Review – 1979 REVOLUTION: Black Friday

Jogo traz revolução nos anos 70, mas sem sexo, drogas ou Rock n’ roll

O novo jogo da Digerati, intitulado 1979 REVOLUTION: Black Friday, é baseado em acontecimentos reais da revolução iraniana de 1979. Apesar de se passar no final da década de 70, não tem nada de sexo, drogas e rock n’ roll. O jogo tem a premissa de ser um adventure educativo, mostrando como tudo ocorreu. Até aí, tudo parece bem, parece ter potencial de ser um grande jogo. Infelizmente, não é o caso.

A começar pelos personagens. Diversas vezes, possuem histórias interessantes mas, com o decorrer do jogo, terminam de modo decepcionante. É difícil para o jogador se identificar com os personagens, falta carisma e um envolvimento mais profundo.

Falando em história, vamos começar do começo. Logo no início, nos deparamos com o “futuro” do jogo, onde Reza Shirazi (o protagonista), é preso e torturado por conspirar contra o governo do Irã. Após essa introdução, somos levados de volta para o “passado”, logo que a revolução iraniana explodiu. Você, Raza Shirazi, um aspirante a fotógrafo, é inserido pelo seu melhor amigo na revolução e, com isso, temos o desenrolar de tudo.

O jogo tem uma proposta bacana e bem interessante, mas acaba por se tornar muito massante. Diferente de jogos como “Life is Strange”, “Detroit”, “The Wolf Among Us”, ou “Telltale’s The Walking Dead”, os Quick Time Events do jogo são estruturados de maneira cansativa e que não prendem. Não espere cenas interativas com muita ação, ou sequer sincronizadas. Muitas vezes o que o seu personagem faz na tela, não se encaixa muito bem nos botões que você tem que apertar, e isso quebra um pouco a imersão.

Algo bem legal que o jogo traz é um sistema para fotografar. Nele, é possível tirar fotos de momentos históricos da revolução iraniana, podendo checá-las e ver a narrativa de coisas que realmente aconteceram. O sistema poderia ser melhor trabalhado, mas não deixa de ser interessante.

A trilha sonora sofre do mesmo problema dos Quick Time Events, e muitas vezes uma música extremamente tensa começa a tocar em momentos em que nada acontece, novamente quebrando a imersão. Diversas vezes você vai se deparar com esses problemas.

A narrativa do jogo é bem sólida e, se não fossem pelos problemas mencionados acima, seria de fato algo além de mediano. Não é como se o jogo fosse “injogável”. O problema principal é a quebra de imersão, que transforma o jogo em um produto mediano, mas um produto que ainda assim, possui qualidades.

Os gráficos possuem um estilo próprio, e bebem muito do visual de “Life is Strange”, o que deixa ele com uma estética agradável, mas muitas vezes remete a qualidade gráfica de adventures da geração passada. A trilha sonora, apesar de muitas vezes desconexa com o que se passa no jogo, é muito boa, e não deixa nada a desejar para o padrão de qualidade imposto pela indústria de games nos dias de hoje.

Um ponto em que o jogo não deixa a desejar, é que suas escolhas morais afetam diretamente o que seu personagem se tornará no final. Você pode se tornar desde um militante fiel a sua causa até um dedo-duro, que entrega os próprios amigos para salvar a pele. O jogo também te permite ser um militante pacifista ou um baderneiro.

1978 REVOLUTION: Black Friday é um daqueles jogos que é divertido e entretém até certo ponto, mas não se pode jogar com grandes expectativas. Se você for um entusiasta por história em geral, é bem provável que vá curtir o jogo e os problemas citados serão um mero detalhe.

Texto por Louise Minski