Crítica – Vingadores: Guerra Infinita

Guerra Infinita mostra como se adaptar um bom filme de Super-Heróis

Se tratando de super-heróis e franquias que abordam crossovers como “Vingadores”, é preciso que exista um payoff para o espectador, pois ele investe horas e dinheiro para acompanhar um filme deste tipo, que se trata de unir diversas outras franquias. O espectador espera sair do cinema satisfeito. Diversas vezes como no caso de “Liga da Justiça” e “Batman vs Superman”, os filmes foram feitos com tanta pressa, que acabam não entregando esse Payoff.

A Marvel passou a última década setando seu universo de super-heróis, para aos poucos nos aproximarmos de Guerra Infinita, e isso é um gesto que merece uma certa apreciação. Enquanto nos últimos anos eles entregaram filmes com uma qualidade um pouco desbalanceada, Infinity War veio para mostrar que por trás disso tudo existia todo um payoff planejado. Se você não gostou de “Guerra Civil”, “Era de Ultron”, ou de “Thor: Ragnarok” e “Guardiões da Galáxia”, saiba que Guerra Infinita está aqui para te entregar um payoff por todos os eventos de seus predecessores filmes.

A maior preocupação dos fãs quanto ao filme, era se conseguiriam tirar proveito de tantos heróis em tão pouco tempo de filme, e se ainda desenvolveriam a jornada de Thanos atrás das joias do infinito em apenas um filme. A Marvel conseguiu dividir o storytelling muito bem, e dar momentos marcantes para todos os personagens. Do começo ao fim você percebe que todos os personagens têm sua participação em alguma cena relevante.

Vingadores unidos!

A reunião deles começa aos poucos e vai escalando até ter finalmente quase todos eles trabalhando juntos novamente. O papel deles mudou bastante desde “Guerra Civil”.

Capitão América finalmente deixou de ser o “inocente” do grupo. Dessa vez temos um Rogers muito mais sério. Homem de Ferro é o bom e velho Tony Stark de sempre. Sarcástico, bem-humorado, e sempre preocupado em proteger a humanidade. Thor continua sendo o Thor de sempre, mas muito mais poderoso e irritado que de costume. Viúva Negra foi uma decepção, pois apesar de ter tido ótimas cenas de luta, ela quase não falou nada durante o filme todo.

Hulk é o ponto onde o filme falha. Diria que o Hulk foi a pior coisa do filme todo. A introdução dele no filme foi ótima, mas dali em diante foi ladeira abaixo. Não entendo porque a Marvel deturpou tanto o Hulk ao ponto de ter transformado o Bruce Banner em um personagem desnecessário que só serve o propósito de “ser engraçado”.

Isso sim é algo que eles precisam muito trabalhar nos futuros títulos.

Os Guardiões tem uma partição interessante no filme. Ao mesmo tempo que eles tem bastante cenas só deles, eles também servem muito bem o propósito de supporting cast. Doutor Estranho é outro que não desapontou. Se você achava que ele era poderoso, espere até ver as habilidades dele em “Guerra Infinita”. Feiticeira Escarlate e Visão também tem um papel importante por protegerem a joia da mente. No geral os heróis do filme(com exceção do Hulk), demonstram uma evolução de caráter bem evidente.

Um Thanos amadurecido e diferente dos quadrinhos

A história da “Manopla do infinto” já foi recriada e recontada dezenas de vezes nos últimos 20 anos, o que dá uma certa liberdade criativa maior para os roteiristas poderem criar algo diferente mas que ainda remeta aos quadrinhos. Uma das coisas mais fascinantes de “Guerra infinita”, é como eles conseguiram usar a liberdade criativa deles para criar um Thanos mais maduro.

Esse Thanos tem sentimentos, tem falhas, tem ambições, ele é um personagem multidimensional e extremamente vivo. Ele tem teorias, ideias, que fazem com que o espectador pense que talvez ele não esteja tão errado.

O amadurecimento do Titã era algo necessário. Thanos e suas histórias são aquelas coisas que precisam ser mudadas para se encaixar melhor em outras mídias. A Marvel se provou adaptando ele para a animação “Os Vingadores Unidos”, a agora se provou mais uma vez adaptando ele para uma mídia completamente mais arriscada. Ele é um daqueles personagens que ou você adapta muito bem ou muito mal, simplesmente não existe um meio termo.

No fim das contas a abordagem da Marvel para esse Thanos multidimensional foi muito bem vinda, pois transformou ele em muito mais do que um “cara mal que veio do espaço para nos aniquilar”.

Efeitos visuais

Os efeitos visuais ficaram melhores do que nos trailers em alguns aspectos, mas em outros nem tanto. A pós-produção deu um acabamento soberbo no Thanos. O CGI é extremamente detalhado ao ponto de ser possível notar até as impressões digitais de Thanos em algumas cenas. Já o Homem de Ferro muitas vezes apresentava efeitos mais simples do nada. Uma hora ele estava extremamente realista, e no momento seguinte ele apresentava um aspecto mais simples, as vezes mesmo quando a cena era filmada de perto, e isso causa uma certa estranheza.

Os cenários, especialmente se tratando de outros planetas, ficaram incríveis. Eles são tão reais e imersivos que diversas vezes causam a impressão de que você está mesmo vendo um lugar real.

Conclusão

Guerra Infinita é o clímax do que a Marvel vem construindo por uma década no cinema. O filme serve como um ótimo exemplo de como se adaptar uma grande franquia de heróis, e ainda faz com que você entenda o propósito dos filmes anteriores (mesmo dos que você não gostou). Guerra Infinita estreia dia 26 de Abril nos cinemas e tem o nosso selo de aprovação!

Texto por Bruno Shepard