Crítica – Marvel Punho de Ferro

Série deixa de lado a fantasia oriental e foca em drama norte-americano

Em uma piada postada na internet, Jéssica Jones, Demolidor, Punho de Ferro e Luke Cage discutiam a origem de seus poderes. Após cada um citar seu envolvimento com fórmulas químicas ou experimentos com soros de super soldado, Danny Rand então explica que suas habilidades especiais vieram após ele ter socado o coração de um dragão imortal. Os três personagens acham isso estranho e de fato a origem do Punho de Ferro é um tanto peculiar. A Netflix sabia disso ao colocar o herói como parte do projeto em conjunto que formaria “Os Defensores”, mas talvez algumas decisões pareciam muito fora da realidade.

Punho de Ferro traz a história de Danny Rand, um herdeiro de uma empresa bilionária que é dado como morto quando criança. Após 15 anos, ele retorna para Nova Iorque, onde irá tentar se encaixar em uma vida que não lhe pertence mais. Porém Danny tem que lidar com a responsabilidade de ser a Arma Imortal e protetor da cidade mística de K’un-Lun, conhecido como Punho de Ferro. A própria sinopse da série já invoca o conflito que permeia o roteiro dos 13 episódios. Existe uma disputa clara entra a vida comum que o protagonista deseja recuperar e vida de super-herói, com poderes e vilões à serem combatidos. O que se sobressai são os problemas da vida rotineira, que acabam parecendo muito com outros seriados de jovens ricos e bonitos que devem passar por diversas provações para manter-se, bem, ricos e bonitos. O ponto forte de Punho de Ferro acaba ficando com alguns poucos personagens interessantes ao invés de sua trama como um todo. Exemplo disso são Colleen Wing e Ward Meachum que possuem boas evoluções em suas histórias, saindo de um ponto e chegando a outro ponto completamente diferente. Infelizmente, não é possível dizer o mesmo de Danny Rand, o protagonista deveria sofrer uma grande mudança, mas acaba por ser aquilo que era no primeiro episódio.

Luke Cage trouxe para as séries da Netflix uma visão atualizada de filmes Blaxploitation dos anos 70. Jessica Jones subverteu o Noir colocando a uma mulher no papel do detetive cheio de problemas, característico desse gênero cinematográfico, e ainda adicionando discussões atuais sobre abuso. Demolidor utilizou os filmes de vigilante para construir um herói que atua à margem da lei para salvar seu bairro. O esperado era que Punho de Ferro trouxesse uma visão revigorada dos filmes de Kung Fu dos anos 70, porém a escolha foi jogar seguro, deixando a expectativa de lado. Se ao menos as cenas de luta empolgassem em habilidade e realismo, como visto em filmes como The Raid e John Wick, mas por fim são versões com mais golpes do que foi visto em Demolidor.

Punho de Ferro serve como uma introdução ao personagem que estará em “Os Defensores”, porém não empolga como suas predecessoras. Talvez o final, com o vilão que é estabelecido para uma possível segunda temporada, seja promessa de que a séria tentará alcançar as expectativas de algum. No fim, o melhor de Punho de Ferro acaba sendo sua trilha sonora, composta por boas batidas de hip hop. Todos os episódios de Punho de Ferro estão disponíveis na Netflix.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.