Review – Tekken 8

Pai e filho vão decidir de uma vez por todas quem é menos malvado

Dentro do gênero dos jogos de luta, um subgênero ganhou seu – merecido – espaço entre os fãs. Inicialmente apontado como a “evolução”, os jogos de luta 3D mudaram a cena por completo. Logo encontraram o seu lugar de direito dentro do nicho, não como o futuro ou a evolução do mesmo, mas sim como uma alternativa. Quase 30 anos depois, temos em Tekken 8 a expressão máxima dos jogos de luta 3D.

Um novo capítulo

Tekken 8 acompanha a evolução do seu antecessor, que passou de “jogo chato” a sensação hype dos torneios ao longo de seus oito anos (por dois anos foi exclusivo nos arcades). Tekken 8 é para uma nova geração de jogadores, ao mesmo tempo que abraça o legado deixado pela franquia e convida os veteranos a se arriscarem em mais uma iteração do game.

Muita coisa mudou, ao mesmo tempo que muita permaneceu da mesma maneira. A gente tem em Tekken 8 um novo ritmo, construído a partir de mecânicas ofensivas que podem acabar com um round em menos de 10 segundos. Katsuhiro Harada está em dia com as novidades dos seus rivais no gênero, e conseguiu imprimir no game a sua própria  interpretação de mecânicas supostamente mais simples, que causam dano absurdo e convencem novos jogadores de que eles também tem uma chance no online.

O Heat Mode é uma ativação de barra inédita ao game – quem jogou com Geese Howard em Tekken 7, já vislumbrou um tipo de versão alpha da mecânica – que dá mais poder de ataque ao jogador, mas só pode ser ativada uma única vez por round (mas não é como se precisasse de uma segunda).

Novos golpes, novas transformações, novas posturas e, claro, novos personagens ingressaram em Tekken 8 para agitar o ano de 2024. E como vem se vendo no comportamento da FGC, tudo que é novo causa um misto de excitação, estranheza e um pouco de rejeição, pelo menos no começo. É, o choro tá forte na FGC, mas um choro sem fundamento apenas por conta de desconhecimento de matchup.

Muito conteúdo para um jogador

Tekken nunca decepcionou quando o assunto é conteúdo para um jogador. O single player offline, se preferir, é recheado de opções. A gente tem o modo história, que define o mote do jogo e dos personagens principais, Jin Kazama e Kazuya Mishima.

O embate entre pai e filho coloca o mundo em risco e entrega um divertimento honestíssimo, principalmente para quem gosta de uma boa farofa estilo anime, com discurso de vingança, cheio de transformações e motivações pessoais.

Além da narrativa principal do jogo (acho que o Heihachi ainda volta, hein), o game entrega uma história inédita na franquia, com foco em você, jogador. Sim, é o seu avatar que se torna o protagonista numa jornada em busca dos melhores jogadores de Tekken 8, espalhados por fliperamas no mundo virtual do game (é o Japão? Não faço ideia).

Aqui a aventura assume um tom mais tutorial, e ensina algumas nuances do gameplay de Tekken 8 através de desafios propostos pelos NPCs. Tem um monte de gente para enfrentar, os jogadores mais famosos para derrubar dos seus tronos de bairro e um caminho para trilhar em busca de se tornar o maior jogador de Tekken 8 da história (do jogo, claro).

É um lance muito parecido com a história de todo mundo que jogou fliperama nos anos 90 – 00, com os jogadores visitando fliperamas ao redor da cidade em busca de novos adversários mais fortes que os encontrados no seu próprio bairro. Um lance territorialista e cheio de nostalgia para quem viveu algo nesse sentido.

E também temos as histórias individuais dos personagens. Todas elas com começo e finais dedicados. Tem muita coisa engraçada, outras um pouco mais sérias, e meio que tudo canônico, né?

Aprender e aprender

Jogar Tekken 8 não é exatamente fácil. É um jogo de luta, e como todo jogo de luta, segue algumas diretrizes dos jogos do gênero, facilitando o aprendizado. A sua bagagem de jogos de luta (2D) te leva até certo ponto, mas dali em diante é preciso aprender o que foi cunhado às custas de muito suor e dedicação dos players ao longo de quase 30 anos de jogo.

E aí é quando a cobra torce o rabo. Uma punição errada pode causar o fim de uma ficha. Um adversário que apenas aperta botões aleatoriamente pode vencer você, um viciado em jogos de luta que não perderia esse embate em Street Fighter. E isso vai te salgar. Bastante.

Aprender as nuances do combate, como explorar a tridimensionalidade do cenário, estudar os combos de todos os bonecos, e por aí vai são coisas que levam tempo e dedicação. O legado é forte no game, e quem já vem de outras versões do jogo vai sair na vantagem. Uma vantagem temporária, diria.

Tekken 8 apresenta um online reformulado, com as partidas rodando de forma mais eficiente. O crossplay entre os jogadores de todas as plataformas (PS5, XBox Series e PC) favorece a comunidade e une os jogadores sob uma única ranqueada. A premissa é excelente, mas a entrega às vezes engasga, com ocasionais problemas de conexões ou uma sensação de falta de jogadores, por conta de uma certa repetição de adversários em determinados horários de jogatina – talvez os brasileiros gostem mais de jogar offline, não sei.

Se tem uma lição que eu aprendi jogando Tekken 8 por essas últimas semanas foi que é preciso saber defender, e bem. A defesa do jogo é o que vai distanciar o jogador casual daquele que se dedicou a aprender um pouco mais do jogo. Todo mundo ataca, e das formas mais alucinadas que você imagina. Já defender, são poucos que o fazem, e esses sãos quase sempre os verdadeiros ladrões de fichas online.

Tekken 8 já está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, possui o total suporte da Bandai Namco e está focando seus próximos passos dentro do cenário competitivo, como já era esperado. Vai ser um ano agitado para quem gosta de fighting games, com tantos jogos à disposição. Espero que a comunidade não se dissolva muito e que todo mundo encontre um adversário para encher de porrada por aí.

O jogo também pode ser adquirido através da loja do nosso parceiro, Nuuvem.