Crítica – A Lenda de Tarzan
Veja essa releitura de um Tarzan tentando se acostumar com a rotina de um lorde
A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan) na tentativa de inovar e criar uma história nova, mesmo com momentos excitantes, caímos num blockbuster genérico. Quando pensamos em Tarzan, personagem secular, pensamos primeiramente no desenho da Disney, onde a maioria de nós criamos um tipo de Tarzan, e outras mídias após o filme tentam inclusive não fugir muito dessa construção, talvez por ser mais seguro do que mudar o personagem (que não tem só filmes da Disney, tem muitos outras versões do rei da selva). Aqui o filme tenta ousar criando um Tarzan totalmente diferente, uma releitura, que curiosamente nos trás algo nada novo. O filme se passa 10 anos após Tarzan (Alexander Skarsgård) deixar a selva e se tornar John Clayton III, um diplomata rico que vive com Jane (Margot Robbie) em Londres, porém recebe um convite de diplomacia no Congo que não passa de uma armadilha de um capitão que planeja destruir tudo pela sua frente.
A Lenda de Tarzan é dirigido por David Yates que é conhecido por dirigir os quatro ultimos (e mais emocionais) filmes de Harry Potter, ele geralmente trabalha com arcos emocionais bons, aqui ele acaba perdendo um pouco a mão e erra em muitos aspectos, visuais e de ritmo. Um dos principais problemas do filme é que ele não convence em muitos momentos, mesmo que o filme se esforce para trazer elementos que te prenda, ele acaba não trabalhando bem com quase nenhum. Outro problema é que ele não explica muito do passado de Tarzan, temos flashbacks porém ainda temos uma sensação de vazio. Tarzan (Skarsgård) me irritou um pouco com John Clayton, eu não via o background selvagem ali, muito menos dentro de suas camadas, mas quando ele vira o Tarzan novamente, fisicamente é fantástico, provavelmente porque ele traz visualmente tudo que esperaríamos do rei da selva, balançar em cipós e o grito clássico, porém em termos de atuação ele não surpreende, é superficial, é um protagonista testosterona genérico sem o espírito que gostaríamos de ver.
A Jane (Robbie) tenta trabalhar com o que tem, é uma atriz muito talentosa porém não teve muito espaço para desenvolver uma Jane melhor e acaba voltando pro clichê da donzela em perigo mesmo que a ideia fosse fugir do clichê (pelo menos o filme sabe disso e faz piada com isso). O personagem do Samuel L. Jackson (Os 8 Odiados), George Washington está ótimo, ele chama bastante a atenção com alívios cômicos e ajuda bastante no plot, não foi um personagem introduzido só para o enredo rodar. O vilão de Christoph Waltz (007 Spectre), Leon Rom é ótimo, ele lembra em alguns momentos bastante o amado Hanz Landa, o que é ótimo ao meu ver. E por ultimo temos Djimon Hounsou (Guardiões da Galáxia) fazendo o Chefe Mbonga e esse não nos acrescenta nada de bom, um conflito muito fraco com o protagonista, talvez o filme funcionasse sem ele.
O filme tem uma boa ação e um bom humor, os efeitos visuais são bons também, quando eles envolvem o Tarzan fazendo o que sabe os olhos agradecem, porém temos muitos excessos, uma cena em específico é muito superficial e pouco imersiva, pois temos muita CGI e muitas pessoas ao mesmo tempo. A Lenda de Tarzan não tem muito segredo, tribos, gorilas, caçadores por parte do material de origem, ação com CGI e excessos, nos dois casos conseguiu ser bem genérico, o filme não é ruim mas não é bom, pode divertir se você assistir com amigos.
A Lenda de Tarzan já está nos cinemas.