Review – One Shot

O indie game que sabe quem é você!

Não são muitos os jogos que se atrevem a quebrar a quarta parede com o jogador, mesmo porque, na maioria dos casos, a lógica que permeia as narrativas tradicionais é aquela em que o jogador representa o próprio protagonista. Games como Undertale e Stanley Parable foram eficientes em realizar essa quebra num passado não muito distante e, agora, é a vez do estúdio independente Little Cat Feet provar que consegue fazer o mesmo, de uma maneira bem inteligente, com One Shot.

A novidade que surge em One Shot é que o protagonista e o próprio jogo conversam com você constantemente, de uma maneira bastante enigmática. O conceito se encaixa perfeitamente na narrativa, uma vez que você terá a função de guiar Niko, uma criança que foi escolhida para salvar um mundo decante e obscuro da perdição.

É aí que se desenvolve toda a história que, por sinal, é muito bem escrita, mantendo o jogador empolgado do início ao fim. Niko carrega uma responsabilidade muito grande, sendo visto como um “messias” pelos habitantes daquele planeta. Sua missão é restaurar o sol, que outrora já existiu, ao colocar uma espécie de lâmpada mágica no alto de uma torre.

No entanto, essa jornada não seria possível se Niko não contasse com você, o jogador, que é comparado a um “Deus” que deverá guiar e proteger a criança em seu caminho até a torre e, frequentemente, ela pode simplesmente conversar com você, pedir sua opinião ou até perguntar sobre coisas supérfluas.

Essa mecânica presente no game faz com que se desenvolva uma conexão bastante profunda com o protagonista, já que você se sente realmente uma peça chave para a história e o eventual sucesso da missão. O jogo não só sabe seu nome como também cria opções de diálogos com Niko, possibilitando que cada um responda do seu próprio jeito.

De modo geral, todas as demais mecânicas envolvem exploração, diálogo com os personagens e a resolução de quebra cabeças. Alguns desses são mais intuitivos que outros, mas o nível de dificuldade não é grande. O game funciona de maneira linear e, para avançar para outros locais, será fundamental que o jogador solucione esses puzzles. Destaque para o fato de que alguns puzzles do game também quebram a quarta parede de uma forma bastante inovadora – só não vou contar para não estragar a surpresa.

A arte do game é outro elemento que merece destaque: desenvolvido no RPG Maker XP em 2014, One Shot tem um design todo pixelado e bastante “fofo”, que por vezes nos faz lembrar do já citado Undertale. O estilo artístico dos personagens também se assemelha com o estilo dos animes japoneses.

A trilha sonora também merece elogios ao ser eficiente em manter o jogador habituado às diferentes atmosferas presentes ao longo do game e, de modo geral, se adequa bem aos momentos de aventura. Há, por exemplo, certas cenas em que os sons pendem mais para causar uma sensação de terror psicológico e outros em que há uma maior sensação de tranquilidade.

Por essas e outras razões, como o fato das escolhas serem importantes e fazerem a diferença em One Shot, é que esse indie merece atenção. Contando com uma história que faz emocionar, personagens bem caracterizados e mecânicas que quebram a barreira imaginária do mundo fictício versus mundo real, o game certamente fará com que você se surpreenda positivamente. É importante mencionar também que, após zerar o jogo pela primeira vez, o jogador desbloqueia uma segunda oportunidade de jogatina que se diferencia bastante da primeira.

Não perca tempo e corra para ajudar Niko em sua jornada, afinal, há apenas uma chance!

One Shot está disponível para PC na plataforma Steam.

Letícia Motta

Huge nerd. Apaixonada por eSports, JRPG's e ficção científica. Passa as horas vagas nos videogames e PC.