atingir o nível máximo de Infâmia.

Nesse momento, o seu foco deve se voltar para aquisição de cana-de-açúcar e papoula, para a fabricação e comercialização de Rum e Ópio. Agora, enfrentando outros jogadores em eventos PvP com o intuito de adquirir mais bases de fabricação clandestinas e assim expandir seu império, você é recompensado por um outro tipo de moeda para adquirir diagramas e outros cosméticos. Essas missões de endgame escalam muito e podem se tornar o pior pesadelo para um jogador casual, especialmente se estiver sozinho.

Criaturas à espreita em missões secundárias

Se tivesse mais tempo, Skull and Bones poderia ser melhor

Queria muito ter gostado mais de Skull and Bones, é um jogo que teve a possibilidade de ser bom, ao considerar que ele também foge da fórmula “Ubisoft The Game”, assim como Prince of Persia e Avatar. O game apresenta uma ótima qualidade de vida, toda a roleplay de um pirata, um conjunto de ideias diferentes e interessantes, mas com uma mentalidade e estrutura de oito anos atrás e isso pesou mais na balança.

Se o jogo tivesse a possibilidade de mais dois ou três anos, poderia ser um lançamento significativo e não “mais um que não deu certo” especificamente no ano de 2024, que em dois meses já tiveram alguns lançamentos com complicações no desenvolvimento.

Domine todas as regiões nos eventos PvE

Claramente a Ubisoft enxergou que estava na hora de mudar. É de se supor ter alguns acertos entre seus erros, mas com tantas mudanças de equipe (desconsiderando adiamentos), é difícil ponderar a possibilidade de que um projeto possa dar certo estando em meio a diversos conflitos. Não adianta chamar o jogo de “primeiro quadruple-A”.

Skull and Bones pode ser um jogo interessante para se aventurar com os amigos, especialmente se assinar o Ubisoft+, entretanto, não recomendo com o seu valor atual, mesmo considerando o conteúdo de Ano 1 que será lançado. Caso anseie pela temática pirata, revisitar o próprio AC: Black Flag ou até mesmo Sea of Thieves seria mais recomendados.

O jogo está totalmente localizado em PT-BR, em suas legendas e interface, assim como muito bem dublado. Mantendo o linguajar pirata e muitos xingamentos.

Skull and Bones está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC (Steam, Ubisoft Connect, Epic Games Store).

Skull and Bones: Skull and Bones é um título com ideias interessantes e diferentes, mas muito mal aplicadas em um estilo MMORPG que infelizmente não funciona direito como um. A dificuldade se torna muito frustrante em diversos momentos no combate e isso pode estragar muito a experiência Otto

6
von 10
2024-02-22T20:53:43-0300

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.