Review – Sword Art Online: Hollow Realization

Bem vindo de volta ao mundo dos MMO’s!

Sword Art Online: Hollow Realization é o mais recente game da franquia de SAO da Bandai Namco, depois de Hollow Fragment e Lost Song. O recém título mantém uma linha canônica distinta da tradicional apresentada pelo anime, inserindo-nos num novo jogo, intitulado Sword Art: Origin, no qual o protagonista Kirito e sua trupe de amigas decidem participar. Com uma proposta já conhecida de nos situar dentro de um mundo de MMORPG fictício e  mecânicas de ação dinâmicas, a simulação é uma experiência divertida e cativante, mas nada surpreendente, principalmente em termos de enredo.

Hollow Realization ocorre após os arcos da história principal da série de anime Sword Art Online e traz de volta muitos dos personagens simpáticos a um mundo virtual que é, em muitos aspectos, reminiscência de Aincrad, onde estiveram presos, anteriormente. Destoando da história original apresentada pelo anime, no qual a morte dentro do jogo resulta na morte no mundo real, o game traz uma perspectiva menos obscura, em que o perigo parece ser bem menos iminente.

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Com um conteúdo bastante longo em termos de história, o enredo original tem alguns aspectos interessantes, mas talvez não empolgantes o suficiente para prender o jogador. Por vezes a história ganha um ritmo bastante cansativo quando, por exemplo, somos bombardeados por diálogos exaustivos enquanto assistimos retratos de personagens imóveis conversarem entre si. Os personagens centrais geram bastante afeição num primeiro momento, mesmo para os não conhecedores do anime e, felizmente, isso faz com que insistamos para apreciar a narrativa, ainda que na maioria das vezes terminamos perdendo o interesse por ela.

Um dos maiores pontos fracos do game certamente é que algumas situações continuam aparecendo constantemente em jogos do gênero, como o foco em situações sensuais, juntamente com as mecânicas que promovem (ou forçam) a interação romântica de Kirito com suas amigas de aventura ou party. É bem frustante, por exemplo, o fato de que o jogo permite que você crie uma personagem feminina para jogar (com uma personalização muito boa, por sinal), mas este é apenas o avatar de Kirito, o que faz com que você seja tratado como homem o tempo todo e possa apenas manter relações com mulheres, dentro do jogo. Não parece que houve um mínimo esforço da Bandai para abrir possibilidades nesse sentido.

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A história principal de Hollow Realization se passa em Ainground e tudo aquilo que fazemos no resto do mundo virtual é baseado no clássico conceito de SAO. Em virtude de estarmos perante um JRPG repleto de mecânicas de ação, as suas personagens estão num MMORPG e tudo está construído em torno dessa premissa. Tudo aquilo que estamos acostumados a ver ao jogar um jogo desse gênero acontece,  desde o surgimento das quests até as conversas com os membros da guild,  com os NPC’s, a participação de eventos e etc. Basicamente, esse é o cotidiano dentro desse novo mundo.

O sistema de combate é dinâmico e rápido, permitindo usar diferentes estilos e tipos de arma, realizar ataques combinados com seus companheiros, e até dar ordens específicas. Isto é possível graças a ajustes no gameplay que tornam possível o uso de atalhos intuitivos que nos permitem executar uma quantidade incrível de ações e habilidades sem qualquer esforço. É certamente um dos principais elementos (senão o principal) que tornam a experiência tão divertida. Torna-se extremamente intuitivo um sistema de combate aparentemente simples, mas que permite várias possibilidades em termos de ações.

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No entanto, Hollow Realization desperdiça todo o potencial deste sistema ao colocar o jogador para andar de um lado para o outro sem muito sentido, de forma que, por horas, você parece estar caminhando e a lutando sem motivo aparente. Há muitas missões em que a história parece não caminhar paralelamente, missões que acabam perdendo a razão de existirem. Essa estrutura, que se assemelha às ‘’fetch quests’’, nas quais você, por exemplo, precisa recuperar um objeto e no meio do caminho encontra diversos desafios, acabam fazendo com que o jogador rapidamente  possa se cansar do jogo e não tenha incentivo para continuar, uma vez que o sentido da aventura se perdeu.

Sendo assim, o principal pecado cometido aqui é: existem mundos totalmente livres para serem explorados no mapa à sua disposição, aliado a um sistema de combate que permite simplesmente se aproximar das criaturas espalhadas pelos cenários e combater. Ao lado de mais três colegas de aventura, é possível se deparar com uma série de missões secundárias disponíveis, monstros desafiadores que protegem baús e vários eventos que acontecem de repente, mas, ao mesmo tempo, há uma estrutura chata, desprovida de uma história que consiga nos manter interessados.

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Em termos visuais, o trabalho apresentado é mais um exemplo da inconsistência presente no game. Muito do design é bastante superior com relação ao de Lost Song, com personagens num to mais anime, locais belos e inspiradores. No entanto, as texturas deixam a desejar, fazendo com que não pareça um jogo da atual geração, além da presença de locais bem desinteressantes.

Sword Art Online: Hollow Realization é certamente um jogo que supera os seus antecessores e apresenta muitas mecânicas divertidíssimas, principalmente em termos de combate. Sendo assim, é uma pena que a história não seja empolgante o suficiente como a experiência presente em, ao final de cada ‘’zona’’, enfrentar bosses difíceis em batalhas épicas. O estilo de ‘’fetch quests’’ incessantes, a ausência de uma narrativa atraente e de um propósito com significado para nos mantermos horas a fio percorrendo os locais daquele mundo, afetam demais a apreciação do jogo por completo. Infelizmente, as fantásticas boss fights não justificam o engajamento em tantas horas de gameplay.

Sword Art Online: Hollow Realization já está disponível para PS4 e PSVita.

Letícia Motta

Huge nerd. Apaixonada por eSports, JRPG's e ficção científica. Passa as horas vagas nos videogames e PC.