Review – F1 2019

Mantendo a qualidade da simulação anual, novo jogo da série tem tudo para agradar fãs da franquia

Os fãs de Fórmula 1 estão acostumados com longas hegemonias. A Ferrari no começo do século, a Red Bull no início da década e atualmente a Mercedes, com 5 anos de invencibilidade. Se isso é verdadeiro dentro das pistas, o mesmo pode ser dito no mundo virtual. A desenvolvedora Codemasters domina o mercado da categoria, produzindo uma simulação fiel ao esporte mais rápido do mundo desde 2009. F1 2019 é mais um excelente capítulo na história do esporte no mundo eletrônico.

Assim como a maioria dos jogos anuais de esporte, as novidades de um título do ano passado para um do ano atual se encontram nos detalhes. A qualidade da simulação, assim como a beleza dos gráficos continua no mais alto patamar. A grande novidade do ano é a adição da Fórmula 2, a “categoria de base” da Fórmula 1. 10 novas equipes e 20 novos pilotos são adicionados ao jogo, todos licenciados. Por mais que não haja mudança na jogabilidade em si, as regras diferentes do campeonato de F2 proporcionam uma nova experiência aos jogadores que desejam por novos desafios.

O modo carreira, tradicional carro forte da franquia, integra de maneira muito inteligente a adição da Fórmula 2. Seu piloto começa em uma equipe da F2 e deve conquistar seu espaço no campeonato principal. São poucas corridas pilotando os carros da categoria, mas o jogo é capaz de dar importância aos eventos, com uma interação com dois pilotos após o fim de cada corrida. Seu companheiro de equipe, assim como seu rival no campeonato aparecem após cada bandeirada final, interagindo com sua performance na pista e dando ao jogador opções de diálogos que afetam o desenrolar do jogo. É uma pena que essas cenas expirem assim que você entra na categoria principal, desperdiçando o que poderia ser uma ótima narrativa.

Ainda assim, o modo carreira continua sólido. Seu piloto deve responder perguntas da imprensa a cada fim de prova, e suas respostas lhe dão pontos em uma de duas categorias. A de corredor “Carismático” e corredor “Do Time”. A prevalência de um dos dois estigmas facilitará sua contratação para novas equipes, já que algumas preferem um tipo de piloto ao outro.

Os treinos que antecedem a corrida fazem um bom papel de ensinar aos inexperientes as nuances do jogo. É importante entender que esse não é um arcade qualquer, e como boa simulação, requer uma atenção detalhada. É possível customizar o carro ao mínimo detalhe, assim como decidir com quantos litros de combustível seu carro irá iniciar a corrida. Isso tudo importa, especialmente nas dificuldades mais difíceis do jogo.

O game é hábil ao deixar a dificuldade extremamente customizável, o que garante um jogo personalizado que pode entreter do mais ávido fã, que deseja percorrer 60 voltas em um Grande Prêmio, ao fã que quer correr apenas 5 e não se interessa por mudança de pneus e condições da pista. A única problemática é o fato de não poder alterar essas customizações durante a temporada, o que acaba tornando muitas vezes um ano inteiro de pilotagem em uma ocasião fácil demais ou muito difícil.

A customização do seu piloto também é um ótimo elemento do jogo, por mais que peque em alguns aspectos. O jogador deve escolher faces já prontas para seu avatar, mas as opções são diversas, das mais diferentes etnias e gêneros. É positivo ver a inclusão de mulheres nas opções de avatar, por mais que a dublagem na narração e nos diálogos do modo carreira constantemente confundam o gênero, especialmente se você pilotar como uma mulher. A tradução e a localização da dublagem são bem feitas, mas a entrega dos comentários em português no início de cada etapa deixam muito a desejar, parecendo mecânicas e sem o menor tipo de emoção.

O modo online é chamativo, possibilitando a customização do carro. É possível achar inúmeros campeonatos, cada qual com suas especificações. Aos que se interessam pela modalidade no E-Sport, o jogo oferece um prato cheio dedicando uma parte do menu inicial para as novidades da categoria, uma excelente forma de divulgação.

F1 2019 ainda tem uma série de “Eventos Exclusivos”, que simulam atuações lendárias de carros marcantes durante toda a história da F1. Com carros licenciados da década de 70, 80, 90 e do início dos anos 2000, o modo exige alguns pequenos desafios que podem ser completos em um período curto de tempo, mas que são divertidos. Entretanto, o modo não deixa de ser uma decepção por não explorar o seu verdadeiro potencial. É incrível pilotar a Ferrari de Schumacher, mas o jogo jamais faz a questão de exaltar isso. Pelo contrário. O nome do piloto jamais é mostrado e todos seus adversários são carros de outras épocas, pilotados por avatares genéricos. A adição de alguma cena, ou até mesmo de uma simples narração tornaria o modo mais imersivo e um ótimo agrado aos fãs de longa data da modalidade.

O conteúdo pago que adiciona os lendários Prost e Senna ao jogo faz um trabalho melhor com o passado da F1, tendo para si um modo próprio dentro do game. Nele, escolhemos Prost ou Senna, completamente licenciados, para cumprir desafios semelhantes aos do modo “Eventos Exclusivos”, ambientados nas pistas que marcaram a rivalidade do francês com o brasileiro. Uma contextualização melhor, assim como uma narrativa propriamente dita faria esse modo algo memorável, mas mesmo sem essas adições, a DLC é capaz de satisfazer os fãs de longa data das corridas.

Em mais um ano, a franquia da Codemasters se provou excelente em tudo o que se propôs fazer e é, sem sombra de dúvidas, a melhor simulação de Fórmula 1 nos  games. Pelo menos, até ano que vem. Nota: 9,5/10 curvas do S do Senna.

Daniel Vila Nova

Fã de literatura, vai de Machado de Assis a Turma da Mônica em uma única sentença. Jogador de RPG, tem todos os consoles da Sony mas jura que não é Sonysta. Adora filmes ruins.