Hi-Fi RUSH – Review
Hi-Fi RUSH é a maior surpresa positiva de 2023 até agora
Hi-Fi RUSH é aquele tipo de jogo raro nos dias de hoje. Não somente ele foi produzido durante anos por uma grande empresa sem ter nada dele vazado, como ele se trata de uma propriedade intelectual completamente diferente do que seu estúdio — a Tango Gameworks — costumava fazer. Para somar à lista de coisas fora do comum, ele também foi um título que foi anunciado em um dia, e, poucas horas depois, já estava disponível para o público jogar.
No entanto, todas essas características positivas de nada valeriam se o jogo de ação não fosse bom. E, felizmente, esse também é o caso, e ouso dizer que Hi-Fi RUSH é um dos títulos mais divertidos e inovadores dos últimos anos — e muito disso se deve ao fato de ele trazer de volta certo experimentalismo que marcou as gerações Dreamcast e PlayStation 2.
Mas vamos às fichas técnicas: em Hi-Fi RUSH tomamos controle de Chai, um jovem que quer ser um astro do rock, mas não consegue fazer isso porque um de seus braços não funciona mais. Para mudar isso, ele recorre a uma grande companhia que fornece membros mecânicos aos necessitados — e não demora muito para o protagonista descubra que ele benfeitor esconde intenções bastante malignas.
Hi-Fi RUSH é uma aventura musical
O principal aspecto que diferencia o novo game da Tango da maioria dos jogos de ação é o fato de que tudo nele é ditado pelo ritmo. Um grande fã de música, Chai tem uma espécie de iPod implantado em seu peito, o que faz com que ele (e o jogador) passe a ver tudo o que acontece no ritmo da batida de uma música.
Essa vira a mecânica central do game, já que todo ataque realizado (ou recebido), pulo e esquiva acontece no ritmo da música de fundo. Enquanto dá para tentar ignorá-la, isso faz com que sua pontuação fique menor e não seja possível realizar muito bem os diversos combos, cuja variedade só aumenta conforme você vence as missões do jogo.
Assim, usar seus ouvidos e paciência acaba sendo tão importante quanto decorar o comportamento de inimigos ou quais ataques funcionam melhor em cada um deles. Felizmente, se o ritmo auditivo não é sua melhor qualidade, o game também traz uma série de recursos visuais que facilitam saber qual o momento adequado de realizar comandos.
Conforme a aventura de Hi-Fi RUSH vai progredindo, destravamos novos ataques especiais, acessórios e uma esquiva, que ajudam a sobreviver aos desafios mais intensos. Ao mesmo tempo, Chai acaba desbloqueando dois aliados que se mostram essenciais para solucionar quebra-cabeças e destruir alguns escudos especiais que podem envolver os inimigos.
Pode parecer muito, mas o game faz um ótimo trabalho em ensinar suas bases e adiciona novas camadas de gameplay em um ritmo fácil de absorver. Ao mesmo tempo, sinto que faltou um tantinho mais de variedade nas músicas, mas isso pode ser somente preciosismo meu: como todas seguem o tempo 4:4, isso acaba limitando um pouco os desafios.
No entanto, isso não é algo que prejudique o jogo, somente uma sugestão de como o gameplay poderia ser enriquecido em uma possível sequência. Dito isso, devo elogiar a trilha sonora do game, que é formada por vários estilos de rock que combinam muito bem com a temática das fases e com os desafios enfrentados.
Hi-Fi RUSH é um game para jogar mais de uma vez
Entre uma e outra batalha, os jogadores de Hi-Fi RUSH também vão encarar alguns momentos de plataforma e descobrir vários caminhos alternativos e segredos. Muitos deles não são acessíveis em uma primeira jogatina, exigindo que você retome a aventura depois de os créditos rolarem para conseguir descobrir tudo que o mundo do jogo tem a oferecer.
De forma semelhante, sinto que somente uma jogatina é insuficiente para aprender bem os padrões de ataques de todos os inimigos. Enquanto a maioria dos adversários iniciais é previsível, confesso que só conseguir bater alguns dos mais avançados pela pura força da insistência (e pitadas de sorte e ódio) — o inimigo Samurai, por exemplo, é um que eu não tenho muitas boas lembranças.
No entanto, o que mais me chamou a atenção em matéria de desafios foram os chefes do game. Eles não são exatamente as coisas mais difíceis da aventura, mas o tamanho gigante, design (tanto visual quanto de gameplay) e piadas relacionadas a eles fazem com que cada encontro seja bastante memorável.
Por falar em piadas, Hi-Fi RUSH é um game raro por outro motivo: ele é genuinamente engraçado em alguns pontos. E ele faz isso sem tentar ser um jogo “para fazer rir” (como o reboot de Saints Row tentou, e falhou), oferecendo aos jogadores diálogos leves e com referências que nem todo mundo vai entender, mas que funcionam para quem as têm — tudo isso sem ficar naquele clima chato de “piada interna” que também seria bem chato.
Se você tem o Game Pass, vale dar uma chance
Resumindo tudo o que foi dito até agora, Hi-Fi RUSH é um game que funciona bem porque tem uma trilha sonora legal, personagens dos quais é fácil gostar e tem um gameplay com ideias únicas, que é ao mesmo tempo divertido de aprender e desafiante. Para completar, o jogo também tem um estilo visual bastante atraente e segredos suficientes para compensar a curta duração de sua aventura.
Se há um ponto a reclamar (e eu tenho o talento de sempre conseguir fazer isso), minha crítica seria em relação às câmeras. Infelizmente, o game sofre com o mesmo problema de outras aventuras de ação 3D em que os adversários podem “sumir” da tela em alguns momentos, o que torna bastante fácil acabar recebendo um golpe que não se sabe de onde veio.
No entanto, esse é somente um pormenor, que nunca gerou mais do que um palavrão e o reinício de um combo. Disponível para PC e Xbox Series X|S, Hi-Fi RUSH estreou diretamente no catálogo do Game Pass, e vale muito a pena conferi-lo se você assina o serviço — e, mesmo se esse não for o caso, os R$ 109 cobrados no preço cheio valem muito o investimento.
Hi-Fi RUSH está disponível para PC (Steam e Xbox Store) e Xbox Series X|S, fazendo parte do catálogo fixo do Game Pass. Analisamos o game no PC com um código fornecido pela Bethesda Brasil.
Hi-Fi RUSH: Hi-Fi RUSH é um game que funciona bem porque tem uma trilha sonora legal, personagens dos quais é fácil gostar e tem um gameplay com ideias únicas, que é ao mesmo tempo divertido de aprender e desafiante. – Felipe Gugelmin