Crítica – Cães de Guerra (War Dogs)

“Eu amo a América de Dick Cheney”

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Imagine que você tenha um emprego ruim, ganha pouco e precisa sustentar uma família, da noite pro dia você começa a vender armas para o exército americano e fica rico. Isso foi possível, a Era Bush foi marcada de histórias assim graças a guerra, em Cães de Guerra (War Dogs) vemos a mais emblemática dessas histórias. O filme é dirigido por Todd Phillips, muito conhecido por suas comédias, mas aqui ele pega poucos elementos de seus filmes anteriores e utiliza muitos recursos de outros diretores, como Martin Scorcese e David O. Russel, o que torna o filme bem interessante.

O filme conta a história real dos amigos David Packouz (Miles Teller) e Efraim Diveroli (Jonah Hill), dois traficantes de armas que conseguem um contrato gigantesco com o Pentágono que é feito de forma fraudulenta. O filme é dividido em três atos, o reencontro de David com Efraim, o crescimento de ambos no mercado e o contrato e as complicações desse contrato, porém cada ato é dividido por um “sub-ato” que começa com uma frase que é dita posteriormente nesse sub-ato, é um elemento bem utilizado pois é criada uma expectativa para quando a frase vai ser dita e em qual contexto.

Miles Teller faz um personagem estável e sensato, porém ele não chama tanto a atenção, apenas sendo um personagem que faz o plot andar, já o Jonah Hill brilha, engraçado, debochado e arrogante, ele faz um personagem totalmente canalha e nos ganha assim. Os personagens secundários são literalmente secundários, feitos para motivar em algum ponto o andamento da trama, mas só. Porém, o personagem do Bradley Cooper, Henry Girard, consegue chamar a atenção, ser intimidador tanto pela sua presença quanto pela sua fama.

Cães de Guerra tem muitos quadros simétricos e planos abertos ótimos, além de uma seleção de paleta de cores que nos dá realmente a impressão que estamos em locais distintos. A trilha sonora só chama a atenção na hora de fazer algumas piadas, mas em geral não é tão interessante assim. O filme tem um problema de ritmo na hora de decidir se é uma comédia dramática ou um drama com alguns alívios cômicos e isso acaba não aprofundando nenhum dos dois, isso é grave pois nunca sabemos que tipo de filme estamos assistindo. Isso acaba sendo meio grave na hora de transições de cenas de humor para cenas tensas, acabei me perdendo um pouco nessas horas

Cães de Guerra é um filme que não sabe o que quer, tem um elenco não tão bem aproveitado e problemas de ritmos, mas o filme acaba tendo momentos bem engraçados e sendo relevante pelo seu assunto, que critica com moderada incisão o comportamento americano da era Bush, não é cansativo e diverte.

Cães de Guerra estará em cartaz dia 8 de Setembro.

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.