Crítica – Godzilla 2 – Rei dos Monstros

Visualmente espetacular, Godzilla 2 entrega ação de tirar o folêgo, intercalada por humanos entediantes e confusos

Após o primeiro filme, o mundo se recupera da destruição causada por Godzilla. A existência de monstros gigantes, conhecidos como Titãs, assusta a opinião popular. No meio disso, Jonah Alan (Charles Dance), um ecoterrorista com planos sinistros, rapta a Doutora Emma Russel (Vera Farmiga) e sua filha, Madison Russel (Millie Bobby Brown). Emma é a responsável pelo projeto ORCA, um dispositivo capaz de se comunicar com os Titãs. Alan planeja usar tal aparelho para libertar os Titãs e devolver o mundo para seus governadores legítimos.

Godzilla 2 se propõe a ser uma coisa: Um filme sobre a luta de um lagarto gigante, Godzilla, contra um dragão de três cabeças, Ghidorah, seu arqui-rival. Nesse sentido, a película alcança seu objetivo ao apresentar ao espectador lutas colossais. Os Titãs são gigantescos e não há como não se sentir uma criança brincando com seus bonecos novos ao ver duas criaturas de 40 metros soltando lasers e se chocando contra prédios. É uma pena, entretanto, que Godzilla 2 passe tanto tempo com seu núcleo humano.

Composto por atores extremamente talentosos, o filme nunca permite que o núcleo brilhe. A história é burocrática e os personagens sem graças. No meio de tudo isso, é Millie Bobby Brown quem consegue roubar a cena com seu carisma. Entretanto, a atuação da garota não é o bastante para manter o espectador interessado nas longas duas horas de filme.

Não bastasse os personagens planos, a motivação deles é extremamente confusa. Em determinado momentos, Godzilla e os titãs são seres benevolentes, animais que apenas seguem sua natureza. Em outros, os personagens os definem como monstros erráticos e perigosos. O grande problema é que essas opiniões saltam de boca em boca de personagem, jamais se preocupando em estabelecer quem acredita no que. O filme parece usar as opiniões dos protagonistas de maneira com que a trama ande para frente, sem nunca se preocupar com a coerência de pensamento de cada personagem.

Os humanos tem opiniões fortes sobre os Titãs, que mudam conforme o filme progride. Entretanto, essa evolução de pensamento é errática, rápida e inconstante. Adicione isso a personagens que pouco tem a acrescentar e um núcleo familiar que não comove e o filme se torna entediante em pouco tempo. Ao dedicar tanto tempo aos personagens humanos, sem nunca lhes dar profundidade necessária, Godzilla comete um grandioso erro. Tão grandioso quanto suas colossais lutas, essas sim, extremamente divertidas. E por mais entediante que seja, no final das contas, ver um lagarto gigante destruir uma cidade ainda é extremamente divertido.

Daniel Vila Nova

Fã de literatura, vai de Machado de Assis a Turma da Mônica em uma única sentença. Jogador de RPG, tem todos os consoles da Sony mas jura que não é Sonysta. Adora filmes ruins.