Review – OlliOlli World

OlliOlli World é uma aventura arcade repleta de desafio e personalidade

Mesmo sendo um assinante de longa data da PS Plus (desde o final de 2013), confesso que dificilmente aproveito os jogos oferecidos gratuitamente no sistema. Uma dessas exceções aconteceu no já longínquo ano de 2014, quando o sistema recebeu o lançamento de OlliOlli, jogo de skate 2D que interpretava a prática de skate de forma bem diferente de séries como Tony Hawk’s e o SKATE da EA.

Na época, minha curiosidade foi recompensada por um título extremamente divertido e desafiador, igualmente marcado pelas novas tentativas e conquistas quanto pelas falhas. Quase oito ano depois, tive sensações bastante semelhantes com OlliOlli World, terceiro game da série que marca sua transição para um universo 3D e adiciona mais elementos de história.

A diferença é que aqui as coisas estão ainda melhores e mais equilibradas, tornando o jogo tão viciante quanto seus antecessores, mas muito mais acessível. Recuperando o que funcionou no passado e adicionando elementos extras bem interessantes, a Roll7 conseguiu atingir um patamar que, espero, seja o suficiente para fazer com que a série se torne mais conhecida pelo público em geral.

OlliOlli World traz uma viagem ao nirvana do skate

OlliOlli World nos leva a um mundo onde tudo gira em torno do skate. Nesse lugar colorido e cheio de figuras marcantes, o grande objetivo do jogador é conhecer os deuses do esporte e, com sorte e muita habilidade, conseguir provar que merece um lugar entre eles como seu representante na Terra.

Mas calma: não há nada de religioso aqui, somente uma história que não se leva muito a sério e traz elementos que lembram muito o desenho A Hora da Aventura — incluindo sua identidade visual. A jornada se passa por cinco territórios diferentes (cada um sob o cuidado de um Deus), pelos quais você deve passar junto a uma série de personagens que contextualizam o mundo e fornecem desafios variados.

Todas as fases de OlliOlli World seguem a mesma estrutura básica, na qual simplesmente chegar ao final garante acesso às fases seguintes — uma grande mudança em relação aos capítulos anteriores. No entanto, também há desafios com três níveis de pontuação e uma série de missões opcionais (que podem ser cumpridas em qualquer ordem ou tentativa) que garantem recompensas cosméticas para o jogador.

OlliOlli World

Embora sejam dispensáveis, elas formam uma parte importante do jogo e ajudam muito a dar personalidade para seu skatista. Há desde peças simples, como bonés e bermudas, até roupas de alienígenas e abelhas, bem como uma seleção vasta de tatuagens. Ao completar uma fase (e estar conectado à internet), ela também passa a exibir a pontuação de outra pessoa que a finalizou, estimulando o jogador a quebrar seu recorde.

OlliOlli World também oferece recompensas para quem dominar completamente seus truques e mecânicas, que surgem na base da repetição. Elas começam a ser oferecidas após o jogador encontrar cada um dos deuses e são destravadas de forma bastante natural conforme a aventura avança — com uma ou outra exceção, a repetição de movimentos é mera decorrência das ferramentas que você vai usar para vencer desafios e aumentar sua pontuação.

OlliOlli World

OlliOlli World é uma boa dose de desafios

Enquanto o jogo não barra o avanço de quem não consegue boas pontuações em suas fases, ele traz um nível de desafio tão intenso quanto seus antecessores — mas torna isso uma parte secundária da experiência. Algo que o título não diz, mas acredito que seja bom saber, é que ele é feito para você realmente ir mal (ou não tão bem assim) na primeira vez, estimulando a volta a fases anteriores assim que o jogador completa a missão principal.

Digo isso porque muitas das técnicas avançadas necessárias para vencer alguns dos desafios propostos só são ensinadas quando você progrediu bastante na aventura. Muitas das habilidades dos jogos anteriores permanecem válidas aqui (como os manuais e as mudanças de grind) mas, caso você não saiba como usá-los, o jogo só vai mostrar o tutorial correspondente próximo do seu fim.

OlliOlli World

Assim, para evitar possíveis frustrações, recomendo que você jogue em seu ritmo e, a princípio, se preocupe somente em chegar ao final das fases e abrir novos desafios. Ao final da aventura, equipado com mais experiência e conhecimento, vale a pena voltar a fases anteriores para usá-los para conquistar o que ficou para trás — e encarar os novos desafios associados ao Deus final.

O que surge como um ponto de reclamação é o fato de que, ao apostar demais na simplicidade de comandos, o jogo acaba se tornando um pouco confuso. Todos os comandos básicos são feitos usando somente o direcional analógico esquerdo que, depois de um tempo, revela tantas funções que fica fácil confundi-las entre si.

Ao mesmo tempo, quando comandos que envolvem outros botões são incorporados à experiência, é preciso um certo esforço mental para quebrar aquilo com o qual o jogo passou horas acostumando o jogador. OlliOlli World também peca por não trazer muitas opções de acessibilidade: além de não poder ser jogado pelo teclado (mesmo no PC), ele não permite em nenhum momento remapear seus controles.

OlliOlli World

O melhor da série

OlliOlli World é um daqueles títulos capazes de elevar uma série a um outro patamar de qualidade. Mais focado na diversão do que no desafio (que em nenhum momento fica de lado), o título consegue ser uma ótima mistura de skate com plataforma, e a transição para o 3D beneficia muito a visibilidade de seus cenários e obstáculos que surgem pelo caminho. Tendo como principal pecado a falta de acessibilidade, o jogo é uma ótima opção para quem procura uma jogatina simples e capaz de divertir durante horas.

OlliOlliWorld foi analisado a partir de um código da versão PC fornecido pela Private Division.

Nota: 9.5/10 vezes em que errei aquele grind e perdi o combo