Crítica – A Festa

Humor peculiar e críticas políticas marcam a nova comédia de Sally Potter

O novo filme que marca a volta da diretora e roteirista britânica Sally Potter (do aclamado filme Orlando – A Mulher Imortal) parece, à primeira vista, uma simples festa entre amigos. Porém, as nuances contidas no longa revelam discussões pertinentes sobre o atual momento político inglês, além de comentários ácidos e um distinto humor inglês.

Tudo começa quando Janet (Kristin Scott Thomas) é promovida ao cargo de ministra da saúde da Inglaterra e, juntamente com seu marido Bill (Timothy Spall), resolve reunir seus amigos mais próximos para uma celebração, em outras palavras, exibir-se pelo novo cargo.

O grupo de amigos é bem diversificado. Temos o cínico casal April e Gottfried, Jinny e Martha, que estão esperando trigêmeos e Tom, o aparentemente bem sucedido banqueiro que, na verdade, é um viciado desequilibrado. A esposa de Tom, Marianne, é uma personagem importantíssima e recorrente no filme, mesmo não aparecendo uma única vez. Graças a ela (ou a sua ausência), a casual festa acaba se tornando uma zona de guerra, cheia de diálogos ácidos e sarcásticos, acusações e revelações.  A perversidade reprimida contida nas ações e falas dá um ar menos caricato e mais humano aos personagens.

O clima de tensão e caos é constante, desde a primeira cena, onde a anfitriã está preparando os quitutes, até a cena final, que surpreendeu muita gente.

O filme é todo em preto e branco e com diversos closes nos personagens, deixa tudo com um ar íntimo e teatral. Foi filmado em duas semanas, utilizando um único ambiente. A intenção de Potter é que parecesse um jantar em tempo real entre grandes amigos de longa data.

O elenco é formado por grandes atores britânicos que já passaram dos 45 anos, tendo as personagens femininas fortes e interessantes, enquanto os homens são apresentados como medíocres e com pouca relevância. Como é possível notar no casal central: enquanto Janet será ministra da saúde, Bill é um acadêmico mal sucedido. Mesmo com grandes nomes e tendo pouco mais que uma hora de duração, o longa muitas vezes é monótono e com diálogos maçantes.

Apesar de ser intitulado como uma “comédia trágica” e do constante sarcasmo, A Festa possui um tipo de humor bem distinto e peculiar. É aquele tipo de filme que será incrível para os apreciadores do gênero, e sem sentido para  quem não é tão fã do famigerado humor britânico.

Vencedor do prêmio Guild Film Prize, em Berlim, o filme critica, de modo sutil, a hipocrisia da sociedade e política britânicas, onde todos querem parecer perfeitos, mas na verdade se escondem atrás mentiras e traições.

A Festa estréia dia 26 de Julho nos cinemas brasileiros.

Texto por Louise Minsk

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.