Crítica – Shazam!

Leve como uma sessão da tarde e divertido como Quero Ser Grande, Shazam! é o melhor filme da DC desde a trilogia Nolan

Billy Batson (Ashe Angel) é um órfão problemático que constantemente muda de lar, sempre fugindo das casas que o recebem. Ao ser acolhido por uma nova família, ele encontra problemas com sua integração. No meio disso, Billy é escolhido por um antigo mago chamado Shazam para combater os sete pecados capitais, inimigos mortais do feiticeiro. Os monstros foram libertos por Doutor Silvana (Mark Strong), um cientista que quer o poder de Shazam para si. Ao gritar o nome do mago, Billy se transforma em Shazam (Zachary Levi) uma versão mais velha de si mesmo, capaz de voar, com super força, super velocidade, etc. Seus novos poderes o aproximam de Freddy Freeman(Jack Dylan Grazer), seu mais novo “irmão” e um expert na mitologia de super heróis. Os dois garotos passam a testar os superpoderes de Shazam, se divertindo no processo e esquecendo de combater os pecados capitais.

A dinâmica entre Freddy e Billy, ora Angel ora Levi, é o motor da trama. São suas visões diferentes de mundo, um preocupado com sua família e um que só liga para si mesmo que tornam Shazam um filme tão gostoso. O relacionamento dos dois gera diversas gargalhadas, mas também o laço emocional mais significativo de Billy durante todo o filme. Zachary Levi brilha ao emular um adolescente, jamais soando como uma paródia de um jovem. E se sentimos algo pelos novos irmãos de Batson, é por conta do carisma de Jack Dylan Grazer e do conhecimento do personagem em relação ao mundo dos super-heróis.

Esse conhecimento não é exclusivo de Freddy, mas parece orientar o diretor do filme David F. Sandberg. Ele entende que histórias de super-herói são, acima de tudo, histórias divertidas sobre amadurecimento. Batman tem que aprender a lidar com a perda de seus pais, Superman com um novo mundo que não é o seu, Aquaman deve lidar com ser o rei de um novo reino e Shazam tem de aprender a utilizar seus poderes, entendendo o valor da família no processo. A decisão de retratar Shazam como um menino de 14 anos, independente de sua forma adulta ou juvenil, é acertada e fornece uma dinâmica atual para o filme, que inclui cenas com vídeos no YouTube e performances na rua por dinheiro.

Em contraponto, Mark Strong se destaca ao criar um vilão completamente caricato, digno de sessão da tarde. Ele é mal porque sim e isso funciona perfeitamente no longa. A inocência de Billy é espelhada na pura maldade de Silvana e assim, o embate entre os dois torna-se uma ótima ferramenta narrativa. Sem medo de rir de si mesmo, Shazam é um incrível acerto da DC, apontando as falhas e convenções de filmes de super herói, sem jamais ridicularizá-las. Uma aventura sobre amadurecimento e família, com uma boa dose de super poderes e um humor espetacular. Destaque para a cena final do filme, que é das coisas mais engraçadas, surpreendentes e animadoras em um filme de super herói.

Texto por Daniel Vila Nova

 

Daniel Vila Nova

Fã de literatura, vai de Machado de Assis a Turma da Mônica em uma única sentença. Jogador de RPG, tem todos os consoles da Sony mas jura que não é Sonysta. Adora filmes ruins.