Jojo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R – Review

Jojo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R é o jogo perfeito para os fãs do mangá

Criada por Hirohiko Araki, a série de mangás Jojo’s Bizarre Adventure é daquelas que parece pronta para virar um jogo de luta desde suas origens. Apresentando uma grande variedade de personagens, cada um com poderes e personalidades únicas, a aventura (que se divide entre diversas gerações da mesma família) também desperta essa ideia por suas lutas e aventuras constantes.

Não à toa, meu primeiro contato com ela foi justamente através de um game do estilo: lançado pela Capcom em 1998, um game homônimo me apresentou aos personagens do terceiro arco — Stardust Crusaders —, que somente anos depois eu acabaria conhecendo a fundo pelos quadrinhos originais. Enquanto a franquia recebeu muitos jogos desde então, poucos são tão marcantes ou completos quanto Jojo’s Bizzarre Adventure: All-Star Battle, lançado originalmente em 2014.

Trazendo um elenco completo com as principais figuras dos oito arcos da série (até agora), o título é uma verdadeira celebração da obra de Araki. No entanto, as restrições de desempenho impostas pelos hardwares do Xbox 360 e PlayStation 3 sempre fizeram com que ela ficasse um pouco aquém do ideal, algo que a versão R chegou para corrigir em setembro de 2022.

Jojo’s Bizarre Adventure: All Star-Battle R melhora o que já era bom

Já disponível nas principais plataformas do mercado, a nova versão do jogo de luta em 3D chama a atenção por suas diversas melhorias técnicas. Além de os modelos dos personagens ganharem uma maior resolução, eles estão mais responsivos graças ao desempenho que, agora, está travado nos 60 quadros por segundo.

Isso faz com que as características básicas do jogo consigam brilhar ainda mais: embora Jojo’s Bizarre Adventure geralmente seja associada ao uso de Stands (uma espécie de espírito que serve como extensão de seu usuário), cada uma de suas principais sagas traz estilos de poderes bem diferentes — que aqui são representados de forma fiel aos mangás.

Enquanto a maioria dos lutadores usa stands como habilidades especiais, há aqueles que usam uma técnica conhecida como hamon (baseada em vibrações e na luz do sol), que é igualmente útil e bem representada pelo game. A desenvolvedora CyberConnect2 também soube representar muito bem personagens animais e o protagonista de um arco que não pode andar e depende de um cavalo para se locomover.

O que mais surpreende é que tudo isso foi feito sem ter que apelar para (muitas) repetições de golpes ou de maneira que haja uma clara distinção de poder entre cada personagem selecionável. Embora eu não tenha demorado a criar uma lista de favoritos, nunca me senti em desvantagem quando algum dos desafios propostos me faziam sair da zona de conforto.

Um game para fãs

Embora esteja recheado de elementos retirados diretamente do mangá, Jojo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R não é necessariamente um jogo para novatos. Aqui não há um modo história clássico, embora o novo modo principal All-Star Battle traga diversos conflitos que realmente acontecem no material original, então quem não sabe o que aconteceu nele vai ficar boiando no que diz respeito às rivalidades e motivações de cada personagem.

Até dá para amenizar um pouco isso consultando a enciclopédia (que vai sendo liberada aos poucos), mas fica claro que a intenção da Bandai Namco foi agradar principalmente quem já é fã de Jojo. Nesse sentido a empresa e a CyberConnect 2 foram muito bem-sucedidas, conseguindo criar uma seleção de confrontos hipotéticos e desafios opcionais muito legais e que fazem você pensar toda hora que entendeu as referências mostradas.

A parte que mais gostei foi a representação dos personagens, que segue de maneira fiel o que é visto nas páginas do mangá. A maneira como eles se movem, a seleção de golpes disponível e os especiais de cada um são bastante condizente com a obra de Araki, sem que isso em nenhum momento prejudique a funcionalidade dos sistemas de luta.

Falando deles, Jojo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R traz um sistema baseado em três botões de golpes, um de esquiva, um para chamar um lutador assistente, um para acionar o stand e outro para ativar o especial (quando ao menos duas barras são acessíveis). Caso você seja novato ao estilo, é possível simplesmente usar o botão de ataque mais fraco para iniciar um combo básico, opção que pode ser desligada nas configurações, caso você assim prefira.

Os golpes em geral possuem uma execução bastante fácil e universalizada entre seus personagens, fazendo com que o jogador tenha que se preocupar basicamente em aprender combos e o timing exato para executá-los. É justamente essa acessibilidade que facilita entender rapidamente o funcionamento de cada lutador, ao menos em um nível básico.

Jojo’s Bizzare Adventure: All-Star Battle R peca pelo online

Enquanto o modo All-Star Battle nos obriga a mudar constantemente de personagens, também há um modo arcade clássico e um modo versus para enfrentar amigos localmente. Nos modos individuais, você pode definir livremente a dificuldade média dos adversários, bem como encarar opções com lutas “eternas”, que duram até você se cansar ou sua barra de vida se encerrar.

O game também oferece uma modalidade online, essencial para qualquer jogo de luta da atualidade. No entanto, assim como muitos outros, ele falha por não oferecer uma infraestrutura muito boa ou um netcode que favoreça a diminuição de lag e o equilíbrio de condições entre os lutadores.

Não que eu seja particularmente bom no game, mas em diversos momentos foi fácil se sentir prejudicado por conexões instáveis e golpes que não respondiam bem. Mesmo quando o game indicava que as condições de rede estavam boas, era notável a demora na resposta dos golpes em relação aos modos offline.

Essa é uma grande decepção especialmente para quem joga no PC, plataforma em que não é comum haver condições de espaço para duas pessoas jogarem localmente. Isso acaba sendo uma pena, especialmente porque a falta de um modo online bem estabelecido, atualmente, pode decretar a morte de toda uma cena competitiva.

Uma bela homenagem

Jojo’s Bizzard Adventure: All-Star Battle R é a versão definitiva de um game de luta sólido e com uma quantidade incrível de conteúdo para quem é fã da série. Se você sempre quis responder se Dio era mais poderoso como um vampiro ou como um usuário de Stand, e se há algum Jojo que não conseguiria derrotá-lo, esse é o game que finalmente vai oferecer essa resposta.

Apesar de a oferta single-player ter sido bastante enriquecida pelo lançamento, infelizmente os modos online são fracos e carecem de uma boa estrutura de netcode. Se você é fã da série e gosta de uma experiência solo ou local, há motivos de sobra para conferir o jogo — no entanto, se o multiplayer online é indispensável para sua diversão, pode ser uma ideia melhor apostar em outras opções do gênero.

Jojo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R  foi lançado no dia 2 de setembro para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC. A versão analisada foi a de PC a partir de um código cedido pela Bandai Namco.

NOTA: 8 de 10 saga representadas pelo game