Review – Fort Solis

Horror espacial é uma temática muito bem explorada nos jogos, grandes exemplos como: Dead Space, Alien Isolation, The Callisto Protocol e muitos outros trazem uma roupagem própria para o gênero, alguns ganham mais destaque que outros devido a mecânicas ou narrativas aplicadas.

Fort Solis, desenvolvido pela Fallen Leaf, é o primeiro projeto do estúdio que busca inovar com sua tecnologia e narrativa em seus jogos. Nota-se a grande qualidade do jogo em questões gráficas ao utilizar o Unreal Engine 5.2 e a captura de movimento dos atores no jogo, porém, o título deixa alguns elementos a desejar.

Desvende o mistério você mesmo

Fort Solis é um jogo em terceira pessoa focado na narrativa dos personagens que ali se encontram em um planeta inabitado. Na pele de Jack Leary, você vai para uma base remota que emitiu um sinal de alerta e a partir deste local se inicia o suspense.

No estilo plano sequência (como em God of War Ragnarok), o jogo acompanha constantemente o protagonista desvendando o mistério que assola aquele lugar, seja investigando os emails, vídeos e documentos nos computadores disponíveis, bilhetes largados ou até mesmo gravações de voz.

Através destes arquivos encontrados, cabe a você compreender o que está acontecendo naquela base espacial. O mistério é você que resolve, a história vai acontecer normalmente e não é necessário fazer escolhas, mas o quebra-cabeças é você que monta. Qualquer interação e sequência de eventos podem fornecer contexto ou adicionar elementos à narrativa.

Não há uma um vilão que faz o famigerado discurso do seu plano maligno ou algum diálogo entre personagens que explique toda a trama do porquê aqueles eventos aconteceram, você vai pegar cada pedaço de informação e entender o que houve. É possível revisitar tudo que foi encontrado no próprio menu principal, sem ter que ficar andando tudo de novo.

Interações e muita caminhada

Não pense que você vai sair atirando em criaturas cósmicas em algum momento, você vai mais andar e interagir com coisas em Fort Solis do que um dia na academia. O que não é ruim, o jogo apresenta uma boa história e um mistério intrigante, o problema é como essas coisas são entregues.

Em certos momentos você entra em uma cena do jogo com possíveis Quick Time Event (QTE), é preciso ficar atento. Entretanto, não parece fazer muita diferença caso você erre, no máximo Jack topava o dedinho no móvel e tava tudo bem, sem risco de morte. Já em situações de tensão, você até assistia o protagonista correr pela sua vida, mas logo em seguida você já o está controlando com ele andando, sem a possibilidade de correr ou andar mais rápido.

Esse pode ser o elemento que mais me incomodou no jogo, o seu personagem só anda. Algo que para mim quebrava a imersão, pois uma hora você estava ali desesperado tentando sobreviver e logo em seguida ser encontrava andando calmamente pela base.

O puzzles não são muito trabalhosos de se resolver (menos cubo mágico), normalmente a resolução está em algum computador ligado que serve para abrir alguma porta ou interagir com algum objeto em específico para “ativar” o progresso do jogo, que funciona de maneira bem linear.

O jogo instiga o jogador a explorar cada canto e “correr” atrás de mais arquivos que auxiliem na resolução do caso, o grande problema é que o personagem só anda (e devagar). Admito que isso me deixou cansado após algumas horas de jogo, mas entender o mistério foi o que me manteve.

Fort Solis é um diferente bom, mas pode desagradar

Jogos narrativos têm seu sucesso dentre os diversos gêneros, Heavy Rain e Until Dawn são exemplos e recomendações constantes quando se fala sobre esse assunto. Não só esses títulos, mas muitos outros lançados posteriormente têm seu carisma e mecânicas próprias. Fort Solis utiliza da mesma fórmula, mas com alguns equívocos na sua jogabilidade.

Apesar de muitos elementos para assistir, ler e interagir, você se depara em muitos cenários grandes, com seu personagem andando a esmo por muito tempo, isso me causou uma impressão de um jogo vazio, mesmo compreendendo a proposta dada.

Ouso dizer que os trailers divulgados podem ser o problema para o jogo. Os dois que foram lançados abordam muitas cenas do início do jogo apenas, mas a atmosfera ali apresentada para o espectador é de algo totalmente diferente do que joguei. Muitas pessoas podem acabar frustradas devido a isso.

Fort Solis conta com textos e legenda localizados em Português do Brasil, assim como em certos elementos diegéticos no caso do data pad utilizado no punho de Jack. Logo, a compreensão de cada arquivo encontrado pode ser facilmente compreendido.

É um título que deixa claro que a Fallen Leaf está empenhada em trazer jogos de qualidade, basta se atentar futuramente em certos elementos de jogabilidade, mas no quesito narrativa segue com saldo positivo. O grande pecado de Fort Solis foi a aposta em uma experiência cinematográfica e acabaram esquecendo da experiência de jogatina.

Apesar de longas caminhadas, é possível terminar o jogo em cerca de quatro horas, caso você siga direto pelos objetivos, se estiver empenhado em encontrar tudo, imagino que você adiciona umas duas horas.

Jogar junto de amigos pode ser uma experiência interessante, no intuito de “assistir a um filme” e desvendarem o mistério juntos enquanto a história se desenrola.

Fort Solis está disponível para PC e PlayStation 5. O jogo sairá para Mac ainda este ano.

Fort Solis: Com foco em uma narrativa em plano sequência, Fort Solis surpreende com seu visual, mas carece um pouco em sua jogabilidade resumida a interação em objetos e Quick Time Events, algo que pode se tornar entediante para jogadores menos investidos no mistério. Otto

7.5
von 10
2023-08-22T15:00:53-0300

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.