Review – Battlerite
E se MOBA fosse somente uma Arena?
Depois de uma fase alpha e beta cobertas por um extenso acordo de não divulgação, deixando novos e velhos fãs angustiados por notícias do sucessor do falecido Bloodline Champions finalmente a espera acabou. No dia 20 de setembro foi liberado oficialmente o Acesso Antecipado de Battlerite. Produzido pela desenvolvedora sueca Stunlock Studios, Battlerite é um TAB (Team Arena Brawler) que nasceu com um objetivo: fazer funcionar a fórmula da arena absolutamente PVP.
Gênero por gênero, há quem compare o jogo com os clássicos MOBAs – como League of Legends e Dota 2, mas apesar de que a definição de ambas as siglas (Multiplayer Online Battle Arena e Team Arena Brawler) queira dizer a mesma coisa, os jogos têm características bem diferentes na prática. Battlerite dispensa as rotas, os minions, o jungle, os itens, os níveis e até mesmo a barra de MANA! Tudo para que o jogo seja única e exclusivamente o combate. Puro, sem distrações, se assemelhando muito mais a um jogo de luta do que um MOBA convencional.
O jogo possui apenas 2 modos (e sem perspectiva da inclusão de outros por enquanto): 2v2 e 3v3. Fora o tamanho das equipes, mais nada é mudado no sistema. E é claro, com tantos elementos “removidos” da fórmula que até então conhecemos o jogo fica super simples de entender.
Cada jogador controla um personagem num esquema de movimentação bem diferente, ao invés de usar o botão direito do mouse pra andar, usa-se o WASD. Seu mouse é sua mira, e SIM, isso significa que você é obrigado a mirar tudo nesse jogo, inclusive seus “ataques básicos”. Os personagens possuem um total de sete habilidades, sendo cinco delas básicas – as que possuem apenas um tempo de recarga pra limitar o uso, uma que custa energia além do cooldown, e um Ultimate que custa sua barra inteira de energia.
E é isso! Quando todos de um time forem eliminados, um ponto para o time que continua de pé! O primeiro time a chegar a três pontos é o vencedor.
Toda essa super simplificação faz com que o jogo seja extremamente fácil de aprender. O objetivo do jogo é muito simples,, em contrapartida, os métodos pra se chegar nele não são tão simples assim. O combate é cheio de nuâncias e condições específicas que vão se aprendendo com o tempo, e até o mais veterano dos jogadores de MOBAs tradicionais pode sim se sentir desconfortável com a mudança de ritmo de jogo e vai ter problemas encontrando fundamentos do jogo.
Felizmente Battlerite é um jogo que aprendeu com os erros de seu antecessor. A primeira coisa que o jogador se depara ao abrir o jogo é ser introduzido ao excelente tutorial que não só te explica todo o sistema de movimentação e suas habilidades, como também te põe numa prova de fogo logo no início pra sentir o calor da batalha. Mas é claro, nem tudo é perfeito. Apesar de que o tutorial de fato ensina tudo que um jogador precisa saber da superfície, alguns sistemas primordiais são ignorados, tais como a existência de habilidades EX e a mecânica de cancelamento manual de animação.
Além do tutorial e suporte a partidas versus AI, o jogo conta com um ótimo Modo Treino, onde escolher personagens e simular situações recorrentes em partidas é surpreendentemente simples. Por mais que o sistema de introdução ainda esteja longe de ser perfeito (lembrem-se, é um Early Access), existem pouquíssimas dúvidas em potencial que um jogador novo não possa conseguir solucionar por conta própria em pouco tempo.
Battlerite é extremamente leve. O jogo demanda apenas 1,5gb de espaço em disco rígido, e têm performance aceitável inclusive em computadores que não dispõem de uma placa de vídeo dedicada. A Stunlock Studios, respondendo a um questionário público no reddit, afirmou que otimizações ainda estarão à caminho. Sendo assim, o jogo é e será ainda mais acessível para absolutamente qualquer jogador aspirante não precisar se preocupar em ter “máquinas da NASA” pra se divertir com o jogo.
Apesar de ser leve, o jogo é super bonito. O estilo visual deve agradar bastante jogadores de League of Legends e também ser uma boa lembrança a quem passou pelo Torchlight. Em especial o trabalho de partículas do jogo está cinematográfico não só por estar maravilhosamente lindo, mas também pela leitura visual simples e intuitiva para que os jogadores identifiquem com clareza “o que tá acontecendo” nas partidas. Os efeitos sonoros também foram muito bem feitos nesse sentido, tendo em vista que existem habilidades que são reagíveis por conta dos sons que elas fazem. Os personagens são super caricatos e é muito difícil se apegar a apenas um só, mas gostaríamos de ver a atuação de voz um pouco melhorada (apesar de que estamos mal acostumados com o nível de qualidade absurdo dos trabalhos da Riot, Valve e Blizzard, que de fato dão aula com seus artistas de dublagem).
No fim das contas, Battlerite está sendo o refúgio que muitos jogadores estavam há tempos procurando sem saber. O verdadeiro herói que precisávamos, mas não sabíamos. A famosa frustração pra memorizar item builds, masteries e todo o blábláblá que é a barreira de entrada de qualquer MOBA tradicional não existe em Battlerite. O jogo de verdade está em acertar suas habilidades e trabalhar em equipe. O foco é o combate. O resto é resto.
Battlerite conta com servidores brasileiros e já possui uma comunidade bem movimentada nas terras latinas. Já existem campeonatos e transmissões, e muitos players consagrados de outros jogos estão sendo vistos por aqui.
O jogo também possui uma ferramenta relativamente única, O Odeum. Trata-se de um visualizador de replays que além de ter suporte a Realidade Virtual para simular uma câmera de verdade dentro da partida, é um lugar onde os jogadores podem compartilhar os melhores momentos de suas partidas com muita facilidade com seus amigos. Existe um feed de jogadas de seus amigos, e é possível “repostar” jogadas, assim como também “seguir” jogadores em particular. É realmente super simples e intuitivo ter acesso a jogadas legais pelo próprio jogo, e não precisar masterizar um software de edição para compartilhar esses momentos é uma super vantagem.