Review – Wolfenstein: YoungBlood

Entre a diversão conhecida pela série e as estranhezas de novas decisões

Em uma época onde muitos estúdios decidiram não se posicionar politicamente sobre os assuntos do mundo atual, a MachineGames, junto da Bethesda, decidiram que iriam utilizar a ressurgência da franquia Wolfenstein para colocar o dedo em muitas feridas. Com uma realidade cada vez mais insana, a história alternativa da Segunda Guerra que a franquia conta teve que seguir no mesmo caminho. Agora, em Wolfenstein: Youngblood, temos uma juventude oitentista, quase sem medos da guerra, tendo que lutar para retomar os últimos bastiões dos nazistas.

Em Wolfenstein: Youngblood, o jogador é apresentado a Jess e Soph, filhas gêmeas do herói B.J. Blazkowicz. Apesar de serem treinadas duramente pelos pais, as duas nunca tiveram contato com os terrores da guerra e do nazismo que dominou os Estados Unidos em Wolfenstein II: The New Colossus. Com o desaparecimento do pai na França, as garotas decidem que estão prontas para salva-lo.

Apesar de ser um novo trecho dessa nova história de Wolfenstein, Youngblood não se prende muita a narrativa. O foco aqui é testar. O game utiliza da premissa do spin-off da série principal para inserir algumas mudanças no gameplay. O FPS linear dá espaço à um mundo mais aberto, onde o jogador fará diferentes missões em áreas que já passou, algo semelhante ao visto em jogos como Destiny e Anthem. Claro, a ideia principal ainda é o shooter, mas não há mais uma história para se seguir. O estranho é que o modelo parece não funcionar bem em Wolfenstein: Youngblood.

Wolfenstein: Youngblood incentiva que você evolua sua personagem, compre novas habilidades, para então poder passar das Raids que são as missões principais da história. Porém, esse loop se torna repetitivo muito rápido, sendo até um pouco cansativo jogar longas sessões por dia. O que alivia um pouco essa repetição é o multiplayer. nesse ponto, Youngblood faz um trabalho competente de oferecer uma boa experiência para dois jogadores. A comunicação se torna essencial para conseguir passar por chefões e ter alguém para salvar a sua pele quando o tiroteio fica intenso, afinal a progressão de níveis é algo real e missões mais altas darão trabalho se você não tiver nível suficiente.

Assim como os outros dois títulos da franquia, Wolfenstein: Youngblood aproveita muito bem a cultura pop dos anos 80 para criar a imaginação de como seria o cenário na Europa caso os nazistas tivessem vencido. Encontrar as fitas VHS com versões de Purple Rain e outros filmes clássicos é divertido, mas um colecionismo bem dispensável se o seu negócio é apenas atirar na cara de um nazista.

Apesar de uma ótima experiência multiplayer, Wolfenstein: Youngblood se perde ao tentar trilhar o caminho de games as a service de alguns títulos, o que o torna uma experiência um pouco maçante. Agora é esperar, ver se teremos um Wolfenstein 3 e se todas essas novidades serão reutilizadas nos próximos títulos da franquia ou se voltaremos ao shooter padrão. Nota 6/10 tiros na cabeça de robôs nazistas.

 

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.