Crítica – Logan

O peso dos acontecimentos de uma vida heroica

O cinema é a mídia que melhor consegue passar o amargor que uma vida repleta de arrependimentos pode trazer. Personagens como os vividos por Clint Eastwood sempre mostram como esse pesar pode mudar uma pessoa. Logan demonstrou que esse seria o clima do novo filme do Wolverine desde o início, com um trailer denso ao som de Hurt do Johnny Cash.  O medo dos fãs era de que fossem enganados novamente por um trailer bem editado para um filme não tão bom assim, algo frequente em 2016, e Logan entrega muito mais que seu trailer.

Logan se passa em um futuro alternativo da cronologia dos X-men. O filme acompanha um Wolverine envelhecido, com seu fator de cura falhando, que deve cumprir ainda uma última missão de escoltar Laura, uma mutante com seus genes, até um local seguro.  O professor Xavier, agora uma arma de destruição em massa por conta de seu cérebro poderoso, é o companheiro de viagem de Logan nessa jornada.

O longa metragem é um road-movie, fará com que esses personagens tenham que interagir em situações diferentes. Pensando nesse sentido, Logan é como Pequena Miss Sunshine com uma narrativa áspera. O filme traz um gosto amargo, como o de um remédio que precisa ser tomado para fazer bem.  Mesmo sendo do gênero “filme de herói”,  existe pouca influência deste gênero, se aproximando mais de um faroeste moderno. Logan ainda possui cenas de ação, mas essas são brutais, carregando um peso muito maior para a trama. A narrativa ainda carrega alguns problemas, como a solução encontrada para adicionar um vilão ao filme e a motivação de um ponto avançado da trama. Porém essas pequenos defeitos são completamente apagados por uma ótima atuação, diálogos bem inscritos e uma trilha sonora minuciosamente encaixada.

Após 9 filmes, Logan é o melhor tratamento que o Wolverine teve no cinema. Hugh Jackman entrega o seu melhor ao lado de Patrick Stewart, deixando de lado suas personas heroicas e assumindo o humano que deve enfrentar as consequências de seus atos.  A Fox acerta novamente ao levar as adaptações de quadrinhos para o cinema de gênero, escapando do padrão.  Uma última coisa que precisa ser elogiada é a personagem da X-23. Ela é mais brutal e letal que o Wolverine em muitos momentos, sendo muito mais divertido assisti-la em combate. A atuação da jovem Dafne Keen como Laura é impecável, formando uma ótima dupla com Hugh Jackman. Logan demonstra como o cinema é capaz de emocionar ao contar uma história, que mesmo aos prantos ao fim da última cena, ainda é possível querer repetir a dose.

Logan estreia no dia 2 de março.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.