Review – Oninaki

Perdido entre a ação e o RPG, Oninaki parece ter saído lá para o Playstation 2

Em tempos onde a Square Enix evoluiu os RPGs a um novo patamar, oferecendo ação mais dinâmica como a que será vista no remake de Final Fantasy VII, mesclando isso com os combates mais clássicos por turnos, caso o jogador queira, a empresa ainda traz algumas experiências mais tradicionais do gênero. Algumas vezes, como no caso de Octopath Traveler, a nostalgia cria um produto cheio de elogios. Porém, às vezes sem intenções, temos algo como Oninaki, uma título que tenta voltar ao tradicional, mas só se parece antigo.

Oninaki traz a história de Kagachi, um rapaz que vê espíritos desde a infância e que decide ser um vigia do ciclo da reencarnação. Para enfrentar as criaturas que se recusam a voltar a vida, Kagachi usa os Daemons, armas espirituais em forma de pessoas. Em um dia de sua rotina de vigia, o rapaz se depara com um culto que decide quebrar o ciclo, o que faz com descubra que talvez todo esse problema esteja ligado a uma antiga criatura que o persegue desde criança. Apesar da história de Oninaki ter elementos interessantes, a narrativa é muito baseada em clichês de animes. Os personagens são estereótipos ambulantes das animações japonesas, Kagachi é o clássico protagonista de cabelos brancos, quieto e misterioso, enquanto sua companheira, Mayura é amiga de infância do protagonista e está sempre preocupada com o bem estar dele. Mesmo com suas originalidades, é fácil de prever as viradas do roteiro do jogo.

Oninaki é um RPG de ação que não se decide bem entre um ou outro. Enquanto um RPG, o jogo não utiliza bem a evolução dos personagens, a conquista de novas habilidades e até mesmo o uso de itens. Já no quesito ação, o combate é lento e os golpes parecem demorar a acontecer depois de apertar os botões. É muito comum que os inimigos consigam te acertar no meio dos combos, obrigando a começar a sequência de ataques tudo de novos. Muitas vezes, as lutas no ritmo de esperar o monstro atacar, encaixar um combo, esperar ataque inimigo e repetir a sequência. Não há fluidez, fazendo como que o combate de Kingdom Hearts se torne muito melhor. Os chefes de Oninaki também seguem a mesma cadência, o que tona o combate igual ao dos monstros comuns, só que muito mais longo.

O visual de Oninaki é até que fofinho, seguindo um estilo parecido com Bravely Default. Porém, é estranho ver no menu como os personagens são pensados cheios de detalhes, que acabam se perdendo quando passados para o gráfico mais cartunizado. Os ambientes são espaços simples, com poucos detalhes, que não mudam nada quando se está no mundo normal ou no reino espiritual, que pode ser acessado ao apertar L2.

Oninaki traz um mundo com um enredo interessante, porém, está preso a uma jogabilidade antiga e uma narrativa cheia clichês de histórias de anime. O resultado final é um jogo que diverte nas primeiras horas, mas que acaba se tornando repetitivo muito rápido. O combate mais cadenciado e visual simples, fazem com que Oninaki talvez tivesse sido um jogo maravilhoso lá no PS2. Nota: 5/10 protagonistas genéricos de cabelo branco. 

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.