Review – Breakers Collection
Breakers Collection é uma boa oportunidade de visitar o passado dos games de luta
Embora tenha se transformado em um gênero de nicho nos dias atuais, nos anos 1990 os jogos de luta reinavam supremos nos consoles e nos arcades. Nesse contexto surgiu Breakers, uma série de games associados às plataformas NeoGeo que tentava se diferenciar com um sistema de combos relativamente fáceis de executar e um elenco de personagens carismáticos.
Na prática, os games se encaixavam na categoria de “clones de Street Fighter”. Isso porque, além de emular muito bem os estilos de luta do clássico da Capcom, a série também era formada por arquétipos de personagens que se encaixavam em clichês muito semelhantes àqueles que formavam o game estrelado por Ryu.
Apesar disso, Breakers e sua sequência, Breakers Revenge, tinham atrativos à parte que o faziam se diferenciar de outros games semelhantes. Com gráficos e animações muito bonitos para a época, eles também se destacavam por trazer um gameplay muito responsivo e balanceado, provando que a equipe responsável por ele não queria simplesmente ganhar uns trocados emulando um game mais conhecido — e isso fica evidente na coletânea publicada pela brasileira QUByte Interactive.
Breakers Collection é a versão definitiva de um clássico
Após alguns minutos jogando Breakers Collection, se tornou fácil entender porque a franquia cultivou uma base cult de fãs até hoje. Ambos os jogos são muito gostosos e responsivos de jogar, permitindo que quem já está acostumado com outros títulos do gênero se adapte a seus cenários e desafios em questão de pouquíssimo tempo.
No contexto da coletânea, meu jogo favorito sem dúvida foi Breakers Revenge. Além de contar com um elenco de personagens mais amplos, ele também tem alguns ajustes de gameplay que fazem dele o jogo mais completo do pacote — e recomendo que você comece por ele caso nunca tenha ouvido falar da franquia no passado.
Não vou negar que não senti algumas lembranças fortes de Street Fighter 2 ao jogar, mas o elenco é diferenciado o bastante para não parecer que eu estava jogando uma mera imitação. Além disso, os golpes disponíveis ajudam a dar personalidade ao título, fazendo com que seus adversários se mostrem bastante surpreendentes.
Nesse sentido, o game também chamou a atenção pela dificuldade. Nos modos contra a inteligência artificial (Arcade e Team Battle), é preciso ter bastante habilidade e jogar com cuidado para não tomar uma sova. Enquanto as primeiras fases tendem a ser bem tranquilas, não demora até que os inimigos aprendem a se defender e usem combos e contra-ataques capazes de destruir facilmente as táticas do jogador.
Assim, acabei encontrando uma experiência mais equilibrada para meu nível de habilidade nos modos online — que, infelizmente, sofriam um pouco com a falta de jogadores no período de testes pré-lançamento. Contando com todas as modernidades dos games mais recentes do gênero (como o Rollback Netcode), as opções multiplayer funcionam muito bem e, após o lançamento, devem se beneficiar muito dos aspectos crossplay da coletânea.
Breakers Collection vai direto ao ponto
O único aspecto que me desapontou um pouco em relação à Breakers Collection se deve à falta de conteúdos extras. Enquanto a QUByte acertou em cheio ao pegar um jogo clássico e torná-lo acessível e bem executado em plataformas modernas, senti que faltou um pouquinho de “extras” para quem já era fã das antigas.
A adição de um modo treinamento e de uma galeria de imagens é bem-vinda, mas seria legal ver algum trabalho mais documental sobre os jogos presentes. Não precisava ser algo tão elaborado quanto a coletânea recente dos 50 anos do Atari, mas seria legal ter acesso a artes promocionais do game em revistas e, quem sabe, até mesmo às impressões que ele gerou na época.
No entanto, essa é uma pequena reclamação diante do fato de que, em sua essência, Breakers Collection cumpre muito bem seu papel. Os games disponíveis rodam muito bem e têm tempos de carregamento curtíssimos (isso com testes no PlayStation 5), e os modos online estão recheados de recursos que incentivam a competição e o desejo de subir nos rankings.
Só não posso recomendar a coletânea a todos devido ao fato de que os games não são exatamente um primor de equilíbrio, algo que pode ser atribuído mais às suas origens do que ao trabalho da QUByte. No entanto, se esse não é um grande obstáculo para você e a intenção é só trocar uns socos virtuais com os amigos, o pacote disponível não vai decepcionar.
Breakers Collection está disponível para PC (Steam),PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch. Analisamos o game no PlayStation 5 com um código fornecido pela QUByte Interactive.
Breakers Collection: Os games disponíveis rodam muito bem e têm tempos de carregamento curtíssimos (isso com testes no PlayStation 5), e os modos online estão recheados de recursos que incentivam a competição e o desejo de subir nos rankings. – Felipe Gugelmin