Review – Furi

Observe, aprenda e torne-se um mestre

Existe um momento mágico no aprendizado, que é aquele exato momento da travessia da linha entre o estudar e o saber. Quando para perceber, você já está executando o que estava estudando com naturalidade, com alguns tropeços talvez, mas melhor do que quando começou. Furi é um jogo desenvolvido pela The Game Bakers que desperta essa sensação o tempo todo e isso é um dos pequenos detalhes que o tornam tão fascinante.

Furi segue o gênero de ação em terceira pessoa, misturando um combate de corpo-a-corpo com tiros a distância. A história traz a narrativa do The Stranger, um samurai misterioso que está encarcerado em uma prisão de alta tecnologia, sendo torturado todos os dias. Em dado momento, The Stranger é visitado por uma figura enigmática usando uma cabeça de coelho, que facilita a fuga. O samurai deve passar pelas ilhas flutuantes e enfrentar cada um dos carcereiros para se ver finalmente livre. A narrativa de Furi é uma camada presente nos detalhes que o homem com cabeça de coelho tem com o samurai, não sendo muito o foco do game.

A jogabilidade é focada no combate de chefes. A constante nesses inimigos é que cada um apresenta dois estágios básicos, o combate a distância, onde o jogador pode mover-se livremente pela arena, e o combate corpo-a-corpo, onde o foco está no uso da espada e boa esquiva. O que Furi ensina à figura que está jogando é o quão útil é a arte da observação, assim como presente de maneira mais bruta em jogos da série Souls. É preciso ter um momento introspectivo de observação para entender como é necessário se comportar para dar dano ao inimigo. Quando se adquire o conhecimento necessário, vem o momento de repetir essa habilidade até tornar-se um mestre, seja a esquiva, maestria com a espada ou tiros precisos. Cada oponente é desenvolvido de uma maneira especial, para desenvolver perfeitamente a maneira que se joga.

O único problema que Furi apresenta é que algumas lutas tornam-se quase como um bullet hell, com projéteis voando para todos os lados da tela. Esse excesso de informação acaba por comprometer um pouco a taxa de quadros, atrapalhando a execução da esquiva, por exemplo. O visual escolhido pelo jogo é simples e se assemelha muito aos jogos de Afro Samurai, até o próprio roteiro tem uma similaridade com a história desse personagem.

Furi é uma grata surpresa desse ano, algo que não tinha uma grande expectativa em cima e que trouxe um material primoroso para a mão dos jogadores. Uma dica preciosa para quando for jogar, use fones de ouvido, é sério. A trilha sonora escolhida para o game se encaixa incrivelmente, criando em alguns momentos o ritmo que os golpes devem seguir para serem mais letais. Furi é uma experiência de ação que tem muito a ensinar para jogos de grandes estúdios. Retire sua espada da bainha e prepare para se tornar mais habilidoso do que nunca.

Furi já está disponível para PC e PS4.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.