Review – Marvel’s Spider-man: Miles Morales

Nas portas de uma nova geração, game da Insomniac parece reflexo do título anterior com novos poderes

Miles Morales teve um arco de redenção digno do herói que o personagem é, desde o início em que os fãs mais conservadores reclamaram com a passagem do manto, passando por ganhar o coração de todos com Aranhaverso, chegando até o momento atual em que ele também é sinônimo de Homem-Aranha. Aproveitando esse carinho com o personagem, a Insomniac utilizou o gancho deixado no fim do game anterior do amigão da vizinhança para desenvolver uma experiência lançada junto com os consoles da nova geração. Apesar de divertida, Marvel’s Spider-man: Miles Morales parece ter medo de ousar na construção de mundo.

Nessa aventura stand alone, Miles recebe a grande responsabilidade de ser o único Homem-Aranha de Manhattan. Porém, logo que seu mentor sai de férias, o garoto terá de lidar com os planos de uma gangue que deseja destruir uma invenção que promete trazer energia limpa ilimitada para o Bronx. A narrativa de Marvel’s Spider-man: Miles Morales chega a cativar, principalmente na relação do protagonista com os personagens secundários que enriquecem muito a história. O problema é que as viradas logo se tornam muito parecidas com o primeiro jogo, em certos momentos deixam a impressão de que os roteiristas apenas colocaram um skin naquilo que já havia sido escrito. Não há surpresas no game que deixem ansioso para uma continuação, primeiro pelas surpresas serem facilmente descobertas por quem terminou o título anterior, com direito a personagens queridos serem revelados como ameaças e o grande segredo do teioso sendo facilmente descoberto por aqueles que o cercam.

Ao falar da jogabilidade, Marvel’s Spider-man: Miles Morales não traz muitas novidades. O objetivo continua meio que o mesmo, consistindo em atravessar a cidade por entre os prédios até encontrar a próxima missão ou apenas para coletar alguns itens e atividades secundárias. Essas por sua vez é preciso admitir que ficaram muito mais interessantes do que aquelas vistas em Marvel’s Spider-man. O destaque fica para a sequência de tarefas que exigem gravar uma série de sons pelas ruas e outra que pede que o jogador encontre alguns cartões postais escondidos, ambas enriquecem a relação de Miles com seu falecido pai e deixam aquele quentinho no coração ao final, lembrando bastante as últimas cenas de Aranhaverso.

Talvez o que torne a experiência do game mais divertida seja que Miles tem habilidades muito mais interessantes  que Peter nesse ponto, fazendo com que os combates sejam muito mais criativos e com milhares de possibilidades. Quer ser completamente discreto? Ótimo, a invisibilidade permite transitar rapidamente entre os chão e as paredes sem que nenhum dos NPCs notem sua presença. Precisa resolver multidões de forma rápida? Então você vai querer se focar nos golpes em área baseados na bioeletrecidade que causam dano em área.

Marvel’s Spider-man: Miles Morales faz um ótimo trabalho em enriquecer esse que talvez seja um dos personagens mais interessantes dos tempos recentes de quadrinho. Porém, faltou um pouco mais de ousadia na hora de trabalhar a narrativa para que ficasse mais original e menos como um reflexo do game anterior. Ansioso para que o próximo título dessa série possa trabalhar bem tanto Peter quanto Miles para um experiência grandiosa do amigão da vizinhança. Nota: 8/10 vezes que só me peguei balançando pela cidade porque era muito divertido.

 

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.