Review – RAD

“You’re not rad, but you’re not bad”

Acho que ninguém mais lembra quando a nostalgia dos anos 80 começou. Talvez tenha sido com o fenômeno de Stranger Things, ou talvez alguma outra coisa tenha vindo antes. Tudo o que se sabe é que essa estética ainda está bem popular na música, em produções audiovisuais e nos games. O novo jogo da Double Fine, em parceria com a Bandai Namco, RAD traz todo o visual e tecnologia dos anos 80 em um roguelike cheio de coração, mas que peca um pouco em sua jogabilidade.

RAD se passa em um mundo atingido não por um, mas sim por dois apocalipses. O jogador controla um jovem que deve atravessar a desolação desse fim do mundo para conseguir ativar respiradouros e salvar sua vila. Para ajudar o herói, o ancião do povoado oferece uma modificação que permite absorver a radioatividade e usá-la para vencer os mutantes que habitam esse mundo.

No primeiro contato com o trailer de RAD, a câmera isométrica pode levar a pensar que o jogo segue a linha de Diablo, com fases procedurais e diversos itens para coletar. Porém, foi uma grande surpresa ver que se tratava de um roguelike durante a primeira hora. Saber disso logo no começo é bem importante, pois faz com que o jogador não se apegue às mutações que irá receber nas partidas.

A aleatoriedade nos poderes que o jogador recebe é uma maneira de RAD adicionar dificuldade na jogabilidade, porém, as diferentes habilidade não são muito bem balanceadas. Isso cria uma irregularidade nas sessões de jogo. Uma boa comparação é com The Binding of Isaac. Enquanto o game de 2011 era sempre divertido, apesar da repetição, pelos poderes básicos do protagonista serem eficientes contra os inimigos, o jogo da Double Fine peca nesse sentido. Sem as mutações, o personagem de RAD depende do golpe corpo a corpo de um taco de baseball. Porém, as criaturas sempre conseguem atacar entre os movimentos do combo básico. Isso gera uma combate onde o jogador é obrigado a adotar uma postura de ataque e fuga, tornando as sessões mais lentas.

O desenvolvimento de mundo, criaturas e mutações da Double Fine ajudam aliviar alguns pesares de RAD. Tudo é gracioso em seu misto de fofo e grotesco, sem nunca se esquecer de aplicar toda a estética dos 80 nas cores e itens espalhados pelo cenário. Apesar do personagem tornar-se uma bizarrice da natureza após as primeiras fases, os NPCs parecem nem se importar muito. Esse é apenas um dos fatores que mostra como a história de RAD é bem descolada de seu gameplay. O jogo até tenta oferecer pílulas de informação sobre aquele mundo com pedras de sabedoria, mas isso não tem nenhum aplicação ao longo da campanha.

RAD é divertido, porém, bastante limitado, o que é algo bem triste a se dizer de um jogo da Double Fine. No fim, a melhor definição do game é dada quando o personagem morre em alguma sessão. “You’re not rad, but you’re not bad. Nota: 6/10 vingadores tóxicos.

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.