Review – Brut@l

LET’S KICK SOME ASCII!

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Brut@l é o mais recente trabalho da Stormcloud Games com uma proposta bastante interessante de homenagear os clássicos games ASCII, baseados em texto e construções visuais pautados por caracteres especiais. Com alguns elementos de roguelike, o jogo também se apresenta como um desafio, tendo a perma death como uma de suas piores consequências. À primeira vista, o design é um de seus principais atrativos, uma vez que a fórmula já é bastante conhecida: dungeons e temáticas medievais.

Logo no início o jogador deve optar entre algumas das classes existentes para começar sua jornada: amazona, guardião, guerreiro e mago. Cada classe possui características únicas como o valor do HP inicial e algumas vantagens como habilidades específicas. Por exemplo, o mago tem uma quantidade de HP menor do que os demais, mas possui mana extra e uma habilidade passiva exclusiva, como a recarga de mana mais rápida. As quatro classes presentes no jogo me interessaram bastante, principalmente pelo fato de cada uma ter um visual único.

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A partir da criação do personagem, você fica livre para começar a explorar as dungeons, proceduralmente geradas e cheias de mistérios. Brut@l é um game com três dimensões e uma visão isométrica, o que permite uma boa experiência de imersão num universo escuro, mas sofisticadamente construído com caracteres especiais que dão cor e vida às misteriosas masmorras. Sua missão é, basicamente, explorar e sobreviver ao final de 26 níveis, para que possa finalmente enfrentar uma espécie de boss final.

Numa espécie de tutorial inicial são apresentadas algumas instruções e mecânicas básicas relacionadas ao combate, acesso ao inventário, menu de habilidades, sistema de craft, entre outras coisas. Você começa portando somente uma tocha e pode utilizar de seus punhos para golpear os inimigos que vão de esqueletos e zumbis até trolls e orcs. Um dos aspectos interessantes do combate é o fato de que, alguns inimigos, como os zumbis, só podem ser realmente mortos com fogo. Além disso, uma das instruções recebidas inicialmente é de que todos os elementos do cenário podem ser destruídos e ganha-se pontos extras por isso.

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Em Brut@l as recompensas são importantes. É possível encontrar diversos itens, como comidas (seu herói também sente fome!), partes de set armors que eventualmente são pegos em baús ou inimigos, saques que equivalem a uma grande quantidade de gold e até mesmo poções dos mais variados efeitos e itens de criação, além das receitas de criação. Esses planos são importantíssimos pois é a única forma de obter armas no jogo, uma vez que elas não podem nem ser compradas e nem pego de outra forma.

Para construir uma determinada arma, o jogador precisará das peças necessárias e essas peças são nada mais, nada menos que alguns dos próprios caracteres especiais que podem ser coletados pelos cenários. As letras são um dos itens mais importantes e legais de se coletar, pois também servem para encantar armas com poderes elementais como fogo, gelo, eletricidade e veneno. Portanto, além de ficar atento com as armadilhas, inimigos e loots existentes no cenário, deve-se atentar também para as letras muitas vezes escondidas pelos mais ocultos caminhos existentes nas masmorras, mas nada que o mapa que o jogo fornece não possa ajudar.

Apesar do nome, o gameplay não apresenta uma dificuldade exacerbada. De um modo geral, os inimigos não são um grande desafio, ainda que a dificuldade aumente gradualmente a cada nível que você avance. Um dos fatores que mais pode dificultar a jornada, no entanto, é o próprio cenário, muitas vezes recheado de armadilhas como espinhos, barris explosivos e de buracos no meio dos corredores. Muitas vezes consegui enfrentar hordas de inimigos, mas um descuido na hora de pular de um corredor para o outro e já era, game over.

Esse é um dos pontos em que o jogo me decepcionou um pouco, chega a ser irritante avançar vários níveis, vencer vários inimigos e acabar morrendo por simplesmente cair de um cenário. Como o jogo tem perma death, quando você morre tudo é perdido e se reinicia, logo, deve-se ter o maior cuidado e atenção possível, pois do contrário, você será punido.

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Felizmente, existe uma maneira de conseguir uma segunda ou terceira chance para sobreviver mesmo após a morte. Ao acumular riquezas e saques, você tem a opção de realizar uma oferenda aos deuses em altares presentes nas masmorras. Caso sua oferenda seja aceita pelos deuses, você ganha uma vida extra e, caso contrário, eles ficam com a oferta mas não te oferecem nada em troca. Bom, vale o risco né?

Com um visual único e nostálgico, Brut@l é uma bela homenagem aos antigos RPG’s pautados em texto e código ASCII. A experiência já um tanto clichê de explorar dungeons em games ganha uma roupagem extremamente viva e cativante ao contar com um sistema de craft bastante moderno e divertido e níveis procedurais que tornam uma experiência sempre diferente da outra.

Infelizmente, a opção de co-op presente no game é apenas local, o que limita um pouco a experiência de multiplayer para os jogadores. No mais, ainda que não seja tão desafiador, o indie é uma ótima opção para os fãs de dungeons crawlers e amantes de fantasia medieval, que, como eu, passariam horas explorando sem se cansar.

Brut@l já está disponível para Playstation 4.

Letícia Motta

Huge nerd. Apaixonada por eSports, JRPG's e ficção científica. Passa as horas vagas nos videogames e PC.