Review – Battle Chasers: Nightwar

A literal volta dos que não foram!

Battle Chasers: Nightwar é o muito aguardado retorno do quadrinho Battle Chasers. É um jogo muito inspirado nos RPGs orientais baseados em combates por turnos e que também se utiliza muito dos elementos de RPGs de ação para dar ao jogador meios estratégicos de avançar, tanto no mundo quanto nas masmorras.

A história começou em 1998, com apenas 10 edições do quadrinho lançadas, incluindo o prelúdio, e acabou em 2001 quando o criador Joe Madureira decidiu seguir carreira criando vídeo games. O trabalho dele é muito mais conhecido em Darksiders do que em Battle Chasers então nós do Geeks United vamos refrescar sua memória ou apresentar um pouquinho universo de BC para quem não conhece. A história do quadrinho se passa num universo de fantasia arcanepunk, no qual a tecnologia é energizada por magia, onde um feiticeiro maligno está tentando obter luvas mágicas que pertenciam ao general do reino que desapareceu.

Sua filha, Gully, escapa com sua vida e as luvas, e é aí que a trama se inicia. O quadrinho acaba num cliffhanger, bem quando o enredo está começando a abordar o poder das luvas e os novos aliados aos quais foi confiada a segurança de Gully, sendo eles: o paladino Garrison, o mago Knolan, a ladra Monika e o adorável golem Calibretto. E é a partir deste cliffhanger que o jogo começa.

Sobre a jogabilidade, quando há batalhas o jogo aborda o estilo tradicional do combate turno-a-turno, porém há elementos que pra mim são bem remanescentes de Final Fantasy, como por exemplo exibir quem da party atacará em seguida, ou a indicação de que você tomou uma ação X no momento X em relação a todas as outras ações dos personagens. É bem divertido, nostálgico e muito bem estruturado. Uma vez em combate, há um total de seis personagens na sua party dos quais você pode utilizar apenas três. Cada um tem sua classe e habilidades, e é necessário que você pense estrategicamente na hora de escolher, dependendo das batalhas que for enfrentar.

Todos os personagens se baseiam em vida e mana como seus recursos principais, mas os ataques básicos de cada um criam uma energia extra chamada overcharge, que gera mais mana ou que pode ser utilizada como um recurso além da própria mana para efeitos adicionais. Overcharge é resetado em todas as batalhas, algumas habilidades podem poupar parte da sua mana e gastar apenas do terceiro recurso, bem como outras habilidades podem se utilizar de ambos mana e overcharge. É um elemento estratégico bem interessante que é usado de formas diferentes pra cada personagem, apesar de ter um efeito similar. Fora isso, o jogo tem todos os elementos de RPGs que você poderia esperar como buffs, debuffs, e até mesmo um recurso baseado na party chamado Burst que pode facilmente ser comparado com o Limit Break dos Final Fantasies. O Burst pode ser utilizado por qualquer um dos personagens para liberar ataques especiais baseados na classe de quem o utilizou. E claro que não seria um RPG sem vários itens, receitas e uma história bastante envolvente.

O mundo pode ser explorado de duas formas diferentes. A primeira é praticamente no estilo “grade” no qual as criaturas podem ser vistas à distancia para que você possa decidir se quer dar a volta e evitar combate ou correr em direção à batalha. Você pode identificar armadilhas ou encontrar pequenos eventos escondidos no mundo e, embora o jogo não permita que você vague livremente, é um meio satisfatório de explorar, pois ele te dá todas as informações que você poderia esperar para fazer uma decisão sobre onde gostaria de ir em seguida. Nas masmorras, que é algo que esse jogo aprecia bastante, o jogo aborda um estilo onde há vários andares pelos quais você desce cada vez mais. Há armadilhas e inimigos por todos os lados e o jogo usa movimentação isométrica para exploração, bem semelhante a RPGs de ação como Diablo. Inimigos podem ser vistos e evitados ou encontrados, fica a seu critério.

Você também tem algumas habilidades de exploração limitadas exclusivas de cada personagem, como por exemplo dashes ou atordoamento em AoE que pode ser utilizado pra tomar iniciativa nas batalhas, evitá-las ou mesmo escapar de armadilhas. As masmorras também tem níveis diferentes de dificuldade, o que permite que você possa atravessá-las novamente de acordo com o grau de desafio e recompensas que você deseja.

Battle Chasers: Nightwar tem muitos elementos promissores que realmente ressaltam como esse jogo é uma jóia que ainda não recebeu toda a atenção que merece. Falando como uma fã de JRPGs, esse é um dos jogos que pra mim é uma compra obrigatória. As animações são fluídas, os ataques dão a sensação de força, a personalidade de cada um dos personagens é rica e as masmorras tem um estilo de jogo estratégico incrível.

Ver seus inimigos no campo antes de encontrá-los reforça que você está sempre indo para uma batalha com todo o conhecimento que você precisa para lidar com ela devidamente, e também dá aos jogadores liberdade para que estes possam fazer suas próprias escolhas em relação à progressão ao longo da história. É uma uma obra-prima que eu mesma gostaria de ter tido a oportunidade de conhecer antes e apoiar no kickstarter quando ainda era só um conceito. Vale a pena e se você é um dos sortudos apoiadores da campanha, pode confiar: seu dinheiro foi muito bem gasto.

Battle Chasers: Nightwar já está disponível para PC, PS4, Xbox One e Switch