Crítica – A Grande Jogada

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Em meio a uma temporada de filmes fantásticos, surge mais um ótimo título e o melhor de tudo, real, pé no chão, principalmente pois é um filme baseado em fatos reais. O filme levanta uma pergunta intensa, o que é o pior que pode acontecer para um atleta? Seguindo por metáforas de tudo o que aconteceu com uma atleta, Molly Bloom, a pessoa real que é retratada no filme.

A Grande Jogada (Molly’s Game, 2018) é um filme de drama policial inspirado no homônimo livro de 2014 escrito por Molly, uma ex-esquiadora olímpica, que abandonou carreira após um acidente, e devido a diversas situações, acaba se envolvendo em organizações milionárias de mesas de poker, caindo na ilegalidade e sendo presa pelo FBI, nesse filme ela é interpretada pela ótima Jessica Chastain.

O filme não conta diretamente a história do livro, mas sim o que se passa depois dele, Molly é presa pelo FBI apesar de já ter perdido os bens para o ministério público, e contrata um advogado chamado Charlie Jaffey (Idris Elba) para ajuda-la em seu julgamento pelos anos de ilegalidade no poker, ao mesmo tempo, temos flashbacks do período citado pelo livro, onde Molly dominava o círculo de poker entre as maiores estrelas do mundo.

O filme tem uma qualidade gigantesca que é a narrativa dinâmica, nos deixando sempre interessado em cada momento e cada vez mais aumentando a intensidade, essa virtude garante que cada arco dessa história de Molly, mas apesar disso, ela falha nos momentos finais do filme, correndo risco de cair num drama fraco, mas sobrevive mesmo abaixando a intensidade.

O elenco, apesar de muitos personagens, está consistente, Michael Cera faz um personagem não revelado, que é manipulador e atua muito mais com os olhos do que as falas, Kevin Costner faz o pai de Molly, e é um dos pontos mais discutíveis do filme, apesar de ser importante para a construção da personagem, proporcionou um momento que não ajudou no ritmo, apesar disso está ótimo no personagem e Idris Elba está forte no personagem, como sempre.

Jessica Chastain está fantástica, persuasiva, brilhante, estratégica, cautelosa, ela é Molly Bloom, (inclusive na caracterização), uma pena que não recebeu uma indicação.

A Grande Jogada é um filme envolvente, intenso, bem narrado e bem atuado, apesar dos furos pequenos, não perde o charme como um forte filme da temporada.

Texto por Gustavo Chagas