Review – Someday You’ll Return

Pitadas de puzzles e sustos, porém nada memorável

Someday You’ll Return traz Daniel, um homem em busca de sua filha Stela. Por algum motivo, Stela não está na escola e seu dispositivo rastreador guia seu pai até uma afastada floresta país adentro. Local que Daniel conhece como a palma de sua mão, afinal costumava ir quando jovem para acampar. Uma vez lá, ele se encontra com uma senhora que recita para ele um estranho poema antes de lhe dar passagem, avisando sobre os presságios que o aguardavam.

Após procurar por um dia inteiro, Daniel se vê perdido em uma caçada entre diferentes realidades e tendo de revisitar seu passado, isso enquanto busca por sua jovem filha e evita as atrocidades escondidas na massa escura que se manifesta pela floresta. Massa essa que parece atrair seres bizarros, membros sem donos e a terrível Besta, que ronda as árvores em busca de sua próxima vítima – e Daniel está em sua lista. Hora de voltar uma vez mais até Morávia, mesmo que seja a última.

Mesmo se passando em uma área de exploração, Someday You’ll Return é mais um jogo que se perde em clichês. Claro que clichês são clichês porque funcionaram em mais de um determinado momento. No entanto, Someday You’ll Return utiliza uma fórmula antiga do gênero que poderia ter sido muito melhor aplicada – no caso, a culpa. Como Silent Hill 2, S.O.M.A e outros do gênero, em Someday You’ll Return Daniel é acometido pela culpa do passado e a mesma é como um gatilho para a história em si.

Como dito anteriormente, não quer dizer que isso seja ruim. Mas uma história que tinha muito para ser originalmente marcante foi transformada em algo um pouco genérico. Em minha visão, Someday You’ll Return poderia ter sido uma fusão entre O Senhor das Moscas e uma viagem pelo fantástico folclore Checo, algo que até onde sei jamais foi explorado nos games, trazendo criaturas e lendas horripilantes em uma história que poderia ter tido um final bem mais marcante.

Review - Someday You'll Return - WayTooManyGames

Someday You'll Return: Game ganha uma nova música | Married Games

A parte mecânica do jogo em si, tirando a exploração que se torna linear em momentos inoportunos, é uma montanha russa, mas essa bem mais empolgante. Uma destas mecânicas é a caixa de poções que encontramos a partir do terceiro capítulo, que permite que Daniel crie poções que o ajudarão a avançar. Estas poções possuem inúmeros efeitos, desde poções de cura quando ferido pela massa escura sobrenatural, até poções que permitem ler as emoções das pessoas que escreveram documentos dias, meses ou anos atrás.

O jogo possui alguns momentos onde os puzzles e ações são repetitivos e monótonos, mas em outros os desenvolvedores acertam em cheio. Os maiores exemplos que me vem à cabeça são o grande puzzle do relógio no acampamento, com uma visão que parece ir até o inferno no melhor estilo Hellraiser, e o da caverna. Esse sim foi um dos momentos de maior ansiedade, onde nos vemos dentro deste local repleto de símbolos secretos que devemos decifrar utilizando os documentos encontrados previamente no jogo. Aquele tipo de quebra-cabeça que nos faz ter de pegar uma folha ou bloco de anotações e ir cuidadosamente desvendando, só para ter sua magia quebrada por outra parte linear e maçante de gameplay.

Someday You’ll Return é um bom jogo. Não é marcante ou assustador, mas consegue acertar algumas coisas. Vejo ele como um jogo de entrada para futuros fãs de games de horror, mas não esperem nada muito aterrador ou algo do tipo. Fico triste de ver todo o potencial desperdiçado aqui, com a linda floresta e suas lendas que poderiam habitá-la e a falta de ambientação. Muitas vezes me peguei demorando para dormir enquanto acampava, olhando para fora do local onde dormia, esperando algum perigo iminente. Algo que não vemos aqui. As criaturas não apresentam um perigo imediato nem criam uma sensação de repulsa, fazendo com que Someday You’ll Return faça jus ao seu título. Um dia talvez eu jogue novamente, só não sei quando.

NOTA: 6/10 vezes que demorei pra terminar um puzzle

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.