Review – Battlefield 1

A beleza nos horrores da guerra

Quando a DICE revelou que uma das maiores e mais famosas franquias de jogos de guerra seria ambientada tempos atrás, durante a Primeira Guerra Mundial (1910), a surpresa foi geral. De uma maneira inteligente, o estúdio mudou o foco dos conflitos modernos reincidentes no universo dos games para conflitos antigos, mas inovadores. Battlefield 1 traz um belo recomeço para a série de games da EA, ao enfatizar o horror da guerra, a inevitabilidade da morte e a humanização dos soldados por meio de vinhetas narrativas bem escritas. Como se já não fosse bastante, o recém título ainda conta com um dos multiplayers mais incríveis e empolgantes que a série poderia nos apresentar.

A surpreendente mas curta campanha de Battefield 1 trata muito mais dos horrores do que dos heroísmos. Em meio a um universo em que a história romantiza as guerras, assim como os produtos midiáticos o fazem, o novo game rompe com esse paradigma. Dessa vez, temos uma redefinição, ou melhor, um grande choque de realidade. Não, a guerra não é bonita e não é legal. Por meio de seis pequenas missões você pode acompanhar histórias não lineares sob a perspectiva de diferentes personagens, cada um tendo suas próprias motivações e sem relações entre si. As mecânicas de jogo são ligeiramente simples, mas o que realmente surpreende é o poder da narrativa, a diversidade das aventuras e o próprio fato de que não necessariamente haverá um final feliz.

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Se o foco anterior era contar histórias épicas de ação e destruição, a impressão é de que agora o foco é apresentar histórias diversas que acontecem em meio ao caos da guerra, histórias mais reais, como dramas. Em algumas delas você tem o poder de decidir como concluir a missão e qual caminho seguir e há também colecionáveis escondidos que podem ser coletados pelo jogador. Um dos pontos mais interessantes da campanha é a possibilidade de controlar uma guerreira beduína por diversas missões extremamente divertidas e empolgantes, o que traz uma personagem feminina jogável para a série, ponto positivo. Além disso, em alguns momentos o jogador provavelmente vai se questionar com relação a veracidade de algumas histórias, já que os personagens podem estar tentando te enganar.

Em uma missão intitulada Through Mud and Blood, a jogabilidade chega ao seu ápice e te permite controlar um pombo, isso mesmo, você não leu errado. Ao longo dessa missão você deve controlar um pombo-correio que é solto pelos soldados presos num tanque rodeados de inimigos. Nesse momento, o jogador sobrevoa o campo de batalha completamente caótico e destruído, na esperança de entregar a mensagem e conseguir salvar o grupo. Creio que, sem dúvida, esse foi um dos momentos mais legais da campanha.

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O grande destaque do novo título segue sendo o seu multiplayer bem executado, complexo e empolgante. O modo permanece fiel às raízes de combate em espaço aberto, agora maravilhosamente adaptadas à ambientação da Primeira Guerra Mundial, incluindo armas, veículos e todos os pavorosos cenários. Certamente um dos aspectos mais legais se dá pela mudança de perspectiva, já que voltamos no tempo. Nesse sentido, todo os equipamentos e itens disponíveis são uma grande novidade. Estar num tanque, caça, ou Behemoth, por exemplo, é uma experiência única e muito divertida.

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Contando com seis modos diferentes para até 64 jogadores, sendo quatro já tradicionais da franquia, como o queridinho Conquest, em que você deve conquistar um território e manter sua dominação o maior tempo possível e Rush; e os dois inéditos: War Pidgeons, que coloca um pombo-correio aleatoriamente no mapa para as equipes capturarem, e Operations, que funciona de forma parecida com o Rush, mas a equipe atacante deve capturar territórios.

Muito provavelmente o modo Conquest continuará sendo um dos favoritos, já que é um dos modos mais similares a uma guerra de fato, possibilitando que os jogadores façam estratégias e se organizem para poder atacar os inimigos da melhor e mais inteligente maneira possível, o que rende horas de diversão.

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Alguns dos destaques do modo multiplayer vão para os designs dos mapas que, embora um tanto quanto repetitivos, são impressionantes e proporcionam horas de exploração e destruição. A ambientação varia bastante entre desertos, florestas, castelos e obras arquitetônicas, com pontos de contestação cercados por construções. Os belos gráficos tornam o design ainda mais bonito de ser apreciado. Há uma série de elementos, como as partículas de pólvora e as de fumaça que escalam os ceús, tornando as paisagens mórbidas as mais fascinantes.

Apesar da curta duração de sua campanha solo, Battlefield 1 consegue inovar ao voltar no tempo e reinventar suas narrativas. A criação de contos que narram histórias de soldados não só é surpreendente como também muito mais emocionante do que simples histórias épicas sem muito sentido. As batalhas seguem extremamente cativantes no modo multiplayer e os novos armamentos históricos com certeza tornam a experiência muito mais prazerosa. Resta esperar que a DICE continue trabalhando com a temática da Primeira Guerra Mundial não só porque já temos um ótimo resultado mas porque ainda há muitas outras histórias para serem contadas.

Battlefield 1 já está disponível para PS4, Xbox One e PC.

Letícia Motta

Huge nerd. Apaixonada por eSports, JRPG's e ficção científica. Passa as horas vagas nos videogames e PC.