Review – Like a Dragon: Infinite Wealth

Os fãs da franquia Yakuza/Like a Dragon já sabem exatamente o que esperar do novo título do estúdio Ryu Ga Gotoku Studio distribuído pela SEGA. Like a Dragon: Infinite Wealth não só entrega uma ótima história, mas também uma excelente inovação em seu combate de turno originado em Yakuza: Like a Dragon.

É possível aproveitar o título caso você não esteja familiarizado com a franquia, mas necessita uma certa paciência no início para conhecer personagens introduzidos em títulos passados. Não que isso afete muito a experiência, mas se você cair de cabeça esperando que irá logo curtir o Havaí, está muito enganado.

Uma história de emocionar

Um dos elementos mais icônicos da franquia são suas histórias repletas de drama e reviravoltas. Like a Dragon: Infinite Wealth não decepciona nem um pouco nessa questão. Com um início um pouco lento – algo que pode desagradar jogadores novatos – ao decorrer do jogo, você é introduzido à trama e aos personagens aos poucos, junto das mecânicas de exploração, interação e combate.

Com sua perspectiva em terceira pessoa na pele de Kasuga Ichiban, a partir de certo ponto, você pode livremente explorar as ruas de Yokohama e Honolulu e desfrutar das mais diversas atividades e missões secundárias, essas que também apresentam tutoriais no início, mas sempre de maneira muito fluida e que não pesa no ritmo da jogatina.

Ao longo da história, você vai recebendo mais personagens em seu grupo, mas diferente de muitos JRPG, organizar o grupo não é problema devido a sua divisão em duas equipes, tornando o nível e usabilidade de todos os membros quase que iguais, além de ser muito bem dividido por dentro do próprio enredo.

Yakuza em maior escala

Em todos os títulos da franquia, até o Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, os mapas eram em pequena escala e são tranquilamente exploráveis a pé, mas em Like a Dragon: Infinite Wealth é bom ter uma grana extra para muitos Táxis ou bateria para o seu patinete elétrico.

Com sua história dividida entre segmentos no Japão e Havaí, lugares para explorar é o que não vai faltar. Em cada canto, é possível ter algo para ser feito, seja missão secundária ou alguma atividade (acredite, você vai passar muito tempo em algum jogo de shogi, dardo, trabalho ou até mesmo karaokê). Isso se não sair brigando com qualquer inimigo que encontrar na rua.

A sua grande (e ótima) inovação que vale muito destaque é seu combate. Apesar de ocorrer em turnos, cada um dos seus personagens possui uma área delimitada para se posicionar e, assim, obter vantagem sobre o inimigo dependendo do golpe utilizado, causando possíveis danos críticos, utilização de objetos de cenário (cones, caixas, mesas) e combos entre a equipe. Além desta mecânica, os combates também permitem abusar das clássicas fraquezas a fogo, água, raio, cortante e projétil.

Assim como todo RPG, existem classes para os personagens assumirem seus papéis na equipe. Em Like a Dragon: Infinite Wealth também, mas de uma maneira muito divertida e palpável. Ao invés dos tradicionais Ladino, Mago e afins, algumas das classes são profissões da vida real como Chef de cozinha, Dançarina Hula, Anfitrião de festa, Taxista, entre outros.

Essas profissões possuem nível próprio, além de habilidades, equipamentos e uniformes específicos. Quanto mais for utilizada pelo personagem, mais ataques são desbloqueados. Caso troque em algum momento, é possível herdar os poderes da classe anterior para a nova, caso atenda os requisitos, expandindo ainda mais o arsenal para deixar o combate mais eficiente.

Outra coisa que pode tornar sua equipe ainda mais poderosa é fortalecer o relacionamento entre eles. Para isso, basta encontrar os pontos indicados no mapa para ter um breve diálogo e completar uma espécie de “bingo da amizade”. Você também pode comer banquetes em restaurantes e brincar em algumas atividades com eles, assim, durante as brigas eles irão complementar os golpes entre si (e faz muita diferença).

Duas outras grandes novidades de Like a Dragon: Infinite Wealth são o combate de Sujimon e a Ilha Dondoko, ambos que podem ser facilmente comparados à Pokémon e Animal Crossing respectivamente. Uma das missões secundárias é a Liga Sujimon, onde “mestres” montam uma equipe de até seis Sujimon (inimigos capturados após as lutas) para duelarem entre si. O objetivo? Ichiban se tornar o grande mestre e derrotar a Elite dos Quatro.

Já na Ilha Dondoko, Ichiban tem como objetivo trazer de volta o esplendor que havia antigamente naquela ilha. A partir de limpezas, construção de simples objetos e derrotando piratas, você consegue criar um local auto sustentável se investir algumas boas horas ali. Começando com pequenos banquinhos, é possível chegar ao ponto de construir prédios comerciais, criar ruas e praças ao longo de toda a ilha. Basicamente, um jogo dentro de outro.

Like a Dragon: Infinite Wealth surpreende do início ao fim

Não joguei todos os outros títulos anteriores, somente o Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, que me deixou muito curioso para Infinite Wealth. Apesar de serem de gêneros diferentes, a história foi um fator que me prendeu muito e sua continuação não deixou a desejar. Em um momento, enquanto transmitia para um amigo acompanhar, ele comentou: “eu não to nem jogando e to quase chorando aqui”.

Há um segmento do jogo que ataca muito a nostalgia dos fãs, mas pode ser uma sequência um pouco cansativa para alguns jogadores que não conhecem os jogos passados ou pode gerar curiosidade para outros.

No geral, Like a Dragon: Infinite Wealth apresenta uma história emocionante do início ao fim, com personagens carismáticos e um combate muito satisfatório. O jogo também está muito bem localizado em PT-BR, tanto na interface, quanto nas legendas que apresentam um tom adulto com palavrões frequentes e muitas gírias.

Devo visitar os jogos anteriores pela curiosidade e interesse na história para me preparar para o próximo que possa ser anunciado em algum futuro, devido ao gancho deixado no final de Infinite Wealth.

Like a Dragon: Infinite Wealth está disponível para PlayStation 5|4, Xbox One, PC e Xbox Series X|S.