Review – Streets of Rage 4

Porrada em malandro na rua em alto estilo

Talvez Streets of Rage seja o maior sinônimo de nostalgia da minha infância. Os primeiros acordes da primeira fase me fazem lembrar de onde virão cada inimigo e, mais importante, como encher esses malandro de porrada com uma das melhores trilhas sonoras dos videogames. Mesmo que os Beat’ em ups tenha perdido seu brilho com o passar dos anos, atualmente os indies começaram a trazer novas visões para o gênero. O recente River City Girls reviveu a franquia River City para acrescentar a esses jogos um pouco de elementos de RPG. Na contramão disso, a DotEmu preferiu manter-se mais tradicional com o gênero em Streets of Rage 4.

O game se passa dez anos depois de Streets of Rage 3, com a ressurgência da criminalidade, comandada pelos gêmeos filhos do Sr. X, vilão dos primeiros jogos. Para tentar combater isso, Axel Stone e Blaze Fielding contam com a ajuda Cherry Hunter, filha do antigo parceiro Adam e Floyd Irraia, aprendiz do Dr. Zan, na esperança de lutar mais uma vez para trazer justiça às ruas manchadas de sangue e fúria.

Belos visuais e remixes

Como dito, a DotEmu tratou de ser bem tradicional ao criar a jogabilidade de Streets of Rage 4, assim como eles fizeram no excelente remake de Wonder Boy: The Dragon’s Trap, por isso fica até um pouco difícil falar das mecânicas aqui aplicadas. O interessante, mas que não é uma novidade nos beat’ em ups, é a adição de elementos de jogos de luta para criar combos que irão gerar pontos ao final de cada fase. Manter o fluxo de golpes, aproveitando armas que podem ser arremessadas ou até mesmo paredes que rebatem os inimigos de volta para sua zona de ataque,  são essenciais para os jogadores que desejam alcançar as pontuações usadas para desbloquear novas formas de jogar.  Quem já teve experiência com os outros games da franquia,  conhece bem o estilo de luta de Alex e de Blaze, mas os novos personagens trazem um frescor para o combate. Cherry é veloz e utiliza sua guitarra para atacar diversos inimigos de uma área curta, sendo ótima para combinar com quem é mais focado em dano. Aí entra Floyd, apesar de ser mais lento, a figura dele é maior , dando golpes mais fortes e ideal para impedir animações de ataques dos inimigos. Fazendo uma dupla bem única para ir até o final do game.

Apesar do ótimo trabalho, Streets of Rage 4 peca no que mais fez a franquia famosa, a trilha sonora. Mesmo que o estúdio tenha chamado Yuzo Koshiro e Motohiro Kawashima para fazer parte do projeto, as músicas ficaram muito aquém do que os fãs estavam esperando. As fases são divididas em atos e cada um deles é acompanhada de uma música diferente, perdendo um pouco de uniformidade no clima da fase como um todo. Para tentar contornar isso, o game colocou uma opção de nostalgia. Porém, isso não melhora muito a situação, pois tudo é substituído por versões remixadas não tão boas quanto as originais.

Streets of Rage 4 oferece uma abordagem mais inocente do que a franquia original, mas o carinho que a DotEmu coloca em seus remakes é inegável, fazendo com que seja possível ver todo esmero na tela. Mesmo que algumas expectativas possam não ter sido atendidas, toda a casualidade e as diferentes possibilidades de personagens que são habilitados mostram que beat’ em ups possam ter uma nova vida. Nota 8/10 franguinhos encontrados em cabines telefônicas.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.