Entrevista com Anttonio Pereira – O Caçador de Árvores Gigantes
“É preciso acreditar nos sonhos”
Entrevistamos Anttonio Pereira, a mente por trás da animação O Caçador de Árvores Gigantes. Um menino brincando no quintal de sua casa descobre uma arca enterrada revelando um segredo, a mais de quinhentos anos homens vendiam as maiores árvores da terra para os reis mais poderosos, um dia tudo isso parou e nunca mais se ouviu falar dos caçadores de árvores, tudo o que restou foi aquela arca, com um velho mapa. O menino com ajuda de seu amigo Bicho-do-mato vai a caça das Árvores Gigantes, que ele acredita estarem presas no céu.
Anttonio nos falou sobre suas inspirações, partes do caminho percorrido na sua produção e conselhos para quem quiser seguir o mesmo caminho. Veja aqui:
Percebemos que o nome do seu estúdio e Studio Pakoto. Tem algum significado?
Pakoto é na verdade uma abreviação da palavra Pakotopopokey, este que por sua vez é o nome de um personagem de uma história em quadrinhos minha, a história em quadrinhos está sendo divulgada online na página do estúdio para quem quiser ler.
Quando e Como surgiu a ideia de O Caçador de Árvores Gigantes?
A primeira ideia que eu tive para criar a história do filme foi através de uma árvore de verdade, uma árvore muito grande que tem perto do lugar onde eu nasci, depois fui criando o enredo, personagens e tudo que fosse necessário para ter um projeto consistente. Eu sempre quis fazer uma história que tivesse o foco em natureza e árvores, eu sempre gostei muito deste tema.
Teve inspiraçoes de filmes, animes ou algo do tipo?
Acredito que minhas inspirações são bem claras e estão bem refletidas no meu trabalho, eu citaria como inspirações de artistas: Hayao Miyazaki, Akira Toriyama, Kazuo Oga, Isao Takahata, Koji Morimoto e Moebius. Eu também tenho inspiração de filmes como o belo trabalho do Studio Ghibli, o novo filme do Ale Abreu “O Menino e o Mundo” e alguns filmes de animação francesa.
Houve muitas mudanças do começo do projeto ate hoje?
Praticamente é uma nova história, inicialmente eu acabei criando duas histórias completamente paralelas (uma delas acontece quinhentos anos antes) baseadas as duas no mesmo universo, uma delas conta a aventura de um caçador, caçando literalmente as árvores e a outra ficou sendo a história do filme, do menino que descobre sobre a lenda através de um pergaminho em um baú e junto com seu amigo Bicho-do-Mato, vai atrás das árvores para resgatá-las.
A primeira história como aborda um tema mais sério eu irei faze-la como história em quadrinhos e posteriormente irei tentar uma adaptação para série animada, o universo é bem amplo e tem muitas histórias para serem contadas, darei noticias sobre o quadrinho através da página do filme, os projetos estarão intimamente relacionados.
Você recebe muitas ideias de amigos e familiares? Isso ajuda ou acaba atrapalhando as vezes?
Sim, muitas ideias, amigos, familiares, o próprio pessoal que trabalha no projeto e outros profissionais da área, muitas eu mesmo peço para que opinem, quando se trabalha em projetos que duram tanto tempo, a visão de quem trabalha diariamente no filme, acaba muitas vezes deixando passar erros que podem ser óbvios para quem vê pela primeira vez. Eu acredito que ideias sempre tendem a acrescentar, depende do trabalho do diretor dizer se a ideia é boa para o filme ou se a ideia foge do foco.
Quantos estão trabalhando no O Caçador de Árvores Gigantes com você? Qual a sua parte na animação?
O filme teve a participação de cerca de 15 pessoas, incluindo todas as etapas.
Minha participação no filme acontece praticamente em todas etapas, desde a ideia inicial, roteiro, storyboard, layouts, cenários e animação. São muitas etapas em um filme de animação e eu gosto de trabalhar em todas elas assim eu garanto um trabalho mais uniforme, mas tive uma grande equipe trabalhando junto comigo nestas etapas.
Você teria alguma dica para pessoas que querem seguir o mesmo caminho com animaçao?
Eu diria não somente para quem quer trabalhar com animação, mas qualquer área. Acredite que é possível e trabalhe muito, o mercado de animação brasileiro tem crescido muito recentemente, o festival brasileiro Anima Mundi é o segundo maior do mundo, tem muitos estúdios de animação no Brasil e no exterior procurando constantemente artistas.
O Caçador de Árvores Gigantes, nasceu comigo rabiscando toda noite as ideias, quando eu tinha uma quantidade de material substancial do meu projeto eu inscrevi em um edital (O Brasil tem muitos editais culturais dando apoio para estes projetos), por sorte eu fui contemplado, é algo que todos podem fazer, alguns é necessário ter empresa, mas outros pode ser pessoa física. É preciso acreditar nos sonhos, desenhar muito e estar sempre buscando entrar em contato com profissionais que já trabalham com isso para saber onde estão as oportunidades. Essa é a dica que eu deixo para o pessoal que está querendo seguir este caminho.
O Caçador de Árvores Gigantes é um curta metragem criado por Anttonio Pereira. Venha ver uma aventura, onde um menino e seu amigo vão a caça da árvores gigantes para poder resgatá-las.
