Review – Monster Hunter Rise

Um título que retorna e abraça suas origens com grandes melhorias para as gerações atuais

Monster Hunter é uma série que se originou no Playstation 2, gerando grande sucesso e uma enorme comunidade foi surgindo. Com o tempo, a série foi tomando rumo para os portáteis como PSP e 3DS, se consolidando cada vez mais. Após seu último grande sucesso – nos consoles e PC – com Monster Hunter World e a expansão Iceborne, a Capcom lançou seu exclusivo (temporário) para Nintendo Switch, Monster Hunter Rise.

O título traz um foco visual na cultura japonesa feudal, muitos que passaram um tempo em Okami podem notar algumas semelhanças. Com o objetivo de proteger a Aldeia Kamura de uma calamidade conhecida como Frenesi, evento no qual os monstros perdem controle e ficam furiosamente poderosos.

Com uma história simples e direta, o jogo retorna a suas origens e foca em diversas melhorias que fazem os fãs mais antigos apreciarem, assim como agrada a novos visitantes.

Um início agradável

O início de Monster Hunter Rise pode ser um pouco vagaroso, uma vez que o jogo bombardeia de textos explicando diversas mecânicas. Para os jogadores experientes, os tutoriais que mais importam são das novas mecânicas originadas no novo título, porém pode ser cansativo para novatos, mas uma vez que realizado as primeiras caçadas e tutoriais, o jogador fica livre para usufruir do mundo. Com apenas alguns breves tutoriais surgindo ao longo da jogatina.

Como todo Monster Hunter, seu objetivo é caçar monstros – seja captura-lo ou mata-lo – e assim fazer melhorias e novas armas a partir das partes coletadas. O jogo separa a parte single player do multiplayer de maneira simples, as missões da Aldeia são para ser jogadas somente sozinho e as da Área de Encontro são possíveis jogar solo, online ou local em Switch diferente na mesma rede. As missões da Aldeia são fáceis de realizar uma vez que são escaladas para um jogador, logo, avançar nelas não são um empecilho e são importantes para o avanço na história principal.

É possível realizar as missões da Área de Encontro sozinho, uma vez que elas escalam com a quantidade de jogadores atualmente na mesma, portanto, vai da preferência do jogador encarar o monstro sozinho ou com amigos ou caçadores estrangeiros. Uma novidade que Monster Hunter Rise traz são as missões de Frenesi, modo que teve inspiração pelo Hyakki Yako, um antigo mito japonês comumente traduzido como “festival noturno de cem demônios”.

Nessas missões, os caçadores precisam se aliar aos aldeões de Kamura para preparar instalações defensivas e proteger a Fortaleza contra ondas de monstros invasores, incluindo monstros Alfa que podem chegar durante o cerco.

O Frenesi funciona como um modo Tower Defense que só é divertido jogando com outras pessoas. Minha experiência sozinho neste modo não trouxe muito divertimento, pois é necessário posicionar balistas, canhões e diversas coisas enquanto ondas de monstros chegam para atacar o portão principal. Os monstros Alfa são exclusivos deste modo, com saque único para fazer armaduras e armas. Dependendo do que você quer fazer, será necessário repetir tal missão.

Melhorias e novidades

Monster Hunter Rise abraça suas origens trazendo grandes melhorias, assim como boas novidades que tornam o jogo ágil e agradável para todos os jogadores. Além do fiel companheiro Amigato, o jogador agora pode contar com seu Amicão, que além de ajudar no combate, eles também podem carregar os caçadores nas costas para perseguir rapidamente monstros em fuga ou cruzar os mapas abertos com mais velocidade.

Os Cabinsetos foram uma excelente adição ao jogo também, para os familiarizados com Monster Hunter World, os Cabinsetos são uma versão melhorada da Prendedora, ferramenta que entrou junto da expansão Iceborne. Eles permitem que os caçadores se desloquem velozmente pelo ar em qualquer direção, podendo ser combinados com cada um dos 14 tipos de armas para criar Ataques de Sedaférrea únicos. Ao atingir os monstros com esses ataques, vai deixá-los suscetíveis à outra nova técnica, a Montaria de Serpe, com a qual os jogadores podem tomar o controle de um monstro temporariamente para qualquer que seja seu propósito, utilizá-lo em uma rinha com outro monstro no mapa ou apenas nocauteá-lo jogando na parede.

O jogo também introduz a Habilidades de Troca, que são destravadas conforme se progride no jogo. Para cada arma, é possível colocar essas habilidades no lugar dos ataques normais ou de Sedaférrea existentes, criando assim novos combos e estratégias que combinam com o estilo de cada jogador e sua arma de preferência.

Além dessas novas adições na parte de combate, Monster Hunter também melhorou na parte de coleta. Diversos minérios, plantas, ossos e muitas outras coisas estão espalhadas pelos mapas, recursos necessários para criar itens e equipamentos. Parte que antigamente era árduo e complicado para os jogadores que agora podem relaxar e aproveitar a facilidade que se tornou neste novo título.

Quero ser o maior de todos, um lendário caçador em Monster Hunter Rise

A parte que importa, as caçadas! Os caçadores irão se deparar com diversos monstros de títulos anteriores, alguns favoritos, outros pouquíssimos desejados. Junto deles, novos monstros também aparecem como o Magnamalo, Bishaten, Tetranodon, Aknosom, entre outros. Sem contar com os exclusivos do modo Frenesi. Os novos monstros são lindos e muito divertidos de enfrentar, eles foram inspirados em fantasmas e espíritos do folclore japonês, conhecidos como yokai, para seus designs. Com movimentos e alguns golpes diferenciados, cada monstro envolve um estudo para melhor enfrentá-lo.

Além da dificuldade dinâmica citada acima, o jogo traz um novo recurso, a Conexão de Caça, que permite que os jogadores criem etiqueta com seus objetivos e estilo de jogo, tornando possível buscar outros jogadores com as mesmas etiquetas ou convidar amigos para uma etiqueta que tenham criado. Ao completar uma missão em multiplayer, os jogadores também podem “curtir” os outros membros do grupo. As curtidas mútuas facilitam encontrar jogadores no pareamento depois.

Algo que novos jogadores devem saber é que Monster Hunter é um jogo de grind, dependendo do item ou equipamento que quiser fazer, será necessário repetir diversas vezes a mesma missão, caçando o mesmo monstro para obter tal drop, quanto mais raro, mais difícil de obter. A sorte envolve muito nessas horas, sendo bom sair quebrando todas as partes existentes no monstro, pois dependendo, isso pode ajudar também.

Caçar on the go

A possibilidade de jogar Monster Hunter Rise tanto na TV ou no portátil torna a experiência incrível e para alguns, nostálgica. É possível caçar, sem a menor dificuldade, dos dois jeitos. O hardware do Switch suporta muito bem o que o jogo comporta. Tive poucas quedas de FPS em ambos os modos, mas nada que me atrapalhasse ou incomodasse em meio a todo o caos que acontecia, tanto solo quanto multiplayer.

A praticidade de conseguir jogar no modo portátil faz com que a jogatina seja mais dinâmica, tendo a experiência de as vezes realizar uma caçada deitado na cama antes de ir dormir, após ter passado a tarde toda jogando na TV. Independente do modo jogado, não afeta ao jogar online, basta o console tendo uma conexão estável com a internet, a mudança de portabilidade não afeta em nada.

Gostinho de quero mais

Monster Hunter Rise não tem exatamente um fim – por agora – tanto em sua história quanto em sua gameplay. Após realizar a última missão, o jogo traz uma nuance de “Continua…” e ainda é possível continuar caçando solo ou com amigos. Porém é um tipo de final que traz uma sensação de incompleto, senti que precisava inserir o Disco 2 para continuar.

A ideia da Capcom de vender Monster Hunter como um jogo de serviço não é ruim, uma vez que grande parte das atualizações já estão confirmadas e serão gratuitas. O jogo inicialmente se sustenta sozinho, mas a longo prazo a falta de novidade acaba pesando. Isso afeta mais jogadores que se aventuram sozinhos do que online ou com amigos por razões óbvias.

A primeira atualização do jogo gratuita já foi anunciada para final de abril, e irá introduzir diversos novos monstros, incluindo a volta do popular Chameleos, um extravagante Dragão Ancião que causa confusão e depois some sem deixar pistas. O trailer de lançamento acima também confirma Rathalos Alfa como parte da Atualização de Jogo 1 para o modo Frenesi.

A localização é muito bem feita e com ótimos trocadilhos referentes à fauna, flora e animais. Porém, é notável um problema ou outro com uma tradução referente ao elemento Fogo (Fire), que no jogo traduz como Disparo e Corneta (Horn) para Chifre, mas nada que seja tão discrepante e complique o entendimento no jogo.

Monster Hunter Rise é um excelente jogo para jogadores que gostam de desafios, grind e matar monstros gigantes, seja sozinho ou com amigos. Para os que não estão ansiosos, porém interessados, é válido esperar futuras atualizações e ver o que o jogo trará, como foi com Iceborne em Monster Hunter World. A portabilidade traz uma experiência divertida e prática, ao pensar que é possível jogar localmente com outros amigos em cada console.

Monster Hunter Rise já está disponível para Nintendo Switch e será lançado para PC em 2022.

NOTA: 9/10 vezes que tive que enfrentar o Magnamalo até conseguir o drop que precisava