Escape Hotel – Um dia assistindo amigos saírem de uma Escape Room
Uma diversão que se tornou quase um estudo antropológico
A equipe do Geeks United estava toda pronta para jogar uma Escape Room, mas era possível ver os movimentos de ansiedade com a pequena novidade. O Escape Hotel faz noites especiais durante o ano, acrescentando o nível de imersão da brincadeira. No caso era a Noite do Terror, onde espíritos e aparições dão as caras durante a hora de jogo. Entre a descontração habitual havia um pequeno nervosismo quase imperceptível, entre risadas exageradas e movimentos corporais ritmados. Devo confessar que esses sinais eram mais presentes em minha pessoa, como um medroso de carteirinha, não tinha a menor noção de como meu corpo reagiria quando estivesse dentro da sala. Ou talvez até soubesse e apenas não queria admitir que talvez fosse mais afetado sobre a situação.
O primeiro susto foi logo na entrada, quando das cortinas que separam o Lobby do corredor que leva para a Escape Rooms, surge uma figura pintada como um Lobby Boy morto-vivo. Foi um bom início e um presságio para o que viria. Fomos levados para a sala da Loira do Banheiro, onde o intuito era descobrir quem havia assassinado a moça e libertar a pobre alma. A ambientação do banheiro escolar, com pichações nas paredes, era muito bem feita, o que aumentava mais ainda a tensão. O medo criado naquele ambiente podia ser parte por antecipação dos sustos causados especialmente naquela noite ou até um pouco de trauma do passado, afinal todos sabem o quão assustadores são os banheiros escolares, seja por lendas urbanas ou pelo bullying praticado neste local.
Neste momento, o pânico tomou conta do meu corpo, fazendo com que meu raciocínio se perdesse. Não demorou muito para que eu tomasse a decisão de utilizar o botão vermelho para sair mais cedo do jogo. Alguns podem até achar que fui fraco, mas a verdadeira diversão começou por conta disso. Me ofereceram para assistir meus companheiros realizando o jogo e fui levado para a sala de controle.
A sala de operações de uma Escape Room é como o cômodo onde todas as câmeras de segurança são observadas, porém com suas particularidades para com o jogo. Eu já havia jogado Escapes com aquelas pessoas antes, mas a mesma tensão que havia me tirado mais cedo ainda estava presente em todos os outros participantes, em menor escala. Era possível observar o quão cauteloso estava a cada novo enigma, entre as resoluções não havia as comemorações típicas de estar mais perto de vencer. As reações todas eram contidas, para evitar que se algo de ruim fosse acontecer, não estivessem desprevenidos.
O ritmo do jogo era parecido com o adotado em outras salas, porém isso mudou com o primeiro susto. Para não dar spoilers, vou apenas deixar que uma surpresa assustadora acontece ao abrir uma das portas. Isso fez com que a cautela fosse a maior presença entre a equipe, o que levou um pouco da velocidade de resolução dos desafios. Quando o segundo e derradeiro momento de espanto aconteceu, isso fez com que toda a cautela fosse substituída por uma sensação paranoica, como se algo estivesse a espreita. Com essa presença constante, a capacidade de dedução novamente foi comprometida.
No fim, infelizmente a equipe não conseguiu escapar, eu estava lá à espera deles quando saíram. A derrota trazia estampado em seus rostos vestígios do choque causado pela situação e frustração pela derrota. Eu não ajudei e nem participei do jogo, mas a experiência de ver todas as engrenagens de uma Escape Room funcionando foi incrível e eu indico para os que tiverem a oportunidade.