Crítica – Tomb Raider: A Origem

Tentou ser tão fiel ao jogo que complicou as coisas

Quando se fala de Lara Croft no cinema, muitos lembram da Angelina Jolie, atriz que protagonizou dois filmes baseados na famosa franquia de jogos Tomb Raider. Seu porte físico e rosto na época, eram semelhantes a da protagonista do jogo, o que talvez fez com que ela fosse chamada para fazer o filme. Anos depois, em 2018, foi a vez de Alicia Vikander, vencedora do Oscar de melhor coadjuvante, entrar no papel da famosa exploradora Croft em Tomb Raider: A Origem, para contar a história baseada nos reboots lançados em 2013 e 2015. Trazendo uma proposta diferente da que o jogo trouxe, porém com altas semelhanças, seja em cenas ou partes do enredo.

Assim como no jogo, Tomb Raider: A Origem traz a lenda da Rainha Himiko, uma feiticeira com poder de causar milhares de mortes e que foi enterrada em um caixão a mais de sete palmos. Até aí tudo certo, mas o filme nos apresenta uma Lara que não aceita a morte do pai, nem segue seus passos, muito menos sabe o que o pai fazia e se recusa a utilizar a herança e seus benefícios para qualquer coisa. Interessante apresentar uma releitura da personagem, de não querer ser mimada e não aceitar o sumiço de seu pai, mas não saber das explorações e lendas chega a ser um tanto quanto fora da curva. Sendo assim, quando ela descobre as coisas, o filme vira Tomb Raider: Em Busca do Pai.

Apesar disso, Alicia Vikander (Garota Dinamarquesa) no papel ficou bem interessante, principalmente ao ver a atriz saindo do gênero drama e fazer um filme de ação com uma personagem que se arrisca em tudo. Ela conseguiu, em momentos, trazer a essência de uma Lara Croft iniciante no ramo de aventura, sujar as mãos de sangue e resolver quebra-cabeças. Daniel Wu (Into the Badlands), como Lu Ren é o companheiro de Lara em sua jornada para a ilha onde Himiko está enterrada e seu pai sumido. Um ator que infelizmente não ganha muito destaque e realmente tá ali só pra dar uma mãozinha para sua colega. No papel do vilão Mathias Vogel temos Walton Goggins (Justified), um personagem também tirado do primeiro jogo só que situado de maneira diferente. Como membro da Trindade, ele e sua equipe de mercenários estão lá para encontrar o corpo de Himiko e levar para fora da ilha. Nada de tão impressionante, só um personagem cansado de estar por lá e que não vê a hora de poder ir embora e que fará de tudo para que ninguém o atrapalhe.

Em muitas vezes é possível notar cenas icônicas para os que jogaram, muitas vezes uma atrás da outra, outras vezes até com simples referências, mas para quem não conhece nada, vai apreciar tanto quanto por serem boas sequências. O longa tem um cenário bonito e fotografia boa, sua trilha sonora porém, pode ser comparada a qualquer filme genérico de ação, sem nada destacável. O figurino, pelo menos de Lara e Lu Ren remetem as vestimentas no jogo, apesar de Lu Ren não estar nele, sua roupa lembra um pouco o Jonah.

Tomb Raider: A Origem é um filme de ação bom e com cenários bonitos, é possível sair e ter aproveitado o filme no cinema, provavelmente os fãs não irão gostar tanto quanto quem não jogou, mas é possível apreciar. Um elemento existente no longa que não deveria existir, funciona apenas como uma reviravolta que só enrola apesar de ajudar a Lara a evoluir, mas para isso era possível fazer qualquer outra coisa. Outro elemento, que nesse caso foi bom, é com relação a lenda de Himiko que não fez que nem o jogo e utilizou realmente “magias”, no filme é tratado como um mito, o que chegou a ser uma proposta interessante.

Tomb Raider: A Origem estará em cartaz nesta semana. Vale o ingresso para quem não jogou, já para os que jogaram, se tiver uma mente aberta pode ser que aproveite também. É uma história interessante e que, obviamente, deixa um gancho para um próximo filme, caso consiga ter lucro na bilheteria.

Otto

Um rapaz que fez do hobby um trabalho. Sempre interessado em aprender e conhecer mais. Gamer desde criança e aficionado por Board games. Altas madrugadas jogando e trabalhando incansavelmente.