Review – Deathbound
A desenvolvedora indie brasileira, Trialforge Studio, é formada por uma equipe de 20 pessoas trabalharam em uma ambiciosa abordagem no gênero Action RPG medieval com Deathbound. O jogo é ambientado em um mundo onde a fé e a ciência se conflitam e devido a isso, houve uma grande guerra. Você, na pele de um Essênciamante, consegue absorver as essências de alguns guerreiros caídos para usufruir de seu arsenal, habilidades e até mesmo personalidade.
No início de 2024, a demo de Deathbound ficou disponível para jogar uma pequena parte do jogo, apresentando uma região, alguns inimigos e um chefe. Fiquei um pouco incomodado com a estética/arquitetura do jogo como um todo, tirando toda a minha imersão, mas ao mesmo tempo a sua mecânica de combate me trazia conforto a cada momento que utilizava a troca de Essências.
Ao jogar essa versão final, alguns pontos negativos permaneceram. Foi possível observar uma melhoria gráfica, mas a sua jogabilidade a longo prazo não agrada muito.
Um mundo contido, porém confuso
O jogo apresenta sua história em uma breve cinemática e já coloca você jogando com o Cavaleiro da capa do jogo, equipado com sua espada e escudo grande, ele possui golpes leves, fortes e a habilidade de aparar golpes dos inimigos humanoides. Além disso, somos apresentado a sua personalidade e crença perante esse mundo, isso fará sentido mais tarde.
Conforme você avança, o tutorial do jogo é apresentado a cada obstáculo e inimigo em seu caminho, assim como fragmentos da história daquele mundo através de seus cenários, diálogos, textos, NPCs e missões, assim como a famigerada fórmula dos jogos da FromSoftware.
Entretanto, admito que fiquei confuso com o tempo e período de acontecimentos dos elementos apresentados, como a sua arquitetura futurística e quadrada, cheia de postes de luz acessos e outdoors ligados. Enquanto ao mesmo tempo uma facção acampa em barracas, utilizam tochas para iluminação e todo e qualquer tipo de arma são medievais: Lança, espada, escudo, adagas, balistas (mas também tem magias). Mesmo com a indicação de que esse povo do futuro eram os “antigos”, ainda assim ficou difícil discernir o período no qual me encontrava e há quanto tempo aquele conflito acontece.
Contudo, o jogo começa a brilhar ao apresentar a mecânica de troca de Essências de um Essênciamante durante o combate.
Fácil de aprender, difícil de dominar
Como Essenciamante, você adquire essências de guerreiros caídos em batalha (com um total de sete). Cada uma têm um nome, religião e estilo de combate únicos que de uma certa maneira dividem o mesmo corpo. Como as personalidades do filme “Fragmentado”. Ao encontrar cada essência, você visita o seu passado para conhecer a sua personalidade e estilo de combate. Algumas interações e itens só podem ser realizadas/coletados pela essência correta.
É possível equipar até quatro essências para trocas imediatas e usufruir do acervo de cada uma da melhor maneira possível. Entretanto, algumas essências podem se relacionar bem com umas e mal com outras. Assim, você fica com buffs e debuffs passivos dependendo da combinação entre eles e ao lado de quem cada um permanece.
Provavelmente, você vai ter um boneco favorito e um que menos gosta, mas vale reforçar que cada um tem sua vantagem e desvantagem dependendo do inimigo a ser enfrentado. Além de, caso um estiver com a vida baixa, basta trocar e recuperar a vida dos outros a cada golpe desferido pelo atual aos inimigos. Existe um item para se curar a custo de tirar vida das outras três essências que é reposto toda vez que descansa em um Filactério (vulgo bonfire, lugar onde você pode alternar entre as essências). Caso uma essência morra, todos morrem (e sim, você precisa buscar os pontos onde morreu).
Através da barra de Sync, preenchida ao golpear os inimigos, você consegue realizar essas trocas de essência em meio de combos ou até mesmo esquiva. O que torna a melhor opção caso uma essência esteja com pouca vida e consequentemente pouco vigor, pois ambos compartilham a mesma barra.
Portanto, é essencial trocar a de essência no combate, seja entre ataques ou esquiva, o que torna o a briga muito mais dinâmica e ágil é fazer um mix de trocas. Me deparei em diversas situações onde a vida e o vigor do ladino estava baixa, mas como estava com a barra de Sync cheia, trocava para o ladino e encerrava causando muito dano e com um personagem cheio de vida (e vigor), seguro para continuar o combate. Vale ressaltar que pode parecer simples de início, mas é necessário observar o timing dos golpes dos inimigos para conseguir bater ao trocar e não ser interrompido.
Apesar de cada um ter sua personalidade, estilo de jogo e passivas únicas, a sua melhoria de status é compartilhada, além de ser fora do padrão que estamos acostumados com outros jogos desse subgênero.
De início, a árvore de status pode ser confusa, mas sua compreensão chega a fazer sentido depois de alguns níveis upados. Existem os atributos que valem para todas as essências e outros que melhoram somente aquela em específica. Você pode ver
A não ser que você distribua bem ou que sempre mate literalmente tudo que vê pela sua frente. Pode chegar em um ponto que uma essência estará um pouco mais robusta que a outra e dependendo do ponto que você se encontra no jogo, isso pode se tornar em uma dor de cabeça.
Deathbound é bom, mas queria gostar mais
De início, Deathbound apresenta uma paleta de cores monocromática e um design de cenários repetitivos, mas é notável sua evolução conforme se avança no jogo. As lutas contra alguns chefes são legais, outras um pouco mais cansativas (e deveras injustas), mas o que mais me incomodou nesse aspecto foi reutilizar em um curto espaço de tempo alguns inimigos simples como chefe ou vice-versa. Sei que isso é considerado normal, mas mais de uma vez e quase lado a lado é um pouco frustrante.
O combate é o que facilmente se destaca, e com um certo louvor, por trazer algo inédito nesse mercado que já está ficando um pouco saturado de jogos nesse estilo. Porém, os pontos negativos destacados acima me deixaram um pouco frustrado com a experiência como um todo.
É sempre gratificante poder testar um jogo nacional e ver no que os estúdios estão trabalhando para ter seu devido destaque no mercado global. Ótimos exemplos como: Mullet Mad Jack (HAMMER95) e Fobia – St. Dinfna Hotel (Pulsatrix Studios) se enquadram junto de Deathbound que traz ótimas ideias, mas que ainda precisam de melhorias em suas aplicações, algo que vem com cada título trabalhado. Anseio por ver aprimoramentos em futuros jogos, como no caso de A.I.L.A, futuro jogo da Pulsatrix Studios.
Vale mencionar que o jogo é totalmente localizado em PT-BR, mas ele apresenta alguns erros com algumas palavras e termos ainda em inglês, mesmo estando configurado para português.
Para os fanáticos do gênero, Deathbound pode ser um ótimo jogo para se visitar e experimentar um combate diferente do qual estamos acostumados em diversos títulos passados. Pode não ser perfeito, mas deve agradar quem gosta de uma boa dificuldade e de se desafiar.
Deathbound está disponível no PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC via Steam, GOG e Epic Games Store.
Deathbound: Deathbound é um action RPG em um mundo futurista/medieval que apresenta um ótimo combate inovador. Apesar de uma constante repetição de inimigos como chefes e vice-versa, o jogo traz um desafio agressivo para os fãs do gênero. – Otto