Review – Dandara Trials of Fear Edition
Acostume-se a pular
Representatividade é o que define Dandara, “metroidvania” de 2018 que chegou a fama e reconhecimento internacional no cenário de jogos indie, pelas suas referências e pelo que mais o destaca: sua movimentação.
Cito representatividade pela importância que o título tráz ao cenário contemporâneo de jogos, tanto mundial quanto brasileiro, que ilustra e dá voz a personagens e acontecimentos históricos, ou até esquecidos, de nossa cultura nacional. Sendo representado por Dandara, uma garota negra representante de uma guerreira do período colonial brasileiro, o jogador se movimenta por meio de pulos, deixando de lado a movimentação comum de um jogo de plataforma 2D.
Sem dar spoilers, o jogo traz boas referências a personagens da cultura nacional, mas sem profundidade de diálogos ou histórias interessantes sobre eles. O foco acaba sendo o combate e movimentação, deixando de lado o investimento nessa vertente. O cenário conta com terrenos visualmente propícios para que Dandara efetue seus pulos, ou seja, parte da movimentação acaba sendo um tipo de quebra-cabeça para o jogador, que deve encontrar e se acostumar com os padrões adotados pelo designer para chegar onde pretende.
O jogo mantém o uso constante de quebra-cabeças espaciais e o diversifica com inimigos que fazem parte do desafio de ir e vir deste metroidvania, assim como armadilhas e interações com o cenário, mas que podem ser parte de um dos poucos pontos frustrantes do jogo. Falando em pontos frustrantes para o jogador, como mencionado, são poucos, porém são em pontos cruciais para um jogo deste gênero. Além do posicionamento e execução de boas ideias de armadilhas serem pouco aproveitadas, a movimentação faz parte dos desafios da maioria dos chefes do jogo.
O design das batalhas e os pontos fracos dos inimigos são engajantes, porém manter a fluidez de movimento que a luta exige é uma questão a ser superada por boas horas de jogo. Levemos em consideração que foi utilizado somente o joystick e mouse com teclado durante esta avaliação, portanto o jogo ainda pode ter uma sensação bem diferente se jogado em plataformas que permitem o toque na tela, como o Nintendo Switch e smartphones.
Mesmo com pequenas falhas no combate, este é tratado como desafios pontuais enquanto se navega, e a mecânica que não deixa esta viagem se saturar são os diferentes poderes de Dandara. Cada um cumpre sua função específica, seja em combate ou em manter o progresso da fase, como esperado de suas inspirações de gênero.
A DLC gratuita, Trials of Fear, adiciona um conteúdo relativamente grande para o jogo base, disponível para acesso em uma área já explorada no jogo. Garantindo boas horas de gameplay, a DLC traz diálogos, personagens novos e uma visão a mais relacionado a história principal explorada no jogo desde o início. As fases e os Chefes adicionados são ótimos desafios e mantém o jogador imerso dentro de sua história e combate.
Dandara é uma boa recomendação para amantes de pixel art, servindo como inspiração para adaptações de artes e pessoas reais para este estilo, e amantes de exploração bem recompensada. Com pontos negativos que não o permite ser um dos melhores do gênero, ele ainda tem seu diferencial estético, que chega a ser abstrato o bastante para despertar a curiosidade de muitos.
NOTA: 8/10 vezes que pulei na parede errada
Texto por João Xavier