Review – Forgive Me Father

Se você gosta do universo misterioso criado por Lovecraft e também é fã de jogos de tiro em primeira pessoa, conheça Forgive Me Father.

Título publicado pela 1C Entertainment e desenvolvido pela Byte Barrel tem como grande inspiração o clássico Doom, além de jogos da Build Engine como Blood e Duke Nukem, o jogo apresenta uma arte feita a mão em estilo quadrinhos e uma atmosfera perturbadora e pós apocalíptica.

Passeando pelos marcos de cenários dos FPS dos anos 90, como pântanos, esgotos, igrejas, topo de prédios e hospitais, o tiroteio é frenético e embalado por uma trilha energética que te incentiva ainda mais a caçar até o último inimigo restante.

Forgive Me Father apresenta uma escolha artística 2.5D com cenários em 3D, com inimigos e personagens em 2D, exalando a essência dos “boomer shooters” que crescemos apreciando.

Com belas animações e intencionalmente com poucos frames para dar um charme retrô, além de uma alta velocidade de movimento, o game se apresenta como uma carta de amor aos clássicos.

Características clássicas e marcantes

Forgive Me Father traz uma gameplay rápida que te recompensa por nunca parar, uma vez que abaixar a guarda, você pode se encontrar cercado por inimigos, que sozinhos não dão trabalho, mas quando não há para onde correr se tornam um grande problema.

Inimigos esses compostos por 25 tipos diferentes e mais 5 chefes no final de cada capítulo, o jogo mostra um repertório diversificado de criaturas para você se divertir e também se frustrar. Vale mencionar que os monstros possuem pontos fracos que causam danos críticos que você pode usar ao seu favor.

O jogo traz um arsenal variado, além de apresentar armamentos e uma jogabilidade familiar para os amantes de FPS retrô.

Munição espalhada pelo mapa, coletes e capacetes que te dão uma proteção a mais, portas e alavancas com cores que exigem chaves da cor correspondente para progredir no estágio. Checkpoints espalhados no mapa em lugares estratégicos compõe parte do desafio que cada cenário te dá.
O game também traz uma mecânica de loucura (madness) que aumenta quanto mais você mata inimigos, que influencia não apenas o áudio e a visão, mas a também a gameplay.

Forgive Me Father

Eu vou te derrotar com o poder divino… e esta arma que encontrei

Além das armas, Forgive Me Father também traz uma árvore de habilidades que auxilia na variedade e na forma como você vai encarar seu próximo desafio.

As armas possuem duas alternativas de melhorias das quais você escolhe entre uma delas e continua a progressão a partir dali, que acrescenta um valor maior de reaproveitamento da campanha.

Além das alterações em performance também tem a modificação visual da arma, fazendo com que ela crie tentáculos a-lá Lovecraft ou literalmente virando duas ou ficando maior e mais imponente na aparência.

Nessa mesma árvore de habilidades você também pode aprimorar seu personagem, porém, ele compartilha do mesmo ponto de atributo que serve para evoluir o armamento, portanto você deve ponderar se a melhor opção é você ou a arma.

Forgive Me Father

Essas habilidades têm suas variedades entre os personagens jogáveis, sendo o padre mais focado em sobrevivência, como recuperar vida gradativamente ou ficar imune a todo tipo de dano por um curto tempo, a jornalista traz uma jogabilidade mais agressiva, ela entra em uma espécie de modo de fúria em que o dano recebido é reduzido, porém ela só ataca corpo-a-corpo ou então, uma boneca voodoo que explode os inimigos ao seu redor.

As diferenças dos personagens vão além das habilidades, mas também de suas personalidades, sendo a do padre mais calmo e de alguém que não queria estar ali, por vezes pedindo perdão ou abençoando a alma dos inimigos derrotados, já a jornalista é mais cheia de si e extravagante, deixa claro que faz o que estiver no seu alcance para um furo de reportagem exclusivo.

Com inspirações no Duke Nukem ou em Caleb (Blood) os protagonistas não ficam muito tempo em silêncio, sempre dando um jeito de soltar uma frase marcante, seja durante o combate ou interagindo com o cenário e seus segredos.

Forgive Me Father

Segredos, conquistas e referências.

Assim como suas inspirações, ao final de cada fase você recebe o relatório da sua performance, que apresenta informações de objetivos concluídos ou que ficaram para trás.

Uma adaptação notável feita neste jogo é o fato de não precisar passar a fase inteira se esfregando na parede apertando o botão de ação até que alguma passagem magicamente se abra, os segredos, na sua vasta maioria, estão visíveis de alguma forma ou de outra, seja ela por um caminho estreito atrás de uma casa, só de se aproximar já abrem sem interação, revelando seus segredos.

O game também é lotado de referências a cultura pop, desde a máscara do Hannibal Lecter, a TARDIS de Doctor Who e até um pôster de procurado de um famoso pirata que estica com chapéu de palha.

Além de referências mais claras dos games, como a Bonfire de Dark Souls e um pôster com Praise the Night, uma clara homenagem a Solaire e seu tão famoso gesto do universo dos games.

Forgive Me Father

Mas nem tudo são balas

Forgive Me Father peca na simplicidade, a falta de informações da fase para saber quantos segredos faltam para serem descobertos é algo que atrapalha um bom complecionista a fazer 100% em todas as fases – algo que o Doom já trazia desde a sua primeira versão – e isso te deixa frustrado ao saber somente no final da fase que você jurava ter explorado cada canto, te forçando a refazer a fase toda.

Algo que não te favorece na árvore de habilidades é ter que gastar seus suados pontos em um atributo vizinho que você não vê utilidade só para poder maximizar sua perícia em outra área.

Existem áreas do jogo que quando o bicho começa a pegar e inimigos aparecem de todos os lados a performance começa a se abalar, causando queda de FPS, dessa vez não proposital, mas não chega a ficar injogável.

Ao tempo dessa análise o jogo ainda não possui tradução em pt-br, mas os desenvolvedores já avisaram que ela está chegando num futuro próximo.
Forgive me Father é uma bela homenagem aos clássicos de FPS e consegue se destacar bem com seus personagens e principalmente por sua temática e escolha artística.

É um jogo difícil de se adaptar, caso não tenha costume com títulos do gênero, mas é satisfatório lidar com hordas de monstros após adquirir certa experiência.

Forgive Me Father já está disponível para PC (Steam).

9/10 pai nossos e furos de reportagens sensacionalistas

Texto por Rodrigo de Freitas