Crítica – B: The Beginning

Mesmo com animação bem feita B: the Beginning tem roteiro preguiçoso e cheio de furos

Com uma trama sem foco e cheia de buracos, a Netflix lançou hoje em seu catálogo mais um original da empresa, B:The Beginning, um anime policial que tenta criar algo parecido com Sherlock da BBC misturado a sobrenaturalidade.

Em B:The Beginning, somos apresentados a um assassino “justiceiro” chamado pela polícia de “Killer B”  que por algum motivo sempre que assassina um criminoso faz a marca de um B no local. Ao mesmo tempo,um ex detetive de polícia, Keith Flick,conhecido por sua genialidade volta ao seu cargo na tentativa de encontrar o justiceiro. Não bastando, um grupo de outros assassinos surge como um terceiro elemento do qual Killer B tem de lutar.

A parte sobrenatural vem de Killer B e os assassinos. Logo no primeiro episódio fica claro que o justiceiro tem asas e por algum motivo está sendo perseguido por esse grupo. Enquanto na parte policial, Flick  demonstra ter voltado para algo mais profundo além de prender o criminoso.

Mesmo com a parte fantasiosa, a base do roteiro não é complicada e o decorrer do anime mesmo com diversas viradas, se mantém no básico. Ainda sim, toda a história é feita de forma desleixada. Aos poucos, essa perseguição de detetive e criminoso – que lembra a Death Note- se torna cada vez mais megalomaníaca e sem sentido. Junto dessa grandeza gradativa, os buracos também aumentam.  Esses problemas ocorrem do início ao fim e estão presentes em momentos que é possível ignorar e em momentos chaves da história.

Os buracos não deixam B: The Beginning apenas fraco, o tornam confuso. Essa confusão recebe ajuda pela falta de foco. Um episódio inteiro é gasto para explicar o passado de um personagem que poderia ser resumido em palavras, enquanto planos sem sentido, tanto do herói quanto do vilão são jogados a quem está assistindo. Da mesma forma as regras desse mundo, uma parte importante para criação de uma história que quando explicada é feito de forma preguiçosa sem atenção.

Diversas vezes o anime tenta criar momentos impactantes, ainda sim parece apenas que os roteiristas estão desesperados para criar grandes momentos sem saber  como. Em certos episódios até regras para a “sobrenaturalidade” do anime são criadas sem um mínimo de explicação. Ideias jogadas e pouco tempo depois ignoradas, uma forma barata de criar tensão.

Até  os objetivos do enredo são criados sem cuidado, apenas abordados quando já estão solucionando essa ideia nunca apresentada no anime antes.São dilemas nunca explorados nos episódios e vontades sem nunca ter tido explicação. Ideias amplamente exploradas em histórias de detetive e animes, feitas com maestria por diversos escritores e mangaka que B: The Beginning fracassa completamente em desenvolver.

Dá a impressão de que o anime está repleto de ideias que surgiram  nos momentos finais do desenvolvimento e foram inserida para criar um tom. Entretanto isso é impossivel em uma produção dessas, o que ajuda o anime a parecer ainda mais sem foco. Outro problema são os personagens. O estúdio parece não saber quem explorar. Dão importância para personagens sem aprofundamento e alguns quando aprofundados já perderam a importância.

Por incrível que pareça, no meio de tantos buracos e preguiça narrativa, existem realmente momentos legais e bem animados. São poucos, e não funcionam por tempo suficiente para empolgar por todos os 12 episódios, mas ainda sim, é um ponto forte que não pode ser ignorado. Existem lutas bonitas e cenas que se tivessem mais de dois personagens bem escritos no anime, seriam impactantes.

Ao mesmo tempo a animação tenta seguir alguns passos de Sherlock da BBC, além de um protagonista com uma mente parecida o estúdio transporta pensamentos de personagens com escritas e gráficos na tela. Um detalhe claramente inspirado mas que parece não ter entendido o porque funcionava no seriado, o que no anime acaba sendo algo completamente ignorável.

Mesmo criado pela Production I.G, estúdio que trabalhou em Pshyco Pass, Guilty Crown, Attack on Titan e Ghost in the Shell; B:The Beginning não é uma boa produção. Ela é repleta de buracos, tem histórias e personagens com desenvolvimento completamente perdidos e ideias jogadas e mal usadas. Fatos que só atrapalham alta qualidade da animação e as lutas bem dirigidas que infelizmente no novo anime da Netflix não conseguem nem mesmo o elevar a um nível medíocre de qualidade.

Texto por Silvio Diaz