Crítica – Ben-Hur (2016)

A adaptação do livro da adaptação do filme do outro livro, ou algo assim

ben hur

Estamos acostumados com adaptações de livros para o cinema desde os primórdios do mesmo e praticamente sempre que lançam algum filme assim nós acabamos comparando com o material de origem, nesse caso temos um livro que gerou um filme tão consagrado que seria bem ousado termos uma outra adaptação cinematográfica, mas aconteceu, será que ficou bom?
Ben-Hur é um épico histórico baseado no romance Ben-Hur: A Tale of the Christ, de 2016, essa é a terceira adaptação cinematográfica do romance, a primeira é de 1925 e a segunda de 1959, sendo essa a maior premiada no Oscar com 11 estatuetas (empatado com Titanic e LoTR: O Retorno do Rei)

Ben-Hur é dirigido por Timur Bekmambetov, conhecido por dirigir O Procurado (Wanted, 2008). O diretor está muito acostumado com sequências longas de ação, a famigerada câmera tremida e trabalhar com Morgan Freeman. O filme conta a história de um príncipe judeu da Jerusalém Romana chamado Judah Ben-Hur (Jack Huston) que ao reencontrar seu irmão adotivo Messala (Toby Kebbell) oficial do exército romano, é acusado de tentativa de assassinato por ele, acaba trabalhando anos como escravo e busca vingança contra Messala.

O filme é dividido em três atos, o primeiro é quando o passado e motivação dos personagens nos é apresentado, no segundo ato temos Ben-Hur como escravo e sua sede de vingança crescente e no terceiro ato temos o inevitável conflito entre Ben-Hur e Messala (conflito no qual sabemos da existência desde o começo do filme)

Uma das primeiras coisas que notamos no filme é que ele não se preocupa muito em nos fazer gostar dos personagens, em nenhum momento me vi apegado a nenhum personagem do filme, isso é problemático pois o filme tem muitas cenas onde seria necessário a parte emocional e ela é inexistente. O primeiro ato pode ser considerado fraco, a melhor coisa que o filme nos oferece é a ação, a ausência dela tira o fator de entretenimento do filme e nos oferece arcos emocionais pouco convincentes.

Já o segundo ato é visualmente fantástico, a sequência de ação no barco de guerra é tensa, pesada e empolga além do som ser um personagem do filme, ele nos guia durante a cena e quando o mesmo para, o coração para junto. O segundo ato acaba fugindo dos problemas do primeiro pois ele não enrola, ele é direto ao ponto, o único problema é que isso evidencia um sério problema de ritmo do filme

O filme chega ao clímax quando vai nos aquecendo para o já anunciado conflito entre Ben-Hur e Messala, e entre diálogos fracos e ação frenética, o filme chega no seu momento mais inconsistente. Porém a sequência de ação da Corrida de Bigas também é um show a parte, infelizmente a mesma não oferece a mesma tensão dos barcos, afinal ela em muitos momentos é confusa. O filme termina da forma otimista mas também pouco convincente.

A fotografia do filme é ótima, planos abertos nos dão uma Jerusalém bem bonita e também temos a claustrofobia de um barco de guerra, mas a edição é péssima, o filme exagera em câmeras tremidas, inclusive em cenas estáticas, não encontrei justificativa nenhuma para isso inclusive.

Quanto aos personagens, nenhum chama a atenção, Jack Huston como Ben-Hur não impressiona mas também não irrita, Toby Kebell como Messala idem, Morgan Freeman como Ilderim tem mais destaque nesse filme, mas não faz nada mais do que um personagem que move o conflito do filme, Rodrigo Santoro faz Jesus Cristo no filme, mas é mais um Jesus Cristo genérico, felizmente não houve uma moralidade cristã tão grande, o filme acerta no tom do personagem. De resto, o elenco de apoio não nos oferece muita coisa, podendo chama-lo de fraco.

Ben-Hur é um filme que não vai te fazer sentir pena, raiva, alegria ou tristeza, mas se você gosta de ação pela ação, o filme pode valer o ingresso.

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.