Review – Children of the Sun

Múltiplos ângulos de um Intrigante Quebra-Cabeça

Uma garota mascarada, um rifle, poderes psíquicos, quebra-cabeças e estética agressiva compõem as peças desse quadro singular que é Children of the Sun. Oferecido pelo desenvolvedor independente René Rother e publicado pela Devolver Digital para PC (Steam).

Sem muitas explicações sobre como, onde ou porque, somos imediatamente imersos na ação, estamos prontos para empunhar um rifle em busca de vingança. Em Children of the Sun, assumimos o papel da garota, perseguindo um grupo específico de brilhantes (literalmente nesse caso) indivíduos: os cultistas, que se tornam nossos alvos ao longo da campanha em busca de justiça por sua família que foi assassinada.

Um enredo em flashbacks

Missão após missão, desvendamos os mistérios que cercam a garota e seus alvos. Desmascarando as mentiras propagadas pelo culto para sua família e testemunhando o desfecho trágico que ela enfrentou nas mãos daqueles que buscavam dominá-la.

Conforme nos aproximamos do líder do culto, vamos desvendando mais sobre a jovem, seus poderes e a relação especial que ela mantém com o rifle, herança de seu pai que lhe ensinou a manusear a arma. A narrativa se desenrola na base de flashes e imagens estáticas estilizadas, pontuadas por momentos animados que nos transportam ao passado da protagonista e à origem de seus poderes.

Um point and click tridimensional

A jogabilidade peculiar do jogo se concentra nos quebra-cabeças táticos em que navegamos pelo ambiente limitado com o mouse para marcar alvos. Após essa breve fase de preparação, dispomos de apenas um tiro para eliminar todos os oponentes presentes no campo.

Cada abate congela a trajetória da bala, permitindo-nos redesenhá-la para atingir todos os alvos. Vale ressaltar que todas as ações do jogo são realizadas exclusivamente com o mouse, dispensando o uso do teclado e proporcionando uma acessibilidade que vale ser citada.

A interação da bala do rifle com o ambiente, como o uso de tanques de gasolina de carros ou pássaros voando, é facilmente introduzida em novos capítulos ou dada dicas em títulos das missões.

À medida que adquirimos novos poderes, enfrentamos inimigos mais desafiadores, com armaduras, habilidades especiais e até perseguições em alta velocidade, adicionando uma complexidade aos quebra-cabeças que enriquecem ainda mais o jogo. Esses elementos garantem uma experiência dinâmica a Children of the Sun, que apesar de curto, diverte bastante.

Um visual que faz jus ao tema

É crucial destacar a abordagem visual de Children of the Sun, onde o desenvolvedor optou por um estilo mais cru e agressivo, evidenciado tanto na estética quanto na trilha sonora repleta de riffs de guitarra distorcidos e com muitos efeitos que intensificam a atmosfera violenta e grotesca.

Notavelmente, ao eliminar um alvo, há uma cuidadosa sincronia entre os eventos da morte e os elementos musicais, demonstrando um planejamento e carinho na trilha com uma execução primorosa.

Quanto ao aspecto visual, o jogo apresenta fortes influências de jogos como Killer 7, que priorizam a estilização em detrimento do realismo. Essa abordagem confere uma vitalidade singular ao jogo, característica já reconhecida dos projetos da Devolver.

A empresa parece ter encontrado sucesso recorrente nesse estilo de jogo, onde a estética marcante e uma mecânica única impulsionam a experiência. O uso do neon, o tom sombrio, a estética 3D ligeiramente poligonal, juntamente com a mecânica de tiro, contribuem para uma experiência envolvente e cativante.

Children of the Sun apresenta um ótimo desafio

Em síntese, Children of the Sun é um jogo de tiro tático centrado na resolução de quebra-cabeças, em que a única peça de ação à disposição do jogador é a única bala no rifle, utilizada para neutralizar os cultistas que povoam os mapas das missões. Com sua breve duração, estilo marcante e localização em PT-BR, é uma experiência que vale a pena conferir. Mais um grande acerto da Devolver no ano.