Review – Far Cry 5

América, Fuck Yeah

Em 2004, o filme Team America colocou no imaginário da cultura pop a música “America,Fuck Yeah”. Esta paródia do estilo de vida americano definiu a grande piada da cultura do Tio Sam. Agora, em 2018, Far Cry 5 demonstra como a visão desta canção pode ser mais real e assustadora do que parece. Talvez seja pelo fato da Ubisoft ser uma empresa francesa, esse olhar sobre o Estados Unidos seja muito caricato, com quase todas as figuras sendo estereótipos do caipira sem muita informação.

Em nome de Joseph Seed, amém

Far Cry 5, assim como seus dois últimos predecessores, é baseada em uma figura vilanesca. A história aqui se passa em Hope County, Montana, um condado fictício que foi dominado por um culto apocalíptico conhecido como “Projeto do Portão do Éden”. Este movimento de fanáticos religiosos, que acreditam que o fim do mundo está próximo, é liderado pelo assustador Joseph Seed. Após tentar prender Seed, o jogador acaba preso em Hope County e deve lutar pela sobrevivência e para destruir a dominação do culto. Vaas era a representação do vilão insano, Pagan Min era a figura do ditador opressor e Joseph Seed representa o vilão carismático, que consegue atrair seguidores com o poder de suas palavras. O título de Pai(The Father) que Joseph recebe de seus seguidores faz muito sentido quando se entende o personagem. Ele possui uma fala calma, porém existem momentos onde o vilão mostra sua austeridade e violência.

O que choca na narrativa de Far Cry 5 é a tênue barreira entre ficcção e realidade. Ao contrário do que muitos achavam, o culto do game não evoca diretamente temas como o racismo e a misoginia. O extremismo da história é colocado na religião, demonstrando a potência do fanatismo. Em diversos momentos, o discurso do Projeto do Portão Éden é como a versão cristã do Daesh (popularmente conhecido como Estado Islâmico). Eles destroem símbolos dos quais não acreditam, tentam converter novos seguidores para terem mais força e, caso não tenham sucesso, matam aqueles que se recusam a aceitar este dogma.

A narrativa deste novo Far Cry permite que o jogador personalize o protagonista, o que por um lado é bem legal, afinal é mais fácil se sentir dentro do jogo. Por outro a história fica um pouco unilateral, afinal o personagem não conversa e não expõem um pouco de sua visão sobre toda a maluquice que está acontecendo. Jason e Ajay apresentam uma série de evoluções de personalidade ao longo da história dos outros Far Crys. Mas este é um problema comum em jogos com customização de personagem.

Liberdade, fraternidade e tiro em uma galera

A Ubisoft é conhecida por trazer jogos com mapas gigantes, dando ao jogador total liberdade. Alguns são um pouco são poluídos e cheios de marcações inúteis, como o de Assassin’s Creed Unity, por exemplo. Porém os da franquia Far Cry são consistentes, como um bom número de objetivos espalhados pela área. Atravessar toda a extensão do jogo é que fica um pouco ruim. Controlar os carros em Far Cry 5 é uma tarefa árdua, principalmente se você quer ser um astro de ação e atirar para todos os lados. A mira automática ajuda bastante nestes momentos e a função de piloto automático também, porém alguma missões exigem uma certa habilidade no voltante. Isso pode exigir que o jogador refaça alguma vezes.

Far Cry 5 aperfeiçoa o conceito de mundo aberto da Ubisoft e ainda insere uma pitada de crítica social. Se todos os fatores já não fossem bons o suficiente, a trilha sonora é fantástica. Isso é demonstrado muito bem quando é preciso dirigir um caminhão com metralhadoras ao som de Barracuda. E se quiser adicionar criar um momento épico próprio, experimente ouvir Hocus Pocus em meio à um tiroteio.

Review feita com cópia cedida pela Ubisoft.

 

 

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.