Review – Resident Evil 4 Remake
Após a Capcom confirmar que fariam um Remake do Resident Evil 4, eu fiquei muito empolgado (assim como muitos), não somente por ser uma grande franquia ou pelos últimos remakes lançados mostrando o grande potencial da RE Engine, mas por ter sido o meu primeiro Resident Evil.
Diferente da maioria dos jogadores que demonstra saudosismo e paixão pela trilogia clássica, eu era uma criança muito medrosa e Resident Evil 4 foi um dos primeiros confrontos que tive com esse horror ao tentar jogá-lo no PS2. Mesmo com muita dificuldade no início, havia conseguido terminar o jogo.
Assim como o remake de Dead Space me trouxe sentimentos nostálgicos e ao mesmo tempo uma curiosidade por algo inédito, Resident Evil 4 Remake conseguiu me fisgar pelo seu suspense, combate, qualidade de vida e belíssimos visuais.
Um novo (RE)começo
A história segue a mesma do original: após 7 anos da tragédia em Racoon City, Leon se torna um agente contratado e treinado pelo governo dos EUA. Sua missão é resgatar a filha do Presidente, Ashley Graham. Estruturalmente, a história mantém os moldes do clássico enquanto apresenta algumas diferenças, adições e remoções em certos atos. Partes que antes eram entediantes se tornaram mais apreciadas, assim como cenas inéditas foram ótimas surpresas.
Se você jogou o clássico, vai notar muitas semelhanças, especialmente no começo. O próprio jogo flerta com o fã nostálgico em diversos momentos, seja o lobo na armadilha de urso, o barulho dentro da casa na qual você encontra o Luis, a estátua do Salazar e muitos outros. Ao mesmo tempo, o título surpreende com novas ideias no Remake.
Porém, se você nunca jogou, não se preocupe: a essência do jogo está lá, ampliada ao máximo. Ao mesmo tempo que foi nostálgico jogar algo que eu já conhecia, era uma novidade, pois não sabia o que esperar. Logo, me permiti ver o que o título me traria e não fiquei nem um pouco decepcionado.
Tiros, chutes e suplex
Assim como os remakes anteriores, Resident Evil 4 segue com a câmera por cima do ombro acompanhado da mecânica de aparar os golpes inimigos com sua faca, elemento crucial para sobreviver no jogo. A movimentação do Leon é muito fluída e aparar os golpes é bem simples. Apesar de ter dificuldade no início, consegui me acostumar depois de algumas mortes.
O jogo manteve disponível o belo arsenal, com a possibilidade de criar munições e granadas, além de combinar as ervas para amplificar o efeito de cura. Agora, o inventário pode ser organizado automaticamente com um simples apertar de botão. Lembro-me bem de parar por dois minutos para deixar cada item organizado na maleta, mas ainda é possível fazer do seu jeito.
Os tesouros se tornaram breves puzzles com o propósito de ganhar mais dinheiro na venda, sendo possível combinar as joias encontradas em alguns itens como coroas e braceletes e você pode conferir quais combinações melhoram o multiplicador.
Em certos capítulos você consegue acessar a área de estande de tiro, que agora está reformulado para desbloquear pingentes, nos quais podem ser equipados – até um máximo de três – na maleta do inventário e receber bônus passivos de dano, cura ou até mesmo alguns descontos na loja.
Uma experiência menos frustrante
Não foi somente o Leon e o combate que sofreram mudanças. Muitas melhorias foram aplicadas no próprio funcionamento de tudo em volta. A Ashley não precisa mais utilizar recursos de cura e teve sua IA melhorada, além dela auxiliar nos combates contra inimigos em momentos pontuais do jogo.
Diversas localidades sofreram mudanças no design para o melhor, rico em detalhes e muito bem estruturados. Vale a pena parar e olhar com mais atenção após eliminar todos os inimigos de uma área. Apesar de ser um jogo repleto de combate e ação, em certos momentos a tensão aumenta com cenários escuros e claustrofóbicos, no qual sua única fonte de luz é a lanterna.
As lutas contra os chefes principais se tornaram muito mais memoráveis e dinâmicas, com cenários bem estruturados, enquanto abusam das novas mecânicas e adaptações. Especialmente a parte na qual você joga com a Ashley, as novidades tornaram-a bem mais interessante, além de me remeter bastante à sequência dos manequins da DLC de Resident Evil Village.
Um novo rumo para Resident Evil 4
Enquanto alguns remakes simplesmente parecem trazer um jogo antigo para consoles atuais e parar por aí, Resident Evil 4 Remake parece ter sido feito para resistir ao teste do tempo. Enquanto o título lembra bastante o clássico de 2005, você tem a sensação de um jogo novo.
O modo Mercenários – adicionado gratuitamente após o lançamento – também está de volta, mas nesse caso está do mesmo jeito, com mudanças pontuais nos personagens e mapas. Há rumores de que uma DLC pode vir, adicionando um modo história com o ponto de vista da Ada nos acontecimentos do jogo e, possivelmente, mais personagens no modo Mercenários.
O Remake também traz uma ótima mudança, com o jogo totalmente localizado e dublado por um excelente elenco. As vozes dos atores encaixaram muito bem com os respectivos personagens, além de ser divertido vê-los xingando com palavrões brasileiros e outras expressões comuns.
Fiquei muito feliz que Resident Evil 4 Remake me deixou tão impressionado quanto Dead Space Remake, ambos dignos de serem usados de exemplos para outras obras que possam retornar. Do mesmo jeito que o clássico, na época, trouxe um novo ar para a franquia, mas perdeu o rumo nos anos seguintes, os futuros títulos da série podem aprender bastante com as melhorias que têm sido aplicadas e principalmente com os erros do passado.
Resident Evil 4 Remake está disponível para PlayStation 5|4, Xbox Series X|S e PC (Steam). Esta análise foi feita com uma cópia de PC cedida pela Nuuvem
Resident Evil 4 Remake: Um jogo que pode ser considerado novo e inovador agradará fãs nostálgicos e tem todo o potencial para agregar novos jogadores que possam se interessar para a franquia – Otto