Review – My Friend Pedro

Não são impulsos assassinos, a banana falante que me manda matar pessoas

Talvez os jogos japoneses tenham sido os primeiros que me lembro de aplicar uma nota para a performance em cada fase. Tanto em Devil May Cry quanto em Bayonetta, essas avaliações levavam em conta uma série de coisas, como tempo e não tomar dano. Mas o que ambos consideravam também era o estilo. Quanto mais habilidoso e fluído o jogador fosse ao passar de cada missão, utilizando a maior parte das habilidades que tinha a disposição e dominando o maior número de combos diferentes, mais estiloso ele seria considerado. My Friend Pedro, novo jogo publicado pela Devolver Digital, mostra que o estilo é tudo e que se você quiser boas notas no final, terá que se mover com um bailarino com sede de sangue.

My Friend Pedro traz a história de um rapaz que acorda sem saber onde está. Logo após retomar sua consciência, o protagonista conhece Pedro, uma banana falante que o ajuda a fugir do local que está preso. Esse amigo imaginário é um guia que mostra ao jogador como atirar, esquivar de balas, parar o tempo e até quem você deve matar no caminho.

Do começo ao fim, My Friend Pedro é sobre uma violência onírica. O impossível da banana falante encontra o brutal das trocas de tiros durante as fases. Essa mistura lembra muito Hotline Miami, jogo que colocou a Devolver sob os holofotes de muitas pessoas. A estrutura aqui é simples, passe de fase, mate todo mundo e não morra. Claro, diferente de Hotline Miami, o estilo aqui importa…e muito.

My Friend Pedro ficou conhecido por diversos gifs onde as mais belas proezas eram realizadas. Quebrar uma janela e logo se pendurar em uma tirolesa, enquanto fica de cabeça para baixo girando e atirando em uma série de capangas, é um dos exemplos complexamente malucas e totalmente possíveis no jogo. Com isso, o andar e atirar ganha uma camada quase estratégica muito divertida. Em todos o momentos você se pega pensando “como vou fazer isso do jeito mais legal?”.

Essa não é uma tarefa fácil, cada movimento depende de uma sincronia muito boa do jogador com a ordem dos botões. Porém, é muito comum ficar perdido com essas sequências e algumas vezes isso irá comprometer a nota no final.

O mais interessante é como My Friend Pedro cria uma série de obstáculos únicos em cada fase, quase como puzzles específicos. Isso exige que a linha de ação, e pensamentos, esteja sempre mudando ao avançar pelo jogo. Até mesmo os diferentes chefes adicionam novidades para as habilidades e possibilidades que o jogador vai encontrando pelo caminho.

My Friend Pedro sabe que seu forte está completamente na diversão e utiliza sua jogabilidade para entregar isso ao jogador. Este é um ótimo jogo para colocar músicas ou podcasts e passar horas tentando ser o matador mais estiloso que uma banana pode querer.  Nota 9/10 Bananas com pensamentos homicidas.

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.