Review – Redfall
A Arkane Austin retorna com mais um título e uma nova proposta, distribuído pela Bethesda – agora sob a asa da Xbox – Redfall chegou, mas não da maneira que muitos esperavam (eu incluso). Particularmente, gosto muito dos jogos do estúdio e nenhum me desapontou até o momento, não digo que Redfall é uma completa decepção também, mas seus problemas técnicos corroboraram para tornar a experiência desagradável.
Esse é o primeiro jogo cooperativo para até quatro jogadores de mundo aberto da Arkane Austin, cada personagem com suas habilidades únicas, os jogadores se unem para enfrentar os vampiros que assolaram a cidade de Redfall e aterrorizam os humanos que ali remanescem.
Uma história singela
Redfall é uma cidade fictícia em Massachusetts, na qual recebeu uma garota com um sangue “especial”, após chegar neste local místico e único, onde o ordinário se conjuga com o extraordinário, experimentos realizados com o sangue desta jovem desencadearam o que ninguém esperava, uma infestação de vampiros.
Os quatro personagens jogáveis acabam se conhecem em meio ao caos instaurado e se unem aos outros humanos para resolver essa “epidemia”. Cada um deles armados e com certas habilidades desenvolvidas após chegar na cidade, buscam compreender o que ou quem causou todo esse incidente.
Nada tão impressionante, é possível até mesmo comparar com a trama de Left 4 Dead, Back 4 Blood ou qualquer outro jogo de mesmo gênero, mas a história se desenvolve bem e apesar de ser previsível em certos momentos, a riqueza nos detalhes de cada missão ao ler cartas ou arquivos encontrados ao longo do caminho mostram que a Arkane não estava indo tão mal.
A fórmula aplicada
Caso você já tenha jogado outros títulos do estúdio – Dishonored 1 e 2, Deathloop, Prey – já deve estar acostumado como funciona a fórmula, caso contrário, é a seguinte: você tem total liberdade nas abordagens das missões, seja fazê-la de maneira furtiva, utilizando armadilhas e armas dos mais variados modos, matando geral ou somente seus alvos, a escolha é sua.
Redfall acompanha esse modelo, mas se esqueceu dos elementos que mais importavam nos outros títulos: a diferença que essas escolhas carregavam. Apesar de você ter a oportunidade dessas abordagens, o que era interessante nesses mundos criados eram as consequências de suas atitudes, tais quais não existem nesse jogo.
Você ainda consegue entrar em um local por um buraco no teto, pelo esgoto ou até mesmo pela porta da frente, no fim são todas rotas para a mesma coisa, muitas vezes me deparei só atirando em um vampiro que precisava matar através de uma janela, por ser a maneira mais prática e fácil de se resolver.
Por mais que a fórmula estivesse ali, não era a mesma coisa, mas outros elementos, como as armas, deixaram a experiência um pouco mais interessante.
Armas e Habilidades
A Arkane sempre foi perspicaz com seu arsenal e habilidades que acompanham seus personagens, pode-se dizer que no caso de Redfall ocorre parcialmente a mesma coisa.
No quesito armas, a criatividade fluiu muito bem. Além de armas comuns como: metralhadores, shotguns e pistolas, que podem ser usadas contra os Cultistas – inimigos humanos, seguidores dos vampiros – você tem disponível um arsenal especificamente para os malditos sanguessugas.
Seja uma arma de Flare, emissor de luz UV e até mesmo um Lança-Estaca, tudo que faltava era uma granada de água benta. Vale mencionar que é possível derrotar os vampiros com armas tradicionais, porém, é necessário finalizá-lo com uma estaca de madeira acoplada na arma primária ou até mesmo fogo, mas saiba que é sempre bom ter uma de cada tipo no inventário.
Já na questão das habilidades, sinto que deixou um pouco a desejar. Dentre os quatro personagens inicialmente disponíveis (com mais dois como DLC no futuro), somente dois deles tem habilidades de mobilidade (Layla e Devinder), elemento crucial para esse tipo de jogo. Caso você se encontre jogando com os outros dois (Jacob e Remi), irá se entediar rapidamente ao cruzar o mapa todo a pé.
Funciona melhor cooperativo
Joguei Redfall tanto no modo cooperativo quanto solo e garanto que a experiência é muito mais divertida com amigos. Começando pelo fato de que no modo coop, as habilidades funcionam para todos, é possível pegar um impulso no elevador místico da Layla ou até mesmo ter noção dos inimigos a sua volta com o corvo de Jacob. Caso cada jogador escolha um personagem diferente cada, mas nada impede de existirem quatro Devinder ou coisa parecida.
Achei um pouco incomodo o fato de que somente o jogo do anfitrião é avançado na história, sejam missões principais ou secundárias, apesar do level e loot do personagem permanecerem, você vai se encontrar re-jogando as mesmas missões, caso queira realizar solo ou convidando amigos para o seu “mundo”. Eu também aconselho que você siga as missões de história e consequentemente as secundárias aparecerão, se procurar por tudo antes de fazer as coisas, vai se ver no mesmo lugar mais de uma vez sem motivo.
No entanto, problemas de conexão eram contratempos constantes. Não importava aonde a gente estivesse na missão, se desse problema no jogo, éramos obrigados a refazê-la e infelizmente as missões não eram todas tão criativas. Muitas eram tarefas repetitivas como ir ao local, descobrir algo e eliminar um vampiro, vez ou outra uma espécie “especial”.
Redfall saiu cedo demais
Originalmente, Redfall estava previsto para lançar na metade de 2022, mas acabou sendo adiado para 2 de maio de 2023 e pelo jeito que o jogo saiu, poderiam ter dado bem mais tempo. Problemas de performance no PC, junto de conexões, a IA dos inimigos que deixa a desejar, não colaboraram com a experiência.
Apesar de altos e baixos, Redfall é um jogo que diverte se você estiver jogando com amigos, vale mencionar que não há nenhuma espécie de matchmaking no jogo, ou você jogo solo ou convidando alguém.
O jogo está totalmente em português, com uma localização certeira com seus termos e expressões, com um equívoco ou outro como o porta malas de um carro ser “Trunk” e a tradução estar como “Baú”. A dublagem também é excelente e de grande qualidade, com vozes que casam com seus personagens e sem medo de abusar de palavrões e expressões de baixo calão (estou falando de você Layla).
Redfall pode não ser um dos melhores trabalhos da Arkane, mas com certeza diverte um grupo de amigos despretensiosos que só querem dar umas risadas, conversar e atirar. Especialmente se esse grupo assina o Game Pass e aproveitar o jogo disponível nesse grande acervo.
Redfall está disponível para Xbox Series X|S e PC via Game Pass ou Steam.
Redfall: Por ser uma primeira tentativa com um mundo aberto e cooperativo, Redfall deixa a desejar devido a muitos problemas técnicos e conteúdo demasiadamente repetitivo, mas pode ser agradável para um grupo de amigos que assinam o Game Pass. – Otto