Review – Desperados III

Você não poderia imaginar que cowboys em stealth poderia dar tão certo

Minha primeira experiência com a série Desperados foi com um CD de demos no Windows. A sessão curta, porém, muito divertida para época, coloca o jogador no controle de Cooper para executar uma missão simples de cavalgar até uma cidade e atirar em um pessoal. Mesmo que sem muita complexidade, aquela jogabilidade ficou grava em minha mente por anos. Com o lançamento de Desperados III ficou aquela dúvida se o jogo ainda superaria minha nostalgia em um dos meus primeiros computadores pessoais, o que pode ser dito é que o produto final é muito mais elaborado do que só uma demo antiga poderia entregar.

Em Desperados III você joga com John Cooper, personagem conhecido de outros jogos da franquia, que está na busca de Frank, um líder de gangue responsável pela morte de seu pai. Por se passar antes do primeiro game, essa história funciona como um prequel, mostrando como Cooper conhecerá os companheiros como Doc, Kate O’Hara e Hector Mendoza. Mesmo que tenha sido desenvolvido por um estúdio alemão, Desperados tem uma ótima ambientação no cenário da Oeste Selvagem americano dos anos 1870. Apesar de não se aprofundar tanto nas nuances históricas do período, o título consegue utilizar bem questões comuns nesse tipo de história, como a vingança e tramas políticas envolvendo a construção de ferrovias pelo país.

O estilo de jogabilidade de Desperados III é bem incomum, sendo trazido mais aos holofotes após o lançamento de Shadow Tatics: Blades of the Shogun. O game se baseia em fases táticas com a necessidade primordial de manter o stealth. Nos primeiros cenários, os ambientes são bem controlados, desenvolvidos para ensinar ao jogador as formas de jogar tanto em tempo real, como em um ritmo mais compassado em que as ordens de cada personagem são definidas antes da execução. Após esse modo tutorial, Desperados III oferece locais amplos, mais vivos que permitem o uso da imaginação na hora de resolver os puzzles. É incrível como esse pensamento tático se torna rapidamente como uma partida de xadrez, em que você visualiza uma miríade de cenários possíveis para alcançar o objetivo oferecido. A repetição, e um pouco de frustração, também são parte dessa experiência, exigindo que a tentativa e erro seja uma presença constante.  Cada personagem possui habilidades próprias que podem ser somadas para que funcione, ou até mesmo para que tudo seja um desastre que acaba sendo a resposta no final.

Desperados III se mostra um ótimo jogo ao trazer uma jogabilidade que havia sido deixado de lado e atualizá-la com as capacidades que os novos aparelhos podem oferecer, como as criação de checkpoint menos punitivos, que deixam o game mais fluído. Mesmo que o estúdio tenha trabalhado com esse estilo em Shadow Tatics: Blades of the Shogun, aqui é possível ter uma noção de jogo estratégico em tempo real em sua melhor forma. Nota: 9/10 bang bang, mas quietinho para ninguém ouvir. 

 

 

 

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.