Review – Deathloop

Deathloop traz o melhor da fórmula da Arkane com uma história e visual cativante

Enredos de loops temporais são geralmente vistos em filmes ou séries de TV, muitos desses que imediatamente remetem a “O Feitiço do Tempo” – obra pioneira estrelada por Bill Murray – ou exemplos mais atuais como Boneca Russa, A Morte Te Dá Parabéns e No Limite do Amanhã.

No entanto, muitos estúdios estão utilizando essa forma de contar história e aplicando em seus jogos, como por exemplo Returnal, Twelve Minutes e o mais novo título desenvolvido pela Arkane Studios e distribuído pela Bethesda, Deathloop.

Acorde, descubra, morra, repita

Protagonizada por Colt, a história de Deathloop se passa inteiramente em Blackreef, uma ilha “presa” em um loop temporal no qual todos seus habitantes estão cientes e vivem eternamente realizando pesquisas, trabalhos e festas sem pestanejar.

Sem memória de como foi parar ali, Colt busca quebrar este ciclo infinito e sair dali, mas isso não é uma tarefa fácil, uma vez que Juliana constantemente o persegue para matá-lo e assim impedir de concluir seu objetivo.

Para quebrar o loop, você – na pele de Colt – precisa repetir o mesmo dia várias vezes para acumular informações necessárias sobre oito alvos importantes – conhecidos como Visionários – e como assassiná-los dentro de 24 horas e, obviamente, sem morrer para a Juliana ou qualquer adversidade.

Com a marca registrada de jogabilidade da Arkane, você tem a liberdade de explorar os locais da ilha da maneira que quiser utilizando seu arsenal de armas e poderes sobrenaturais.

Deathloop mescla sua jogabilidade e história de maneira tão encantadora que a imersão é quase que instantânea. O modo como a história é contada, o mistério do início ao fim, junto da maneira de executar diferentes táticas para abordar os alvos e concluir seus objetivos andam entrelaçados, apresentando um mundo vivo com personagens de características distintas das quais você pode usar a seu favor nos momentos mais propícios.

Todos os pedaços de informações encontrados ao longo do jogo trazem, além de se aprofundar um pouco sobre a história do jogo, uma peça de algum quebra cabeça a ser desvendado na caótica ilha de Blackreef. Cabe a você escolher, como e quando, utilizar essas novas pistas para obter vantagem sobre seus adversários.

Review - Deathloop

No caos ou na surdina, o objetivo é o mesmo

Para obter estes documentos, cabe a você explorar Blackreef da maneira que achar mais conveniente. Com um arsenal mortal e poderes sobrenaturais únicos (alguns podem parecer familiares caso tenha jogado Dishonored 1 e 2), você – como Colt ou Juliana – pode utilizar desde metralhadores, shotguns, pistolas e até mesmo uma arma de prego – todas com diferentes raridades e características próprias – que podem ser equipadas com até três Berloques cada para aprimorá-las. Dependendo da raridade, as armas trazem um aspecto interessante que quase nunca se vê em outros jogos de tiros, elas emperram; e quando isso acontece, muita coisa pode mudar.

Os poderes, denominados de Placas, são os facilitadores em Deathloop, após adquirir ao menos um deles, o jogo começa a ser um grande passeio por todos os locais da ilha, principalmente com a “Finta” que é o teleporte do jogo, com pelo menos essa Placa em mãos, tudo fica extremamente fácil.

Além disso, tanto Colt quanto Juliana podem equipar em si mesmos até quatro Berloques que trazem habilidades passivas muito úteis e com diferentes raridades. Tem Berloques para todos os gostos e estilos de gameplay, seja aprimorar a jogabilidade em stealth, no tiroteio ou até mesmo nos hacks.

Tudo isso para se preparar e quebrar o ciclo na pele de Colt ou mantê-lo na pele da Juliana. Deathloop mescla os modos single player e multi player de um modo interessante e já utilizado em outros títulos.

Review - Deathloop

Quebre o ciclo ou preserve-o para sempre

Enquanto você estiver como Colt e explorando Blackreef, em certos períodos – divididos em Manhã, Meio-dia, Tarde, Noite – e locais, a Juliana, sendo um jogador ou IA, poderá invadir seu jogo e tentar te matar para obrigá-lo a repetir o dia.

É interessante ver essa mecânica sendo aplicada em outros títulos além da série Souls e em Deathloop encaixa perfeitamente com apenas uma ressalva, infelizmente só é possível invadir as linhas temporais com a Juliana em períodos e mapas específicos, são eles:

  • Manhã – Baía do Karl
  • Manhã – Fristad Rock
  • Meio-dia – Updaam
  • Meio-dia – Fristad Rock
  • Tarde – O Complexo
  • Noite – O Complexo
  • Noite – Updaam

Isso é algo que atrapalha um pouco ao jogar com a Juliana, pois torna a busca por partidas demasiadamente longas e muitas vezes, quando encontradas, problemas de ping constantes que tornam a experiência muito desagradável.

Porém, é possível invadir os amigos, o que pode melhorar com relação à latência e lhe dar a liberdade de utilizar o mapa e os capangas a seu favor contra o Colt adversário.

Review - Deathloop

Um grande playground

O level design de toda Blackreef remete bastante aos títulos anteriores da Arkane, dando a possibilidade de avançar da maneira que quiser, seja por cima, no chão ou, em alguns lugares, por baixo. Em qualquer instância e a todo instante basta a sua vontade de como quiser abordar o local que estiver e você pode fazê-lo.

Todo o visual, estruturas e até mesmo as vestimentas são situadas na década de 60, período que o estúdio teve maior inspiração para o estilo do jogo. Um playground vivo no qual é possível obter informações até mesmo dos inimigos conversando, basta chegar no lugar certo, na hora certa.

Algo que facilita a exploração em Deathloop é a IA do jogo, que não é das melhores e pode ser facilmente explorada. Alguns podem se tornar um problema mais preocupante, como os inimigos que mantém um rádio para comunicar invasores. O maior perigo é quando os inimigos vem em grandes números e totalmente armados.

Deathloop pode ser curto ou longo, cabe a você decidir

Deathloop traz uma experiência agradável e fluída desde o início, sua história é cativante e personagens ainda mais, seu mundo é recheado de mistérios e elementos que atiçam o jogador a todo momento. É possível terminar rapidamente ao encontrar as pistas certas logo, mas acredite, você não vai querer fazer isso e perder tudo que esse jogo tem a oferecer.

O jogo vem totalmente localizado em português, desde as legendas, o menu e até mesmo a dublagem. É gratificante ver que muitos jogos tem sido dublados com uma qualidade excelente e Deathloop facilmente entrou nessa lista. Dublagem e localização impecável.

O mais novo título da Bethesda recebeu a atenção que merece e fez jus à todas as apresentações, diferente dos jogos de Dishonored que fizem um certo sucesso, porém, não receberam tantos holofotes na época que foram lançados.

Deathloop já está disponível para PlayStation 5 e PC (Steam).

NOTA: 10/10 vezes que tive que resetar o loop porque alguma Juliana me matou no meio dele

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.