Descoberta do Game Pass – Cocoon

Toda quinta ou sexta-feira eu abro o Game Pass para ver o que está entrando (ou saindo) no catálogo para escolher o que irei jogar durante o fim de semana. Enquanto a reação normal seria decidir entre Starfield, Lies of P ou Payday 3, acabei optando por Coccoon, um título novo e desconhecido. Sabendo apenas que foi desenvolvido por um game designer de renome, me aventurei e logo nos primeiros minutos eu pensei “Que jogo é esse e por que eu não estava sabendo disso antes?!”

Desenvolvido por Jeppe Carlsen, o mesmo game designer responsável por Limbo e Inside, dois indie games consagrados de nosso tempo, e distribuído pela Annapurna, publisher focada em grandes narrativas, Coccoon já dá o spoiler de sua qualidade impecável antes mesmo de iniciarmos o jogo.

Coccon é um jogo de aventura 3D com grande foco em puzzles e até algumas boss fights. No jogo acompanhamos a jornada de uma criatura humanóide-cigarra, do momento de seu nascimento até o ápice de sua evolução. Começando sua aventura em um mundo árido, a personagem precisa avançar por diversos obstáculos através de mecânicas inteligentes, mesmo com um controle simples. Digo isso pois há apenas um botão de interação com o ambiente, mais do que suficiente para criar enigmas difíceis, já que não há uma explicação de todas as possibilidades de ação.

O jogo começa simples, como interações para mover plataformas, ativar escadas ou arrastar objetos. Em um determinado momento nos deparamos com um altar, nos levando a um outro mundo com um orbe laranja, que na verdade, é o mesmo mundo em que estávamos. Carregar este orbe permite ativar botões especiais, deixando claro a necessidade de alternar e navegar entre mundos para resolver os puzzles.

Cada orbe é único, apresentando mecânicas exclusivas quando navegado internamente, ou dando ao jogador habilidades diferentes quando carregados externamente. Com o laranja conseguimos construir pontes especiais, com o verde subir e descer plataformas, já o branco dispara projéteis e por fim, o roxo se reconstrói. Se lembrarmos que é possível agrupar mundos dentro de si, temos a receita perfeita para um jogo complexo e com muita profundidade.

Um ponto alto do jogo está em um puzzle recorrente em que o jogador liberta um companheirinho voador, necessário para habilitar a arena do chefe de cada mundo. Para liberar esse NPC o jogador precisa providenciar uma determinada combinação de códigos que estão escondidos pelo mapa, exigindo um pouco de calma e observação.

Por não ser o foco do jogo, as lutas contras os chefes são super simples e fáceis. Não que eu esperasse um boss de Elden Ring, mas gostaria que as lutas fossem mais longas e desafiadoras, justamente por serem tão divertidas e diferentes. 

Os gráficos trazem um aspecto mais para o lado “low poly” que, particularmente, gosto muito. O grande destaque fica na trilha sonora e sound design: impecáveis. Além das músicas que contribuem para criar um excelente clima de mistério e surrealidade, o jogo dispõe de diferentes efeitos sonoros para guiar o jogador, criando uma experiência mais imersiva.

Como estamos falando de um jogo single player e puzzle, não espere replayabilidade. Há apenas um elemento opcional no jogo, Ancestrais da Lua, que são grandes criaturas escondidas pelo mapa em áreas opcionais. Cada NPC liberto dá uma conquista ao jogador, obrigando-o a prestar atenção no cenário ao seu redor caso queira “platinar” o game.

Cocoon é uma experiência incrível

Se por algum motivo o jogador avançar e quiser voltar, para libertar um Ancestral que ficou para trás ou treinar speedrun, o jogo conta com um sistema de checkpoint fixo em que é possível retornar em posições pré-determinadas pelo jogo. Só que durante as quase 5 horas que levei para finalizar, a única vez que precisei usar foi bastante frustrante, pois só havia uma possibilidade de retorno: antes de iniciar puzzle. Como eu só queira voltar uns 10 segundos no tempo, para tomar outro caminho e libertar o Ancestral, deixei de lado e segui em frente.

Um jogo que eu não esperava nada, mas entregou tudo, através de puzzles complexos, boss fights divertidas e uma direção de arte magnífica. Já disponível para PC, Switch, PS5/PS4 e Xbox, e também através do Game Pass.