Crítica – Brightburn: Filho das Trevas

Honesto, Brightburn entrega exatamente o que promete sem nunca sair de sua zona de conforto

Na década de 70, a Marvel iniciou uma tradição no universo dos quadrinhos com a sua série “What If…”. Nela, as premissas das histórias de super-heróis eram invertidas, extrapoladas e subvertidas, brincando com os conceitos estabelecidos na continuidade da editora. Cenários alternativos para os heróis favoritos são comuns até hoje na mídia impressa e Brightburn: Filho das Trevas tenta trazer tal questionamento para a telona.

No filme acompanhamos a família Breyer. Tory Breyer (Elizabeth Banks) e Kyle Breyer (David Denman) são um casal de uma cidade rural dos Estados Unidos que não conseguem ter filho. Um dia, uma nave tripulada por um bebê cai em seu quintal. Eles o adotam e passam a criá-lo como parte de sua família. Quando o garoto se torna adolescente, ele começa a apresentar super poderes. Entretanto, Brandon Breyer (Jackson A. Dunn) não parece interessado em ser um super-herói mas sim, um super vilão.

Brightburn: Filho das Trevas é facilmente vendido como “E se o Super Homem fosse um psicopata?” e o diretor David Yarovesky jamais foge da comparação. Pelo contrário, cria comparativos constantes através de recriações de cenas com a obra de Zack Snyder, Homem de Aço (2013), a última encarnação do herói kryptoniano. É triste, entretanto, perceber que o filme se limita exclusivamente a essa premissa, jamais se permitindo sair da ideia pré-estabelecida.

O longa é uma construção óbvia para seu desfecho e em nenhum momento surpreende. Após 10 minutos de filme, você sabe exatamente como ele irá acabar. A jornada se mostra minimamente competente e o diretor é capaz de arrancar alguns bons momentos de tensão durante o longa, mas que acabam sendo jogado fora com as cenas de gore gratuitas e exageradas.

O filme consegue sair ligeiramente de sua premissa ao comentar sobre a origem de Brandon e sobre os alienígenas que o enviaram a Terra. Infelizmente, o filme nunca se aprofunda nisso e dedica a maior parte do seu tempo a um jogo de gato e rato entre o filho super-poderoso e seus pais.

O desfecho ainda é prejudicado por péssimos efeitos especiais e o clímax da história, que deveria ter tons dramáticos, acaba se tornando sem graça tamanho o incômodo com o estado do CGI.

No geral, Brightburn: Filho das Trevas é a perfeita tradução dos quadrinhos “What If…” da Marvel. Raso, o filme entrega apenas o que promete, sendo uma experiência por vezes agradável, mas esquecível.

Daniel Vila Nova

Fã de literatura, vai de Machado de Assis a Turma da Mônica em uma única sentença. Jogador de RPG, tem todos os consoles da Sony mas jura que não é Sonysta. Adora filmes ruins.